Não há nenhuma notícia mais chocante do que essa: a Fome no Brasil!
Em 1993, nos lembramos bem, Betinho mobilizou a sociedade brasileiro para a missão de tirar 32 milhões de pessoas da fome. Quantos comitês de cidadania contra a fome, a miséria e pela vida foram criados!
A sociedade brasileira aprendeu a se mobilizar, a economizar e a não jogar comida fora. Mas o tempo passou e a situação voltou a se complicar.
Agora, em 2022, o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, divulgado no dia 10 de junho, revelou que há 33 milhões de famintos no país. Mesmo quem planta não tem o que comer. Quem ganha um salário mínimo, não consegue comer. Lares com crianças menores de 10 anos também são os mais vulneráveis.
O índice, revela a pesquisa, subiu aos mesmos níveis registrados nos anos 1990. Ou seja, o Brasil andou para trás!
Leia MaisRepresentantes da CNBB participam de reunião da frente parlamentar de combate à fome A importância da caridade em tempos de fomePapa diz que a fome do mundo é um escândalo O levantamento aponta ainda que, em menos de um ano, 14 milhões de pessoas entraram em situação de vulnerabilidade alimentar. Isso significa que de cada 10 brasileiros, 06 convivem com algum grau de insegurança alimentar.
Insegurança alimentar é quando a pessoa ou a família não tem garantia se terá ou não comida pela frente, devendo ser essa a sua primeira luta no dia ou na semana seguinte: conseguir o que comer.
O segundo ano da pandemia, 2021, foi marcado pelo empobrecimento recorde dos brasileiros, após as políticas de transferência de renda para mitigar a crise causada pela covid-19 darem um alívio em 2020.
Com o enxugamento do Auxílio Emergencial e com a recuperação do mercado de trabalho marcada pela geração de empregos precários, a metade mais pobre da população sobreviveu com apenas R$ 415 mensais por pessoa em 2021. Isso não garantiu alimentação de qualidade e nem a satisfação de suas necessidades básicas.
Com a diminuição do Auxílio Emergencial - tanto no valor, quanto no número de pessoas beneficiadas - as perdas foram de todos, porém, foram mais dramáticas nas regiões Norte e Nordeste, onde a transferência de renda desempenhou um papel fundamental para a subsistência de grande parte da população na pandemia. A Região Sul registrou o maior rendimento domiciliar per capita médio.
Mas a questão não é apenas a diminuição da transferência de renda, pois o Brasil tem desigualdades históricas que nunca foram resolvidas completamente. Há desigualdade da população rural em relação à urbana, da mulher em relação ao homem e do negro em relação ao branco. Essas desigualdades se reproduzem na questão da fome. Ou seja, a fome tem cor, tem sexo, condição social e lugar de moradia.
Por outro lado, o desmantelamento das políticas públicas a partir de 2016 fez com que a situação da fome no país adquirisse uma feição muito mais dramática.
Para solucionar o problema, existem soluções concretas: É preciso voltar com a ação de cidadania contra a fome (E a Igreja já está fazendo isso), apoiando as ações e os comitês que agem contra a fome; não se pode jogar comida fora, pecado que brada aos céus e, especialmente e não se deve votar em candidatos que fecham os olhos para a triste realidade social de nosso Brasil com esse e outros grandes desafios.
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