Uma percepção difundida em nossos dias é que a oração tem como finalidade atingir uma espécie de equilíbrio espiritual, tranquilidade interior, serenidade anímica.
Sem dúvida, pode ter esses efeitos, mas é importante perguntarmos pelo cerne da vida no Espírito.
O Catecismo nos ensina que "a oração é a relação viva dos filhos de Deus com o seu Pai infinitamente bom, com o seu Filho Jesus Cristo e com o Espírito Santo" (Catecismo da Igreja Católica, nº 2565, 2573 e 2592) . Assim, o aspecto relacional é importantíssimo para captar o que significa rezar para o cristão.
A experiência dos santos manifesta as profundezas às quais pode chegar tal percepção. Santa Teresa, falando de um tipo de oração, a descreve como "tratar de amizade – estando muitas vezes tratando a sós – com Quem sabemos que nos ama" (Santa Teresa, citado em Catecismo da Igreja Católica, nº 2709).
Considerando esse fundamento, a oração na vida do cristão pode tomar muitas formas, na medida em que se desenvolva como um relacionamento vivo com Deus. Uma dessas formas também pode ser a luta. Vejamos alguns testemunhos:
Ao pensar na oração como luta, uma imagem muito sugestiva é a luta de Jacó com um personagem misterioso (Gn 32, 23-33). "Ele luta durante uma noite inteira com 'alguém', um ser misterioso que se nega a revelar o seu nome, mas que o abençoa, antes de o deixar, ao raiar da aurora. A tradição espiritual da Igreja divisou nesta narrativa o símbolo da oração como combate da fé e vitória da perseverança". (*Catecismo da Igreja Católica, nos 2565, 2573 e 2592)
Uma outra imagem é a de Abraão. Na verdade, "a oração de Abraão e de Jacó apresenta-se como um combate da fé, confiante na fidelidade de Deus e na certeza da vitória prometida à perseverança" (Catecismo da Igreja Católica, nos 2565, 2573 e 2592). A fé de Abraão expressa a profundidade do relacionamento dele com Deus. Mas, para continuar aprofundando na oração como luta, olhemos para sua intercessão, buscando salvar o povo de Sodoma (Gn 18, 16-33).
Neste relato, vemos como a intercessão toma a forma de luta. Após propor ao Senhor preservar a cidade se achasse apenas 50 justos (Gn 18,23-25), continua insistindo: "Não leveis a mal, se ainda ouso falar ao meu Senhor, embora seja eu pó e cinza" (Gn 18,27), intercedendo até chegar a 10 justos, em razão dos quais o povo poderia ser preservado (Gn 18,29 -32).
Assim, a relação de Abraão com Deus, sua oração, se expressa aqui como luta, como insistência em favor de quem está longe de Deus.
Finalmente podemos olhar para Jesus, que, assumindo nossa natureza, também experimentou a oração como luta. A carta aos Hebreus faz uma descrição muito sucinta:
"Nos dias de sua vida mortal, dirigiu preces e súplicas, entre clamores e lágrimas, Àquele que o podia salvar da morte, e foi atendido pela sua piedade. Embora fosse Filho de Deus, aprendeu a obediência por meio dos sofrimentos que teve" (Heb 5,7-8).
Esta passagem bíblica fica expressa de forma narrativa na Agonia de Jesus no Getsêmani. Isto que Ele viveu especialmente na Paixão, ficou expresso também como convite à perseverança na oração (Lc 11,5-8; 18,1-8), a vigiar (Mt 26,41), e, em definitivo, a perseverar, pois "aquele que perseverar até o fim será salvo" (Mt 24,13).
Considerando isso tudo, vemos por que, muitas vezes, experimentamos a oração como uma luta.
O importante é jamais deixar de orar!
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