Assembleia Geral CNBB

Bispos tratam sobre evangelização dos jovens, inteligência artificial e missão

Coletiva de imprensa desta segunda-feira (15), contou com a participação de, dom Vilson Basso, dom Maurício da Silva Jardim e dom Valdir José de Castro.

Escrito por Laís Silva

15 ABR 2024 - 13H02 (Atualizada em 15 ABR 2024 - 14H09)

Gustavo Cabral / A12

Nesta segunda-feira (15), os jornalistas se reuniram para a coletiva de imprensa deste quinto dia da 61ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil e receberam o bispo de Imperatriz–MA, dom Vilsom Basso, bispo de Rondonópolis-Guiratinga–MT, dom Maurício da Silva Jardim e bispo de Campo Limpo (SP), dom Valdir José de Castro.

Os assuntos tratados nesta manhã foram “Desafios e Luzes para a evangelização das juventudes”, projetos missionários e Igrejas Irmãs, além da Inteligência Artificial.

Desafios e Luzes para a evangelização das juventudes

Dom Vilsom Basso, bispo referencial para a Pastoral da Juventude, iniciou sua apresentação apresentando o sonho do Papa Francisco com o Sínodo de 2018, que fala que a Igreja deve investir tempo, energia e recursos financeiros na evangelização dos jovens. Leia MaisBispos iniciam a segunda semana da AG CNBB nesta segunda-feira Bispos do Brasil participam de retiro na 61ª Assembleia Geral da CNBB

“A Christus Vivit, que foi a exortação apostólica pós-sinodal, onde papa Francisco coloca meios para uma nova pastoral com os jovens, colocando a Boa Nova de que Deus ama os jovens, que o Cristo derramou seu sangue por eles e que Jesus vive e está sempre presente ao lado dos jovens”.

No último ano, jovens de todo o mundo participaram da Jornada Mundial da Juventude, que aconteceu em Lisboa, esse tipo de evento engaja os jovens de uma maneira muito forte, mas existem desafios para manter esse interesse após o término do evento.

“Os eventos ajudam, mas o fundamental é o dia a dia, os encontros semanais, a vida na comunidade. E nesse sentido, nós pensamos aqui maneiras de como a gente pode trabalhar o dia a dia nos grupos de jovens. Onde os jovens estão? Na catequese, liturgia, pastoral da comunicação, no trabalho social, na missão. Como fazer para que esse fogo não se apague? Fazer com que isso de fato reverbere, chegue a outros jovens. Jovem evangelizando jovem”.

Dom Vilsom contou em primeira mão, uma das alternativas encontradas pelos bispos, para chegar ao jovem.

Como grande desafio é de fato chegar na juventude, a Igreja tem uma bela notícia, a notícia de um Cristo Vivo, jovem, ressuscitado com tantas propostas e parece que não chegar lá, por quê? Então discutimos, criamos um grupo de trabalho chamado gamificação, estou dando em primeira mão para vocês; junto com a Universidade Católica de Brasileira, descobrir novas maneiras de conversar, de envolver, falar de Jesus, por que não através de um aplicativo, através um game?”.

Por fim, ele ainda falou da importância de chegar aos jovens e permanecer com eles.

“Um dos assuntos é esse, são esses milhares de jovens que chamamos de “desigrejados”, que não se congregam em uma igreja, em uma comunidade, como fazer chegar no coração deles essa boa, bela e libertadora noticia que é nosso senhor Jesus Cristo”.

Projetos missionários e Igrejas Irmãs

Dom Maurício, bispo de Rondonópolis-Guiratinga–MT, falou sobre a Igreja e a missão, explicando que a missão é o dia a dia, é a essência da Igreja, do cristão.

A missão é a natureza da Igreja, é a identidade, é aquilo que está no coração de toda a Igreja. A missão não se reduz a atividades, a algumas horas do dia, mas à missionariedade, que, inclusive nas novas diretrizes, ocupa um lugar muito central. Ela é compreendida como transversal. Papa Francisco diz que a missão é o paradigma de toda a Igreja”.

Ele ainda explicou sobre o Projeto Igrejas Irmãs, que há 52 anos realiza um trabalho verdadeiro de missão.

A maturidade da fé e a maturidade de uma Igreja é quando ela oferece ajuda a uma outra igreja. E aqui no Brasil nós temos o projeto Igrejas Irmãs, que foi criado em 1972, quando as igrejas do sul do Brasil começaram a ajudar as igrejas do norte. Então, há 52 anos que nós temos esse projeto de cooperação missionária; uma diocese ajuda outra diocese”.

E completou:

“Atualmente são mais de cem dioceses ajudando outras dioceses. São diferentes formas de cooperação missionária, ajuda material, envio de pessoas e também através da oração. E aqui nós estamos também discutindo uma atualização desse Projeto Igrejas Irmãs: nós queremos lançar um texto, um documento de estudos pela CNBB, discutindo o todo do projeto”.

Inteligência Artificial

Outro assunto que também foi tratado na Coletiva de Imprensa foi a Inteligência artificial. O tema foi abordado por Dom Valdir José, que explicou que o episcopado está refletindo esse tema, que não é propriamente novidade, mas tem se desenvolvido cada vez mais.

Devemos tudo isso ao papa Francisco, que tem incentivado a Igreja a entrar, refletir, pensar e agir pastoralmente, levando em consideração a inteligência artificial. Se os senhores se lembram, o tema para o Dia Mundial da Paz foi 'Inteligência artificial e paz', e o tema para o próximo Dia Mundial das Comunicações é 'Inteligência artificial e sabedoria do coração, para uma comunicação plenamente humana'”.

O bispo explicou que é necessário que a Igreja, como perita em humanidade, pense como ela pode orientar eticamente o uso das inteligências artificiais. Como utilizar as inteligências artificiais para o serviço da Igreja de evangelização?

“Vamos partir do positivo das inteligências artificiais. Como a Igreja pode utilizar esses meios e recursos para anunciar o Evangelho, para comunicar-se com a cultura de hoje”.

E finalizou, citando uma frase de papa Francisco sobre o assunto: “Corre-se o risco de ser rico em técnica e pobre em humanidade”.

“Então nós temos que humanizar a tecnologia. Não negar as tecnologias, mas como utilizá-las levando ao o coração humano e tornando a humanidade mais humana?”.

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