O mês de junho é um tempo muito rico em temas e reflexões que permeiam o nosso caminho de cristãos. Um desses temas está relacionado à data que celebramos em 05 de junho, que é o Dia Mundial do Meio Ambiente.
Quando falamos nesse assunto, não há como não pensar em tudo o que a Igreja nos ensina, principalmente através do nosso Papa Francisco, em seu documento Laudato Sì, que enriquece muito nossa reflexão a respeito do cuidado com a Criação. Entretanto, também não há como pensar em preservação ambiental sem que, para isso, contemos com algo essencial que a humanidade, inspirada por Deus, produz ao longo de sua história: a ciência.
Recentemente, você acompanhou aqui no A12 a fundação da Sociedade Brasileira de Cientistas Católicos (SBCC), ocorrida do início de maio. Por isso, o Jovens de Maria foi atrás de uma jovem cientista e integrante da SBCC, Angelica da Silva Reis, que é engenheira química formada pela Universidade Federal de Uberlândia e muito atuante no Ministério Universidades Renovadas da RCC.
A entrevista com essa jovem inspiradora você confere abaixo. Chega mais!
Angelica - São João Paulo II diz que: "a fé e a razão constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade" e esse é o grande anseio do coração humano: a busca e conhecimento da verdade. Portanto acredito que compreender como se dá o diálogo entre a Fé e a Razão e, mais do que isto, perceber que não são coisas contrárias, mas que se completam, é de fundamental importância para permitir ao homem um crescimento e um amadurecimento, tanto na sua caminhada de fé, quanto na sua caminhada da razão, quer seja no meio acadêmico ou profissional.
Alcançamos horizontes muito mais distantes quando esse diálogo é tratado de forma autêntica. Assim, percebo que o grande desafio é a visão parcial que se tem da fé e da razão, onde um extremismo de ambos os lados leva a crer que o diálogo entre os mesmos proporcionará o enfraquecimento de um ou de outro. Então nos encontramos, muitas das vezes, diante de realidades que se fecham pelo receio de perderem a certeza e a 'sua razão' em prol de uma verdade maior.
Portanto, enquanto se achar que a razão enfraquece a fé, afasta a pessoa de Deus e, por outro lado, achar que levar a fé para iluminar a ciência tirará dela a sua força, tem-se o grande desafio de fazer com que as pessoas cheguem mais longe e voem mais alto.
JM - Você acredita na necessidade de evangelização nas Universidades, nos departamentos de pesquisas e no meio científico? Por que e como isso pode ser feito?Angelica - Com certeza, a evangelização no âmbito acadêmico é essencial! O motivo é o fato de que é nas universidades que novos conceitos são formados, ideologias são repensadas, e as pessoas que irão governar, construir, liderar a sociedade são frutos deste ambiente. E sabemos que a experiência religiosa está diretamente relacionada com a moral com a qual a pessoa irá conduzir sua vida. Diante do sonho que todos trazem de construir uma civilização mais justa, mais humana, mais solidária, onde haja maior respeito, é necessário que o local onde quem estará à frente dessa sociedade está sendo formado receba também essa formação humana e espiritual.
Sabemos que Jesus foi o nosso maior modelo de humanidade, que viveu do amor e para o amor. Portanto, acredito que a evangelização precisa ser efetiva nas universidades e em todo o meio acadêmico. Ela pode se dar de várias formas, como exemplo, aquilo que tem feito o Ministério Universidades Renovadas (MUR) que atua através de Grupos de Oração Universitária (GOU), realizando momentos de oração, pregação, oração do terço e também de mesas temáticas e encontros que envolvam a temática fé e razão, junto com um trabalho de acolhida e pastoreio dos professores e missões dentro das universidades, indo ao encontro de alunos, professores e pesquisadores, para ouvi-los e falar do amor de Deus.
:: Mês do Meio Ambiente: Vamos fazer a diferença?
Angelica - Na história da humanidade, vemos que a Igreja foi protagonista na criação das universidades. Acredito que, na nossa realidade, além de promover a ciência, dando um suporte pastoral para o cientista, no sentido de ampará-lo nos diversos desafios e momentos de desânimo que surgem durante a pesquisa, a Igreja vem sendo um oásis no qual os cientistas podem renovar suas forças. Acredito também que a Igreja promove a ciência quando apresenta diversificadas áreas nas quais o cientista pode atuar e se desenvolver.
O surgimento da Sociedade Brasileira de Cientistas Católicos (SBCC) mostra isso de forma evidente, na qual igreja e cientistas se unem com um mesmo objetivo - produzir ciência à luz da fé e guiado pelo humanismo solidário - percebendo-se, assim, nas diversas áreas de pesquisa, que é possível o desenvolvimento de projetos que promovam o cientista e o seu grupo de pesquisa, bem como toda uma comunidade que será beneficiada pelo desenvolvimento de tal projeto. Isso dá a oportunidade até mesmo de um protagonismo ao cientista nessa área de pesquisa, pela qual infelizmente muitos acabam não se interessando muito.
Angelica - Este foi um questionamento que me fiz ao longo de toda a minha graduação. Como eu, engenheira química, poderia produzir algo que contribuísse para a dignidade do ser humano, e mostrasse o Cristo ao mesmo? Fui descobrindo que, primeiramente, independente do que eu faça, o fazer com amor é uma forma de evangelizar através da minha pesquisa. Mas depois de participar do I Congresso Brasileiro de Humanismo Solidário na Ciência, no qual foi criada a Sociedade Brasileira de Cientistas Católicos (SBCC), a partir do que lá foi apresentado, pude observar que há diversas formas de desenvolver pesquisa que, de forma concreta, também seja instrumento de evangelização.
Um exemplo acontece quando ocorre a adaptação de tecnologias, com o intuito de promover uma maior aceitação dentro de uma comunidade carente. Como exemplo, a aplicação, em comunidades próximas ao litoral, de sistemas de produção de água potável através de água do mar. A partir desta minha experiência, vejo a importância da SBCC,pois, ao reunir os cientistas católicos do Brasil, um maior diálogo é promovido, além da troca de experiências que permite o aprendizado, desenvolvimento e produção de novas pesquisas que gerem a evangelização e o chamado de Deus para sermos o amor na sociedade.
JM - Fale um pouquinho da sua experiência e devoção a Nossa Senhora.Angelica - Falar de Maria é sempre muito caro a mim e motivo de muita gratidão e alegria. Eu nasci numa família católica e muito devota da Virgem Maria, de forma muito especial sob o título de Nossa Senhora Aparecida. Aprendi a amar Nossa Senhora desde nova, experimentei muitas vezes a proteção de Maria, me livrando de perigos e de acidentes graves. Hoje, sou consagrada a Virgem Maria e busco viver uma experiência real de mãe e filho e, para ela peço não só a intercessão mas também conselhos, instrução e tem sido um tempo maravilhoso sentir todo o seu cuidado e zelo para comigo.
Amo muito Nossa Senhora! Minha caminhada acadêmica passa pelas mãos de Maria pois, na época em que passei no vestibular, recebemos a visita da imagem de Nossa Senhora Desatadora dos Nós e me lembro bem que, naquela oportunidade, pedi muito à Virgem Maria que me ajudasse a passar na prova. E, pelas mãos de Maria, alcancei a graça da aprovação no vestibular e é por meio dela que tenho alcançado a minhas conquistas na academia. Pelas suas mãos, recebi o melhor presente deste tempo de graduação, que foi conhecer o Ministério Universidades Renovadas (MUR) e crescer dentro deste ministério.
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