O brasileiro tem preconceito de cor. Embora ele ache que o preconceito de cor é ultrajante para quem o sofre e degradante para quem o pratica, ele não consegue deixar de ser preconceituoso. O brasileiro, mesmo diante do “ethos católico” (FERNANDES, 2007, p. 41), não consegue se libertar da “ordem tradicionalista, vinculada à escravidão e à dominação senhorial” (FERNANDES, 2007, p. 41).
Desde 1927 até os dias atuais, no Brasil, a análise axiológica sobre os negros em terras brasileiras tem sido, consideravelmente, ambígua. No Brasil, quando o assunto é o negro, o real se mistura com o ideal e vice-versa. O preconceito de cor, na maioria das vezes é regido por um farisaísmo consciente.
Leia MaisDemocracia Racial: Um conceito logicamente falaciosoQuando perguntamos aos brasileiros sobre o que eles acham do preconceito de cor, logo dizem que é um mal, algo degradante para quem o pratica. No entanto, não se libertam dos atos discriminatórios e preconceituosos.
É como se tivessem uma espécie de amnésia. Dizem uma coisa e fazem outra. A isso chamamos de “farisaísmo consciente” (FERNANDES, 2007, p. 41). No Brasil é “preconceito não ter preconceito” (FERNANDES, 2007, p. 41).
Infelizmente, no centro do palco continua atuando o “preconceito racial” (FERNANDES, 2007, p. 42). Esse, por sua vez, se manifesta e atua como o espantalho da lavoura. Seu objetivo, outro não é, senão, impor complexos nos negros. O indivíduo preconceituoso, bem como a sociedade preconceituosa “ignoram a natureza do drama real das populações negras e mestiças, o papel que a escravidão teve para criar esse drama, os deveres da fraternidade cristã e os imperativos de integração nacional numa sociedade de classe” (FERNANDES, 2007, p. 42).
O preconceito de cor é tão forte no Brasil, que qualquer manifestação vinda do lado dos negros é logo atacada. Os negros não têm o direito de se queixar de nada. Quando o negro reage a alguma agressão é visto como violento, desordeiro ou está querendo aparecer.
Infelizmente, vemos o passado se repetir no presente. A escravidão continua a todo o vapor nas regiões brasileiras. Só não vê quem não quer. No Brasil, não há um esforço sistemático e consciente para pôr um fim no preconceito de cor. A condição social do negro brasileiro é cada vez pior. A desigualdade racial no Brasil é vexatória e condenável. Ela é fruto, não podemos negar, de um mundo construído pelo branco e para o branco.
O “mito da democracia racial” (FERNANDES, 2007, p. 43) no Brasil vem sendo fomentado há muito tempo. Ele foi criado no Brasil colonial. E, desde então, não nos deixou mais. Não demorou muito e o mito da democracia racial nos fez criar e difundir “a imagem do negro de alma branca” (FERNANDES, 2007, p. 45). A população de cor, no passado, e agora no presente, tem um grande caminho a percorrer para poder “alcançar os resultados equivalentes aos dos homens brancos pobres, que se beneficiaram do desenvolvimento do país sob o regime do trabalho livre” (FRENANDES, 2007, p. 46).
Leia MaisA indefinição do 'status quo' do negro brasileiroO prestígio e o benefício do branco atentou e continua atentando, evidentemente, contra uma massa de mulheres e homens negros vistos como um amontoado de lixo não reciclável.
A população de cor, no passado viveu e no presente continua vivendo nas piores condições. A massa sobrante de negras e negros no Brasil está condenada ao subemprego sistemático e à desorganização social permanentes.
Alguns dizem: “O negro teve a oportunidade de ser livre; se não conseguiu igualar-se ao branco, o problema é dele e não do branco” (FERNANDES, 2007, p. 46). À luz do mito da democracia racial vemos a extrema atuação da indiferença e a falta de solidariedade de algumas autoridades brasileiras competentes quando o assunto é racismo, preconceito e discriminação social e racial na atual sociedade brasileira.
A democracia racial é um mito cruel. Ela, a democracia racial, é classista e excludente. Ela não colabora em nada com a população negra brasileira. Sem oportunidades e meios de integração justos, a população negra brasileira fica impedida de ascensão social.
Nesse contexto pergunto: Há, porventura, alguma perspectiva positiva, que possa garantir um futuro mais justo para a população negra brasileira?
FERNANDES, Florestan. O negro no mundo dos brancos / Florestan Fernandes; apresentação de Lilia Moritz Schwarcz. 2ª ed. revista – São Paulo: Global, 2007.
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