Para começar, gosto das mulheres. Acho que elas são mais fortes, mais sensíveis e que têm mais bom senso que os homens.
Nem todas as mulheres do mundo são assim, mas digamos que é mais fácil encontrar qualidades humanas nelas do que no gênero masculino.
Todos os poderes políticos, econômicos, militares são assunto de homens.
Durante séculos, a mulher teve de pedir autorização ao seu marido ou ao seu pai para fazer fosse o que fosse.
Como é que pudemos viver assim tanto tempo condenando metade da humanidade à subordinação e à humilhação?
(José Saramago, in 'L'Orient le Jour' - 2007)
O Senado aprovou recentemente projeto de lei relatado pela senadora Nilda Gondin que institui em todo o país o “Agosto Lilás”, mês a ser dedicado à conscientização e educação pelo fim da violência contra a mulher. A proposta aprovada prevê que anualmente a União, os estados e municípios promovam ações de conscientização e esclarecimento sobre as diferentes formas de violência.
O projeto chama atenção para os altos índices de violência contra a população feminina, fazendo com que o Brasil ainda seja um dos países com os maiores índices de feminicídio e estupro do mundo. Dados divulgados mostram que, em 2021, a cada 7 horas, em média, uma mulher era vítima do feminicídio no Brasil. Os registros de estupro de mulheres e meninas chegaram a mais de 56 mil casos.
Mas, sabendo que uma boa parte dos casos não são denunciados, certamente este número pode ser bem maior!
Quando falamos em feminicídio, estamos nos referindo ao homicídio praticado contra a mulher em decorrência do simples fato de ser mulher. Isto também recebe o nome de misoginia entendida como aversão à mulher, a partir de uma visão sexista, que coloca a mulher na condição de inferioridade ou de subalternidade em relação ao homem.
A condição de inferioridade da mulher está diretamente relacionada com a violência de várias formas que é praticada contra a ela, levando ao menosprezo ou discriminação de gênero, fatores que também podem envolver violência sexual.
Na maioria das vezes, a agressão contra a mulher - física, verbal, moral ou intelectual - tem a raiz mais aparente na violência doméstica ou familiar.
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Como se constata nos registros que são feitos em delegacias especializadas, a maior parte dos crimes é praticada por homens que vivem ou viveram com a vítima, sendo namorados, parceiros sexuais ou maridos.
Além dos altos índices de feminicídio, existem ainda muitos casos de estupro e lesão corporal gerada por violência doméstica.
Diante de tantos dados de crimes cometidos contra as mulheres e do fato de o Brasil ocupar o quinto lugar no ranking de violência contra a mulher (ficando à frente até de países árabes, em que a Lei Islâmica é incorporada no sistema legal oficial), é necessário pensar a origem de tanta violência, porque a cultura patriarcal e machista ainda permeia a nossa sociedade.
Esse tipo de cultura, em que o homem pode tudo, somente será revertida com políticas públicas adequadas para a promoção da educação, da igualdade de gênero e a fiscalização.
Nossa legislação já foi bastante aperfeiçoada e hoje algumas leis como a Maria da Penha e a Lei do Feminicídio, que criminalizam e propõem punições específicas e mais severas para quem pratica crimes de violência contra as mulheres, representam um grande avanço, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido.
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