Padre Vítor Coelho de Almeida foi diretor da Rádio Aparecida de 1967 a 1969. Um fato curioso aconteceu em seu segundo ano como diretor e entrou para a história, pois a Rádio Aparecida foi tirada do ar por 24 horas.
O Regime Militar impôs a censura e o controle ao Meios de Comunicação. Os militares alegaram que um padre lera um discurso subversivo em programa. O "discurso subversivo", na verdade, era a Declaração dos Direitos Humanos e o programa era "Os Ponteiros Apontam para o Infinito".
Ouça sobre sua história:
Despertar da vocação
Nasceu em Sacramento (MG), em 22 de fevereiro de 1899, filho do professor Leão Coelho de Almeida e Maria Sebastiana Alves Moreira. Perdeu a mãe aos 7 anos de idade e foi criado primeiro pela avó materna, passando depois aos cuidados do tio, Cônego Vítor, no Rio de Janeiro, enquanto o pai percorria cidades e fazendas no ofício de professor primário. Cresceu sem disciplina, insubordinado.
Em 1911, entrou para o Colégio Santo Afonso, de Aparecida (SP), internado pelo tio que tentava dar-lhe uma chance de educação. Sincero, o menino declarou que não queria ser padre, mas o diretor o aceitou assim mesmo. Mais tarde, esteve a ponto de deixar o seminário. Mais uma vez foi inspirado o Pe. João Batista, o diretor que o conservou. Vítor apegou-se a Nossa Senhora Aparecida: “Atravessei por vezes fortes tentações contra a vocação. Nestas ocasiões, para não dar passo em falso, recorria a Nossa Senhora, punha em suas mãos minha vocação e tudo passava”.
Em 1917 foi para o Noviciado, em Perdões (SP). Professou dia 2 de agosto de 1918. Iniciou a Filosofia em Aparecida, mas em 1920 foi para Gars, na Baviera (Alemanha), onde completou os estudos filosóficos e dedicou-se à Teologia. Em 1921, a tuberculose instalou-se pela primeira vez em seus pulmões. Os estudos teológicos foram prejudicados pela doença. Assim mesmo, conseguiu terminá-los e, em 1923, foi ordenado sacerdote, celebrando a primeira missa, com muita festa e solenidade, em Forcheim, na região de Baviera.
De 1926 a 1930, encontramos o jovem Pe. Vítor como brilhante catequista em Araraquara. Já antes, desde sua chegada da Alemanha, ele desempenhara o mesmo ministério em Aparecida. De Araraquara foi para a Penha, em São Paulo. Fez o 2º Noviciado e foi para Goiás, onde foi missionário por 1 ano e meio, renovando os métodos de acordo com o aprendido com o Pe. Estêvão Maria, seu mestre.
Atividades como redentorista
De 1936 a 1940, viveu anos de intensa atividade missionária na Penha e em Araraquara. Ao mesmo tempo, desenvolvia o papel de animador vocacional, arrebanhando para o seminário dezenas de garotos e adolescentes. Quando estava no auge, zeloso e competente, reconhecido e famoso, líder dinâmico e admirado das Missões, a tuberculose, mais uma vez e agora com maior virulência, obrigou-o a interromper tudo e internar-se em Campos de Jordão.
De 1941 a abril de 1948 esteve internado no Sanatório Divina Providência. Apóstolo do sofrimento, foi ao mesmo tempo uma presença missionária entre as doentes. Já em pleno restabelecimento, em 1947, dedicou-se ao apostolado pela Rádio ZYL-6, de Campos de Jordão. Com a saúde recuperada, Pe. Vitor veio para a comunidade de Aparecida. Dedicou os restantes 39 anos de vida à pastoral pela Rádio Aparecida, junto aos romeiros e ocasionais saídas para diferentes cidades de vários Estados.
Servo de Deus: catequista carismático e homem de Nossa Senhora
Foi o criador da "Missãozinha dos Romeiros", com 2 ou 3 pregações e celebrações diárias na Basílica. Foi um pregador e catequista carismático, um homem de Deus e de Nossa Senhora Aparecida. Por alguns anos assumiu a direção da Rádio. O Clube dos Sócios foi por ele fundado. Um homem de fé, que viveu a fé, um homem de oração, um estudioso que procurou constantemente estar atualizado, um confrade que participou intensamente da vida comunitária, da oração, das reuniões, das recreações e dos passeios, uma presença integrada, com suas características muito próprias, trabalhou praticamente até o último dia de vida.
Faleceu de um edema pulmonar, na manhã do dia 21 de julho de 1987, lúcido e rezando enquanto era levado para o hospital. Já no carro dizia: “Vamos rezar, é hora de rezar”. Milhares de fiéis, religiosos, sacerdotes e bispos prestaram-lhe sua homenagem num velório, exéquias e sepultamento de homem venerado como santo.
O processo canônico de beatificação do Pe. Vítor Coelho de Almeida foi introduzido solenemente pela Arquidiocese de Aparecida na festa da Padroeira de 1998. Concluídos os trâmites na Arquidiocese, foi enviado para Roma.
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- Foto: Arquivo Provincial
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