O Vaticano divulgou nesta semana a versão oficial em português do documento conclusivo do Sínodo dos Jovens, que aconteceu em outubro deste ano em Roma. Dividido em três partes, com 12 capítulos e 60 páginas, o documento trata de forma detalhada a temática: "Os jovens, a fé e o discernimento vocacional".
Como fio condutor das reflexões está a passagem dos Discípulos de Emaús (Lc 24,13-35), que levou à conclusão de que é preciso caminhar junto dos jovens, evitando "respostas pré-concebidas e receitas prontas".
Destacamos alguns pontos interessantes abordados no documento, a seguir:
Música e Liturgia
O Sínodo se preocupou em pensar a arte, o esporte e a música. Sobre este último ponto, o documento destaca “ser recurso pastoral", que interpela também a uma renovação litúrgica, porque os jovens têm o desejo de uma "liturgia viva", autêntica, alegre, momento de encontro com Deus e com a comunidade.
Portanto, os jovens precisam ser ajudados a descobrir o valor da adoração eucarística e a compreender que "a liturgia não é puramente expressão de si mesma, mas ação de Cristo e da Igreja".
O desafio da vida digital
Se, por um lado, a internet permite o acesso à informação, por outro apresenta um lado obscuro, em que se encontram a manipulação, a violência, o cyberbullying, a pornografia. Daí o convite do Sínodo para habitar o mundo digital, promovendo o seu potencial comunicativo em vista do anúncio cristão e de impregnar de Evangelho as suas culturas e dinâmicas.
O documento aconselha ainda que sejam criados organismos para a cultura e a evangelização digital que, além de “favorecer a troca e a disseminação de boas práticas, possam gerenciar sistemas de certificação de sites católicos, para conter a disseminação de fake news sobre a Igreja", encorajando também a promoção de "políticas e instrumentos para a proteção dos menores na web".
Sexualidade
O Sínodo recorda às famílias e às comunidades cristãs da importância ajudar os jovens a descobrirem que a sexualidade é um dom. Muitas vezes, a moral sexual da Igreja é vista como "um espaço de juízo e condenação", enquanto os jovens buscam "uma palavra clara, humana e empática" e "expressam um explícito desejo de confronto sobre as questões relativas à diferença entre identidade masculina e feminina, à reciprocidade entre homens e mulheres, à homossexualidade".
"É preciso propor aos jovens uma antropologia da afetividade e da sexualidade capaz de dar o justo valor à castidade" para o crescimento da pessoa, “em todos os estados de vida". Nesse sentido, é pedido que se preste atenção à formação de agentes pastorais que sejam críveis e maduros do ponto de vista afetivo-sexual.
Homossexualidade
O Sínodo "reafirma a determinante relevância antropológica da diferença e reciprocidade homem-mulher e considera redutivo definir a identidade das pessoas com base unicamente na sua orientação sexual". Ao mesmo tempo, recomenda-se "favorecer" os "caminhos de acompanhamento na fé, já existentes em muitas comunidades cristãs", de "pessoas homossexuais".
Nestes caminhos, as pessoas são ajudadas a ler sua própria história; a aderir livremente e responsavelmente ao próprio chamado batismal; a reconhecer o desejo de pertencer e contribuir para a vida da comunidade; a discernir as melhores formas para que isso se realize.
Desta forma, se ajuda a cada jovem, nenhum excluído, a integrar cada vez mais a dimensão sexual na própria personalidade, crescendo na qualidade das relações e caminhando para o dom de si.
Chamado à santidade
"As diversidades vocacionais - conclui o Documento Final do Sínodo dos Jovens – inserem-se no único e universal chamado à santidade. Infelizmente o mundo está indignado com os abusos de algumas pessoas da Igreja, antes que animados pela santidade de seus membros”.
Por isso, a Igreja é chamada a "uma mudança de perspectiva": por meio da santidade de tantos jovens dispostos a renunciar à vida em meio a perseguições para permanecerem fiéis ao Evangelho, pode renovar seu ardor espiritual e seu vigor apostólico.
:: O que o documento do Sínodo fala sobre vocação?
:: Leia o documento na íntegra
Fonte: Vatican News
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