Condenadas à mais absoluta invisibilidade, a realidade do descaso é o que marca uma história. No Brasil, as comunidades quilombolas só passaram a ser reconhecidas como sujeitos de direitos a partir da Constituição Federal de 1988. Isso significa que, a partir da Constituição, as necessidades dessas comunidades também devem fazer parte das políticas públicas brasileiras, mas o que se encontra e o que se vê é uma realidade de quem segue vivendo às margens da sociedade.
O único apoio vem da Igreja: o município de Cacimbas (PB) faz parte da diocese de Patos, que fica a pouco mais de 300 km de distância de João Pessoa, capital do Estado.
A Diocese de Patos é uma das cinco dioceses do Estado da Paraíba e a ação social que ela desenvolve tem mais tempo que a própria diocese: são seis décadas de trabalho. São 63 anos não só de existência, mas de convívio e luta junto ao povo. Seja no sertão ou em qualquer lugar desse país, ninguém pode passar por uma vida condenada à invisibilidade.
Ainda que sejam grandes as carências e muito maior a dívida social com as comunidades quilombolas, a história pode, sim, começar a ser reescrita.
Ouça relatos:
- Leandra Marques, líder da comunidade quilombola Chã do município de Cacimbas (PB)
- Thiago Martins, procurador da República
- Padre João Saturnino, presidente da Ação Social Diocesana de Patos (PB)
A barragem de Oiticica fica no município de Jucurutu (RN), a 260 km da capital, Natal. A barragem vai represar águas do rio Piranhas-Açu que, depois da transposição do São Francisco, deve ser definitiva.
E onde a falta d'água é uma realidade, falar em abastecimento permanente é falar da possibilidade de uma vida nova e a barragem de Oiticica é essa promessa de uma solução para seca do Seridó Potiguar. Hoje, o valor total da obra, que deveria ter sido entregue há dois anos, é de R$ 550 milhões e, sem terminar, o novo prazo ficou para o final de 2019.
O Ministério Público Federal a pedido do movimento dos atingidos pela barragem após a chuva, em 2018, fez uma perícia bem detalhada, que apontou graves falhas estruturais na construção das casas. Mas o povo segue lutando e resistindo, porque assim estão descobrindo a força que têm para transformar histórias.
Ouça relatos:
- Procópio Lucena, articulador estadual da Siapac - Serviço de Apoio aos Projetos Alternativos Comunitários da igreja do Rio Grande do Norte
- Dom Antônio Carlos Cruz Santos, bispo da diocese de Caicó (RN)
O Propac é um Programa de Promoção e Ação Comunitária da Ação Social Diocesana de Patos (PB), onde algumas das tecnologias sociais que a Igreja desenvolve junto ao povo incluem o programa "Cisternas nas Escolas".
A proposta do projeto é, justamente, possibilitar e levar acesso à água potável nas escolas rurais do semiárido. Para isso, é utilizada uma cisterna de 52 mil litros, que serve para fazer o armazenamento da água da chuva e, ao mesmo tempo, fortalecer a permanência do homem no campo e diminuir a baixa taxa de aprovação e o abandono dos estudos.
A tecnologia social, com a presença de uma cisterna na escola, significa que as portas estarão sempre abertas, como mais uma prova de que, ainda que os desafios da Igreja com a seca no semiárido sejam grandes, maior é a resistência e a transformação do povo.
Ouça relato:
- Genilda Herminio, merendeira em escola rural em Várzea (PB)
- Elinaldo Araújo, coordenador pedagógico da ação social diocesana
- Suzana de Medeiros, supervisora escolar
A falta d'água é uma realidade que ainda atinge milhares de pessoas no semiárido brasileiro, o que torna a água por aqui o elemento mais desejado. Negar o acesso à água potável é negar um direito humano essencial e onde existe a seca tem a fome.
No estado de Alagoas, no município de Palmeira dos Índios, a resposta não é diferente do que se encontra em Pernambuco.
E assim o homem vai sendo expulso do campo. As famílias tradicionais que sempre viveram na zona rural, sem opção, se veem obrigadas a ir em busca da sobrevivência.
Maior que o sofrimento é a fé e esperança de um dia ver as necessidades básicas das famílias atendidas. Que a sede e a fome um dia não sejam mais uma realidade e que os filhos experimentem o que todo ser humano por direito merece ter e viver: a dignidade.
Ouça o relato:
- dom José Sales, Bispo da diocese de Pesqueira (PE)
- Manoel dos Santos, faz parte da Cáritas Diocesana de Palmeira dos Índios (AL)
- Maria José, agricultora
Ao longo das últimas décadas, diversos conhecimentos, tecnologias sociais e inovações tem sido criadas e experimentados na ideia de que a seca é algo natural do sertão. O caminho não é de combate, é preciso pensar na convivência com semiárido.
Mobilização social é uma ferramenta importantíssima e isso encontra no estado de Pernambuco, no município de Buíque. Lá criou-se um projeto de sistemas de abastecimento e tratamento da água feito a partir de uma gestão comunitária, que atende 80 famílias, é o sistema comunitário de abastecimento e tratamento de água Aliança.
Toda a implementação do sistema foi feita pela própria comunidade que fica responsável por pagar agora uma conta social. A ideia é trabalhar com as comunidades o uso consciente da água e também para manter o sistema operando com água tratada e de qualidade na torneira.
Ouça o relato:
- Francisco Mário Gomes assessor técnico da Cáritas diocesana de Pesqueira
- Dona Cícera, moradora de Buíque (PE)
- Francimário Gomes, assessor técnico da Cáritas
- Dom José Luiz Sales, bispo da diocese de Pesqueira (PE)
🔊 Gostou desse podcast? Compartilhe com os amigos!
Na parte superior da página (logo abaixo do título) clique no botão do WhatsApp ou das demais redes sociais.
Boleto
Carregando ...
Reportar erro!
Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:
Carregando ...
Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site.