Depois de oito anos de pontificado, Joseph Ratzinger, Bento XVI, apresentou sua renúncia a toda a Igreja Católica. Na manhã do dia 11 de fevereiro de 2013, na presença de muitos dos seus amigos cardeais que o acompanharam nos últimos anos, em latim, leu a seguinte declaração:
“Bem consciente da gravidade deste ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro, que me foi confiado pela mão dos Cardeais em 19 de Abril de 2005, pelo que, a partir de 28 de Fevereiro de 2013, às 20 horas, a sede de Roma, a sede de São Pedro, ficará vacante e deverá ser convocado, por aqueles a quem tal compete, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice”.
A notícia foi dada durante a realização do consistório ordinário para a causa de três canonizações. No dia, o Decano do Colégio Cardinalício, Cardeal Angelo Sodano, considerou o ato de Bento XVI como “um trovão em céu sereno”.
A renúncia de um papa é prevista pela Igreja, mas o último a pedir o afastamento de sua posição foi Gregório XII no século XV. Entretanto, o ato de Bento XVI foi carregado de coragem. Aos 85 anos, renunciou por sentir que “suas forças” já não eram mais “idôneas para exercer adequadamente o ministério petrino”.
No Brasil, como em todo o mundo, a Igreja recebeu com surpresa a notícia da renúncia. Numa segunda-feira de carnaval, o fato mudou o tom dos noticiários brasileiros.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil destacou em nota que o papa renunciante entraria para a história como o “Papa do amor” e o “Papa do Deus Pequeno”, e assinalou que durante o curto período em que esteve à frente da Igreja, contribuiu para o diálogo entre as diversas religiões e para conduzir os fiéis ao encontro com Deus criador e Senhor da vida.
O Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer destacou em uma mensagem aos fiéis, dois dias depois da renúncia, os feitos de Bento XVI durante seu ministério:
“Ao papa Bento XVI, nossa admiração e nosso agradecimento, pelo bem que fez à Igreja, mesmo em meio a tantos sofrimentos e até incompreensões. Somos gratos ao papa Bento XVI por seus numerosos, ricos e profundos ensinamentos, pelas suas catequeses e documentos magisteriais, pelas suas encíclicas sobre a caridade, a esperança e a encíclica social - Caritas in Veritate -, sobre as novas questões que o mundo e a Igreja enfrentam”.
Em seus últimos compromissos, fez questão de frisar que não abandonava a Igreja, mas iria se recolher em oração, a exemplo do apóstolo Pedro.
A grande despedida de Bento XVI aconteceu na última audiência geral realizada na véspera de sua renúncia. Cerca de 150 mil fiéis lotaram a Praça de São Pedro para se despedir do papa alemão. Faixas e cartazes demonstravam o amor do povo ao fiel servidor de Cristo.
No dia 28 de fevereiro, último dia do pontificado, os fiéis católicos, bem como todo o mundo, acompanharam a sua saída do Vaticano até o Palácio de Castel Gandolfo. Um aceno e um agradecimento foram os seus últimos gestos.
“Sabeis que hoje é um dia diferente dos outros”, disse o papa. “Já não sou Sumo Pontífice da Igreja Católica. Sou simplesmente um peregrino que inicia a última etapa da sua peregrinação nesta terra. Obrigado.”, foram as últimas palavras de Bento XVI na sacada do palácio.
Às 20h00 do dia 28 de fevereiro de 2013, a Igreja Católica entrou em Sé Vacante, aguardando o Conclave que elegeria o seu futuro pontífice.
Foi nesse dia, início do tempo de Quaresma, momento em que toda Igreja se abria para a vivência da espiritualidade penitencial, recolhimento interior e a reflexão dos mistérios da vida e do sofrimento de Cristo, que Bento XVI apresentou sua renúncia.
Com dia e hora marcada, Bento XVI recolheu-se a uma vida de oração, para ficar cada vez mais próximo daquele que foi o centro de sua vida: Jesus Cristo.
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Joseph Ratzinger realizou 24 viagens internacionais. No total, as viagens pontifícias tiveram como destino prioritário a Europa (16), seguindo-se a América (3), o Médio Oriente (2), a África (2) e a Oceania (1); e mais 30 visitas em solo italiano.
Bento XVI assinou três encíclicas: ‘Deus caritas est’ (Deus é amor), ‘Spe salvi’ (Salvos na esperança) e ‘Caritas in Veritate’ (A caridade na verdade).
Também presidiu a três Jornadas Mundiais da Juventude (Colônia, Sidney e Madrid), e convocou cinco Sínodos dos Bispos, um Ano Paulino, um Ano Sacerdotal e um Ano da Fé.
Em 2012, Bento XVI encerrou a sua trilogia sobre ‘Jesus de Nazaré’ com um livro sobre a infância de Cristo, dois anos após a publicação do livro-entrevista 'Luz do Mundo', resultante de uma conversa com o jornalista alemão Peter Seewald.
No pontificado de Bento XVI foram canonizados 44 santos em 10 cerimônias, incluindo o primeiro santo brasileiro, santo Antônio de Sant´Anna Galvão, o frei Galvão.
Desde a sua renúncia, o Papa emérito tem mantido uma vida reservada no Mosteiro ‘Mater Eclesiae’, do Vaticano.
Fonte: Agências Rádio Vaticano, Ecclesia.
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