Brasil

A quantas anda a nossa educação?

Sempre é tempo para uma reflexão sobre os avanços e desafios no processo educacional

Padre Inácio Medeiros C.Ss.R.

Escrito por Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

22 OUT 2024 - 16H28 (Atualizada em 23 OUT 2024 - 11H16)

J.P. Junior Pereira/Shutterstock

No Brasil, a maneira como a importância dos profissionais ligados à educação é tratada no país faz a gente se perguntar: A quantas anda a educação em nossa cidade e estado? Quais são as suas conquistas e seus principais desafios?

Segundo o Censo Escolar de 2023, o Brasil conta hoje com 2,4 milhões de professores na educação básica (Fundamental e Ensino Médio). No ensino superior, o número de professores é de 316,7 mil profissionais. Mas, de acordo com o IBGE, o Brasil, até 2040, terá um déficit de até 235 mil professores na educação básica. Essa projeção é baseada nas taxas de crescimento de 2021 e na redução do número de alunos que concluíram o curso de licenciatura.

Esta projeção nos indica um primeiro questionamento: por que a profissão do professor/educador já não atrai mais como antes; o que fez com que ela perdesse o seu encanto junto às novas gerações?

Inspetoria São João Bosco
Inspetoria São João Bosco


O número de professores concursados nas redes estaduais de educação também está diminuindo. Em 2013, havia 505 mil docentes; em 2023, esse número caiu para 321 mil. Ao mesmo tempo, e por causa disso, tem aumentado a contratação de professores temporários.

Esta realidade numérica nos proporciona outro questionamento: será que o ambiente de nossas escolas, que já não conta mais com o respeito e a segurança de antes, tem impactado nesta mudança e provocado menos interesse?

Ainda segundo o Censo Escolar da Educação Básica de 2023, o Brasil possui 178,5 mil escolas, que atendem a 47,3 milhões de estudantes matriculados em todas as etapas educacionais. A rede municipal é a maior, com cerca de dois terços do total de escolas, seguida da rede privada. No mesmo período, foram registradas 76,7 mil creches em funcionamento no Brasil.

Outra questão nos leva a pensar na falta de investimento na infraestrutura escolar, variando de região para região do país, dependendo da localização, pois a realidade de um grande centro urbano é diversa do pequeno centro, variando também de região para região.

A diminuição significativa do número das escolas rurais, diante da redução do índice de crescimento populacional, é uma realidade que precisa ser levada em consideração. As prefeituras preferem buscar os poucos alunos que vivem na zona rural, trazendo-os para a cidade, do que manter escolas rurais.

A força da educação católica

Segundo a Associação Nacional de Educação Católica do Brasil, encontram-se espalhadas por todo o país cerca de 430 mantenedoras, 2 mil escolas e 130 instituições superiores voltadas para o ensino que reúnem 2,5 milhões de alunos e aproximadamente 100 mil professores e funcionários.

Ainda que as escolas e a categoria dos professores enfrentem problemas de toda ordem, o sistema educacional brasileiro tem conseguido cumprir a sua missão, pois o índice de analfabetismo tem recuado no Brasil, mas ainda assim existem 11,4 milhões de pessoas acima de 15 anos que não sabem ler o destino de um ônibus ou escrever um simples bilhete.

Nossa taxa de analfabetismo é de 7%. Este é o menor índice registrado desde 1940, quando mais da metade da população (56%) não era alfabetizada.

Entre o sonho e a realidade

Os professores e muitos profissionais da educação militam no campo da educação, mas entre a utopia e a prática existe uma diferença acentuada, porque os educadores ainda continuam enfrentando muitos desafios na arte de educar.

Listamos os principais desafios atuais da profissão e o que está avançando, mesmo que aos poucos e não uniformemente:

Desafios que preocupam: A violência dentro e fora da sala de aula e o ambiente estressante da maioria das escolas, que leva ao afastamento de muitos profissionais; desvalorização da carreira, social e financeiramente; formação que não prepara para as aulas e para os desafios da profissão; defasagem e indisciplina dos alunos (acentuadas depois da pandemia) e precariedade da infraestrutura das escolas, com a falta de materiais e de recursos mais modernos de educação.

Mas a profissão registra também avanços: A tecnologia colocada a serviço da educação e da sala de aula; mais compartilhamento de boas práticas; mais possibilidades de formação e especialização.

Muito já se fez, mas temos ainda um longo caminho pela frente para que a educação em nosso país se torne, de fato, uma prioridade.

Escrito por
Padre Inácio Medeiros C.Ss.R.
Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

Missionário redentorista graduado em História da Igreja pela Universidade Gregoriana de Roma, já trabalha nessa área há muitos anos, tendo lecionado em diversos institutos. Atuou na área de comunicação, sendo responsável pela comunicação institucional e missionária da antiga Província Redentorista de São Paulo, tendo sido também diretor da Rádio Aparecida.

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Por Redação A12, em Brasil

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