Nesta última semana da Quaresma, começamos a contemplar a Semana das Dores de Nossa Senhora, na qual recordamos as dores e os sofrimentos de Maria ao ver o seu Filho sendo crucificado.
A partir das meditações de Santo Afonso Maria de Ligório, fundador da Congregação do Santíssimo Redentor, reflita as 7 dores de Nossa Senhora, escritas no livro "Glórias de Maria", como uma proposta de conversão.
Na primeira dor, Santo Afonso lembra que Deus usa de misericórdia conosco "ocultando" as "cruzes vindouras" na nossa vida, porque ele deseja que vivamos o sofrimento somente na hora e no momento certo. Com a Virgem Maria Ele não teve a mesma atitude. Maria foi destinada a ser a Rainha dos Mártires e em tudo semelhante a seu Filho.
Reze com Santo Afonso a oração para esta dor de Maria:
"Ó minha bendita Mãe, não só uma espada, porém tantas quantas foram os meus pecados, tenho eu acrescentado ao vosso coração. Não a vós, que sois inocente, minha Senhora, mas a mim, réu de tantos delitos, são devidas as penas. Já que, contudo, quisestes sofrer tanto por meu amor, impetrai-me pelos vossos merecimentos uma grande dor de minhas culpas, e a paciência necessária para sofrer os trabalhos desta vida. Por maiores que sejam, sempre serão leves em comparação dos castigos que tenho merecido, e de meus pecados, que me têm tornado tantas vezes digno do inferno. Amém."
2ª dor
Na segunda dor, Santo Afonso diz que Jesus e Maria passaram pelo mundo como fugitivos e eles trazem uma lição para nós: "Temos de viver na terra como peregrinos, sem apegos aos bens que o mundo nos oferece".
Reze com Santo Afonso a oração para esta dor de Maria:
"Ó Maria, nem depois de vosso Filho ter sido imolado pelos homens, que o perseguiram até à morte, cessaram esses ingratos de persegui-lo com seus pecados, e de afligir-vos, ó Mãe dolorosa? E eu mesmo, ó meu Deus, não tenho sido um desses ingratos? Ah! minha Mãe dulcíssima, impetrai-me lágrimas para chorar tanta ingratidão. E pelas muitas penas que sofrestes na viagem para o Egito, assisti-me com vosso auxílio na viagem que estou fazendo para a eternidade, a fim de que possa um dia ir amar convosco meu Salvador perseguido, na pátria dos bem-aventurados. Amém."
3ª dor
Uma das maiores dores de Maria foi esta: a perda de seu Filho no templo. Somente nesta dor é que ouvimos Maria queixar-se, diz Santo Afonso. "Filho, por que fizeste assim conosco? Olha que teu pai e eu te buscamos aflitos!" (Lc 2,48). Essas palavras, segundo Afonso, não indicam uma censura da parte de Nossa Senhora, mas revelam a intensa dor que experimentou na ausência do amado Filho.
Reze com Santo Afonso a oração para esta dor de Maria:
"Ó Virgem bendita, por que assim vos afligis, buscando o vosso Filho, como se não soubésseis onde ele está? Não vos recordais que está em vosso coração? Não sabeis que ele se compraz entre os lírios? Vós mesma o dissestes: “O meu amado é para mim e eu sou para ele, que se apascenta entre as açucenas” (Ct 2,16). Vossos pensamentos e afetos, tão humildes, tão puros, tão santos, são outros lírios que convidam o Divino Esposo a habitar em vós. Ah! Maria, vós suspirais por Jesus, vós que não amais senão a Jesus! Eu é que devo suspirar, eu e tantos pecadores que o não amamos, e o temos perdido por nossas ofensas. Minha Mãe amabilíssima, se por minha culpa vosso Filho ainda não tornou à minha alma, fazei que eu o ache de novo. Bem sei que ele se faz achar por quem o busca. Mas fazei que eu o procure como devo. Vós sois a porta pela qual se chega a Jesus, fazei que também eu chegue a ele por meio de vós. Amém."
