A V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e Caribenho (CELAM), realizada em Aparecida (SP) no ano de 2007, foi certamente um dos grandes acontecimentos da Igreja na América Latina.
Com o tema “Discípulos e Missionários de Jesus Cristo, para que nossos povos Nele tenham Vida”, o evento, que aconteceu entre os dias 13 e 31 de maio de 2007, foi aberto pelo então Papa Bento XVI, no Santuário Nacional.
O Arcebispo emérito de Aparecida, Cardeal Raymundo Damasceno Assis explicou que o CELAM é um organismo de comunhão, reflexão, colaboração e serviço como sinal e instrumento de afeto colegial em perfeita comunhão com a Igreja universal e com o Papa. Foi criado no ano de 1955, em sua primeira conferência, no Rio de Janeiro.
A presença do Papa Bento XVI e seu discurso de abertura inspirou os trabalhos da V Conferência. Esta foi a primeira viagem intercontinental do Papa Bento XVI, que passou por São Paulo para a canonização de São Frei Galvão, primeiro santo brasileiro.
“Bento XVI foi um dos papas que permaneceu por mais tempo em Aparecida, ficando hospedado por três dias no Seminário Bom Jesus. Sempre que nos encontramos, o Papa emérito recorda com muita gratidão o acolhimento do povo brasileiro”, lembrou Dom Raymundo.
A ESCOLHA DE APARECIDA
Segundo Dom Damasceno, após a realização da Conferência de Santo Domingo, na República Dominicana, em outubro de 1992, a próxima conferência episcopal estava programada para Roma, em fevereiro de 2007.
Com a morte de João Paulo II, Bento XVI reconfirmou-a, já não para Roma, mas para Aparecida (SP). Foi a primeira vez que uma conferência do episcopado latino-americano se reuniu em um santuário mariano. E, de acordo com Dom Damasceno, isso teve um grande significado.
“Essa decisão foi do Papa Bento XVI. Pensava-se que a Conferência seria realizada em Roma e, por sugestão do presidente do CELAM, o Papa espontaneamente decidiu realizar a conferência no Brasil, além de realizar pessoalmente a abertura”.
De acordo com o Cardeal, a escolha pode ter sido inspirada por Aparecida sediar um dos santuários marianos de renome mundial e pelo reconhecimento da significação pastoral da Igreja no Brasil.
DOCUMENTO DE APARECIDA
O Documento de Aparecida, fruto da V Conferência, reafirma valores da Igreja como a opção pelos pobres, a centralidade da Bíblia, o protagonismo dos leigos como Discípulos e Missionários de Jesus sendo uma referência indispensável da Igreja atual.
:: Síntese popular do Documento de Aparecida, por Dom Orlando Brandes
O Arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes, eleito para ser o suplente na representação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) junto ao CELAM durante a 57ª Assembleia Geral, acredita que o Documento de Aparecida ainda conduz o Pontificado do Papa Francisco.
Dom Orlando, que participou da V Conferência como delegado dos bispos de Santa Catarina, destacou a importância do documento, cuja redação foi coordenada pelo então Arcebispo de Buenos Aires e presidente da Conferência Episcopal Argentina, Cardeal Jorge Mario Bergoglio, hoje Papa Francisco.
“Este é um documento que não envelheceu; pelo contrário, iluminou também as nossas Diretrizes para a Ação Evangelizadora da Igreja, durante a 57ª Assembleia da CNBB e inspira o Pontificado do Papa Francisco”, afirmou.
Para Dom Orlando, mesmo após 12 anos, o documento ainda produz frutos. “Queremos ser uma Igreja discípula, missionária e a serviço da vida”, concluiu.
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