Alguns dizem que uma boa pergunta traz parte da resposta. O desafio desta pergunta aqui é saber exatamente em que sentido ela está sendo feita.
Em sentido amplo, se a pergunta é pela origem do sofrimento, então por que ele existe?
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Se a pergunta inicial quer saber por que Deus, sendo Onipotente, não "resolve" o problema do mal e do sofrimento, então, a pergunta seria: por que continua existindo o sofrimento?
A resposta que encontramos é que não existe "um ser" chamado sofrimento, sobre o qual Deus possa mandar um raio e exterminá-lo. O que existe são pessoas que sofrem. No caso, Deus teria que acabar com elas para acabar com o sofrimento. Mas Deus, que é todo Amor, não "soluciona" os problemas assim.
Porém, essas duas abordagens ainda deixam o dissabor de não ter tocado em algo importante da pergunta inicial. Talvez uma formulação que ajude seja perguntar pelo sofrimento do justo. Assim, a pergunta manifesta o drama que enfrentamos: por que Deus, que tudo pode, permite o justo sofrer?
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A Revelação oferece em resposta um livro inteiro. O livro de Jó tenta responder à pergunta pelo sofrimento do justo. Ao chegar aos últimos capítulos (especialmente a partir do capítulo 38), o Senhor oferece a resposta. Ao avançar nos versículos, percebemos como o Senhor destaca a distância da criatura com o Criador:
"Onde estavas, quando lancei os fundamentos da Terra? Fala, se estiveres informado disso. Quem lhe deu as medidas, já que o sabes?" (Jó 38,4-5).
Na verdade, ao ler com atenção, a resposta é que não tem resposta. Mas, chegada a plenitude dos tempos (com a Encarnação do Senhor) o livro de Jó é completado. Ao ver Cristo na Cruz, podemos questionar, quem mais justo e mais sofredor do que Ele? Cristo, através da sua Páscoa, manifesta um novo sentido para o sofrimento, e assim completa a página de Jó.
A pergunta definitiva seria: o que faz o Deus Onipotente perante a realidade do sofrimento?
Nós, cristãos, sabemos a resposta: na Páscoa, o sofrimento que era consequência do pecado é agora, em Cristo, transfigurado, e torna-se causa de salvação. Com São Paulo, podemos dizer, "onde abundou o pecado (e suas consequências), superabundou a graça" (Rm 5,20).
Assim, ao participar da Páscoa de Cristo pelo Batismo, os nossos pecados e os nossos sofrimentos são também inseridos na ação salvífica de Deus.
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