Contemple a Paixão de Cristo segundo os missionários redentoristas

Os missionários redentoristas Pe. Isac Lorena e Pe. Marcelo Araújo inspiraram-se na Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo para belos poemas.

Escute e medite cada um:

Hosana, por Pe. Isac Lorena

Era cedo, muito cedo, quando a aurora ao longe, atrás dos montes, mostrou os seus grandes lábios pintados de carmim
Foi subindo, e qual uma rosa vermelha, desdobrou suas pétalas enormes por sobre os horizontes sem fim
Num instante atirou por sobre a terra uma chuva das mais variadas cores o manto esplêndido de joias, ouro e luz
E veio sol atravessando as nuvens, apagando as estrelas, devassando o céu e derramando esplendores e luzes
Jerusalém, a cidade da Beleza, desperta cantando engalanada, oculta na riqueza do seu esplendor
Majestosa era a cidade rainha, que se banhava a luz do sol nascente, perfumada qual se foram uma flor,
Todo o povo alvoroçou-se na cidade para esperar o Mestre que já vinha em companhia dos seus dez apóstolos,
Todos falavam da sua santidade, dos seus esplêndidos milagres, da sua doçura inexcedível bondade
Era o Messias prometido, o Rei da Glória

Lágrimas, por Pe. Isac Lorena

Senhor, um dia estava numa casa conversando com os teus bons amigos que te ouviam com respeito e atenção
Eras o Mestre, tua doutrina deslumbrante a todos encantava e atrairá pela sua força, beleza e unção
Foi quando uma mulher, arrependida da sua triste vida pecadora, veio cair a teus pés desfeita em lágrimas como arrastada por uma força avassaladora
Desafiando os olhares dos presentes, aproximou-se de ti cheia de resolução e coragem, nada falou mas numa estranha linguagem de suspiros e de lágrimas nos pés com seu amargo frasco de essências e perfumes
Ninguém pode entender aquele quadro: aos olhos daqueles teus amigos, o perfume era uma prova de atenção e aquele pranto denunciava alguma dor, mas tu sabias que as lágrimas falavam de uma imensa e generosa gratidão e o perfume era o aroma de um amor
Senhor, eu também arrependido de a ver-te tantas vezes ofendido, venho prostrar-me agora junto a ti, nada tenho para oferecer-te senão o pranto com que desejo pagar os extravios da vida que vivi
Tenho nos olhos com frasco de perfume: é o perfume das lágrimas, do pranto tão precioso, recebei-o de tua vontade, mas até agora não apreciei bastante o valor desse tesouro que me destes e o mal, gastei em tanta veleidade
Senhor, ensina-me a estimar bastante o valor dessas gotas de perfume, as lágrimas que em teu amor me deste, que eu compreenda o valor desse tesouro e respeite a beleza, a santidade que em minhas lágrimas um dia puseste
Quantas lágrimas eu já não derramei sem a doçura da conformidade? Lágrimas de intensa e puro amor, mas essas lágrimas, tesouro inestimável, sepultei-as na areia fria do passado porque as não chorei por teu amor
Ó, que eu não gaste esse precioso perfume, mas que o conserve sempre cuidadosamente esperando o dia em que te saiba amar!
Deixe-me então quebrar o frasco de meus olhos e perfumar teus pés com minhas lágrimas, assim somente quero chorar!

A Traição, por Pe. Isac Lorena

Triste, pesada e misteriosa noite
No céu uma pálida, sem brilho, escondia-se de medo e no Jardim das Oliveiras derramavam se as trevas do alto das imagens agarrando-se aos troncos do arvoredo
Jesus ali estava, junto a uma árvore sombria, mudo rezava, ninguém o compreendia
Ele, a vida estava agonizando, as faces pálidas, frias, contraídas revelavam sua grande aflição e seus olhos que se enchiam de lágrimas pareciam divisar alguma coisa através da espessa escuridão
De repente iluminaram se as trevas com lanternas e tochas misteriosas, eram soldados e guardas que buscavam, em meio as Oliveiras silenciosas, o malfeitor que se disser o Cristo
A frente deles via Judas, o traidor, a quem um dia o Mestre escolhera como Apóstolo, como amigo
Jesus ergueu-se do abatimento e esperou serenamente os inimigos

Oração de Santo Afonso, por Pe. Isac Lorena

Quisera ser um cálice para guardar teu sangue
Quisera ser Sudário para enxugar teu suor
Quisera ser uma onda para apagar a sede que os lábios teus abrasa qual o Sol abrasador
Quisera ser uma andorinha errante para pousar no alto de tua cruz e um por um arrancar esses espinhos de tua fronte, ó Jesus
O altar sagrado onde repousa a Hóstia, a custódia de mágico esplendor quisera ser, ó fosse eu teu sacrário para guardar-te como uma chave de amor
Quisera ser uma de tantas flores que vivem juntos ao teu humilde trono
Quisera ser o Círio a desfazer-se em lágrimas por ver teu abandono
Jesus, perdoa esta alma enamorada, e se Jesus eu fosse e Afonso fosses tu para mostrar-te o amor que consome, de Jesus me faria Afonso para de Afonso fazer-te a ti, Jesus

Tempo de Ressurreição, por Pe. Marcelo Araújo

Noite escura de dor intransponível
No horizonte humano nada de novo
Violência, egoísmo, vazio,
Marcas de uma humanidade ferida sem Deus e vazia de si mesma
Para a Cruz e nela, seu Cristo, Cruz do sofrimento e do sem sentido
Cruz das Lágrimas e do desespero, morte
Um Deus morto? Será uma sina eterna esconder a misericórdia? Eliminar um amor? Abafar a esperança? Quando o sol volta a brilhar no horizonte?
Porque Deus nos ama, cremos na vida
Porque Deus nos ama, superamos a dor
Porque Deus nos ama. as trevas fazem-se luz
Porque Deus nos ama, a vida venceu
Porque Cristo venceu, é tempo de Ressurreição