4ª dor
Maria Santíssima chora ao ver chegar o momento da Paixão e ao notar que faltava pouco tempo para perder o seu Filho. Santo Afonso recorda que Maria não quer abandonar Jesus, embora ver sua morte seja uma dor incalculável.
Reze com Santo Afonso a oração para esta dor de Maria:
"Ó minha Mãe dolorosa! Pelo merecimento da dor que sentistes, vendo vosso amado Jesus conduzido à morte, impetrai-me a graça de também levar com paciência as cruzes que Deus me envia. Feliz serei, se souber acompanhar-vos com minha cruz até à morte. Vós e Jesus, que eram inocentes, carregaram uma cruz tão pesada, e eu, pecador, que tenho merecido o inferno, recusarei carregar a minha? Ah! Virgem Imaculada, de vós espero socorro para sofrer com paciência todas as cruzes. Amém."
5ª dor
Na quinta dor de Nossa Senhora, Santo Afonso nos indica que temos que contemplar um grande martírio. Uma mãe é condenada a ver morrer diante de seus olhos o seu Filho inocente.
Reze com Santo Afonso a oração para esta dor de Maria:
"Ó aflitíssima entre todas as mães, morreu, pois, vosso Filho tão amável e que tanto vos ama. Chorai, que bem razão tendes para chorar. Quem poderia vos consolar jamais? Só pode dar-vos algum alívio pensar que Jesus com sua morte venceu o inferno, abriu aos homens o paraíso, que lhes estava fechado, e fez a conquista de tantas almas. Do trono da cruz Ele reinará sobre tantos corações que, pelo amor vencidos, o servirão com amor. Dignai-vos, entretanto, ó minha Mãe, consentir que me conserve a vossos pés, chorando convosco, já que eu, pelos meus grandes pecados, tenho mais razão de chorar que vós. Ah! Mãe de Misericórdia, em primeiro lugar pela morte de meu Redentor, e depois pelo merecimento de vossas dores, espero o perdão e a salvação eterna. Amém."
6ª dor
Na sexta dor da pobre Mãe de Jesus, Santo Afonso convida a contemplar "com atenção e lágrimas de piedade". As dores que até agora, uma a uma iam golpeando Maria, vem todas de uma única vez. Santo Afonso indica, então, uma frase de São Boaventura, dita por Maria. "Se meu Filho quis que lhe fosse aberto o lado para dar-te seu coração, é justo que lhe dês também o teu".
Reze com Santo Afonso a oração para esta dor de Maria:
"Ó Virgem dolorosa, ó alma grande pelas virtudes e também pelas dores, pois que ambas nascem do grande incêndio do amor que tendes a Deus, o único objeto amado por vosso coração. Ah! minha Mãe, tende piedade de mim, que não tenho amado a Deus e tanto o tenho ofendido. Vossas dores me enchem de grande confiança, e me fazem esperar o perdão. Mas isso não me basta; quero amar a meu Senhor. E quem me pode alcançar essa graça melhor que vós, que sois a Mãe do belo amor? Ah! Maria, a todos consolastes; consolai também a mim. Amém."
7ª dor
A sétima e última dor que Santo Afonso medita é a que mostra o sofrimento de Maria ao ver-se obrigada a deixá-lo finalmente no sepulcro. Santo Afonso afirma ainda que Maria foi a primeira a adorar a cruz de Jesus.
Reze com Santo Afonso a oração para esta dor de Maria:
"Ó minha Mãe dolorosa, não vos quero deixar chorando sozinha. Quero acompanhar-vos com minhas lágrimas. Esta graça hoje vos peço: obtende-me uma contínua memória com uma terna devoção à Paixão de Jesus e à vossa, para que os dias que me restam de vida me não sirvam senão para chorar vossas dores, ó minha Mãe, e as de meu Redentor. Essas vossas dores, espero eu, na hora de minha morte, me hão de dar coragem, força e confiança para não desesperar à vista do muito que ofendi ao meu Senhor. E elas me hão de impetrar o perdão, a perseverança e o paraíso, onde espero depois alegrar-me convosco, e cantar as misericórdias infinitas de meu Deus, por toda a eternidade. Assim o espero, assim seja. Amém."
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