O Brasil registrou 63.880 mortes violentas intencionais em 2017. O número significa o mais triste recorde brasileiro. Os homicídios registraram acréscimo de 2,9% em relação a 2016. Ouça a reportagem de Priscila Barbosa:
Os dados fazem parte da 12ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, apresentado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Isso significa que 175 pessoas são mortas por dia no Brasil.
A pesquisadora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Roberta Astolfi, avaliou que a política de segurança não privilegia as mortes violentas, principalmente por conta da desigualdade social.
“Tem grupos sociais que vão sofrer de forma mais incisiva essas violências. São desproporcionalmente homens, pobres, negros, moradores de periferias. Não colocamos essa questão como central na política pública. Em segundo lugar, quando a política pública lida com a violência, ela tende a fazer a mesma política que fazia desde o século 20: aumentar a população carcerária, investir em policiamento extensivo sem ganho com a polícia investigativa, inteligência”.
A pesquisadora afirma que os dados incluem também um absoluto descontrole das armas que circulam pelo país. Uma vez que 95% das 119 mil armas apreendidas sequer são cadastradas no sistema da Polícia Federal.
“Estamos falando das armas ilegais. Precisamos de políticas para investigar e apreender armas de uma forma inteligente. Isso se pode fazer com investimento na polícia investigativa”, afirmou Roberta Astolfi.
Leia MaisDisque 100 aponta aumento da violência contra idososPapa Francisco lamenta violência desumana contra o povo afegãoO anuário também aponta que as mulheres continuam a viver sob risco de violência diária no país. Em 2017 a cada 10 minutos era registrado um estupro no Brasil, foram mais de 60 mil casos. O número total de mulheres assassinadas foi de mais de quatro mil e os registros de feminicídio saltaram de 21 para 1.113 casos.
“Precisamos analisar dois fenômenos: o feminicídio e o homicídio de mulheres. Poderíamos pensar que só aumentou a notificação dos feminicídio, mas o homicídio de mulheres também aumentou. O que temos visto em relação aos feminicídios é uma lenta adesão dos Estados a essa situação penal”.
O número de mortes violentas intencionais é calculado a partir dos registros de homicídios, latrocínios, lesões corporais seguidas de morte, homicídios de policiais e morte por intervenção policial.
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