A tradição e desenvolvimento das festas juninas

O mês de junho é um tempo de festas em muitos lugares e cidades dentro e fora de nosso país. Escolas, clubes, comunidades, igrejas comemoram com os tradicionais “arraiás” e com as deliciosas comidas desta época, nada “calóricas”, as festas dedicadas aos chamados santos juninos e, às vezes, até julinos — Santo Antônio (13 de junho), São João Batista (24 de junho) e São Pedro (29 de junho).

Na antiguidade, estas festas começaram sendo chamadas de festas joaninas porque se referiam exclusivamente a São João Batista. Mais tarde foram acrescentados os outros santos do mês, passando então para as chamadas festas juninas, por se prolongarem ao longo do mês de junho, com todas as suas manifestações religiosas, folclóricas e culturais com os elementos que são relacionados com elas.

Origem fora da Igreja

O solstício de verão no hemisfério norte, acima, portanto, da linha do Equador, ocorre em 21 ou 22 de junho, quando se tem o dia mais comprido e a noite mais curta do ano. Os povos da antiguidade, incluindo as civilizações gregas, romanas, egípcias e celtas, comemoravam essa passagem do calendário com muitas festas celebradas ao redor do fogo, com muita bebida e comida. Neste ato se celebrava a fertilidade e também se rogava aos seus deuses para que eles trouxessem fartura nas próximas colheitas.

No hemisfério norte a natureza estava renascendo depois do rigoroso inverno, portanto, eram festas ligadas às colheitas com muita fartura, gratidão e comemoração.

Com a evangelização da Europa após a queda do Império romano (476), sobretudo, no tempo da Idade Média, os rituais pagãos foram sendo substituídos por festas cristãs, mas alguns elementos foram incorporados ao calendário cristão, ganhando um cunho religioso. Esta inculturação facilitava a catequese dos povos pagãos e também esvaziava suas antigas comemorações.

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Algumas celebrações cristãs possuem uma forte relação com a passagem de tempo, como no caso da Páscoa, que sempre ocorre no primeiro domingo de lua cheia após o equinócio da primavera no hemisfério norte; o nascimento de Jesus, celebrado no dia 25 de dezembro, logo após o solstício de inverno no hemisfério norte, o dia de São João, dia 24 de junho, logo após o solstício de verão no hemisfério norte, e a própria festa de Pentecostes, que é uma festa de primavera.

Essa correlação entre as festas do calendário cristão, celebração do dia de alguns santos e festivais pagãos, recriam até hoje e dão sentido para certas práticas culturais.

As festas juninas chegam ao Brasil

As festas juninas foram trazidas principalmente pelos portugueses no tempo do Brasil colonial; mas houve também a contribuição dos espanhóis, holandeses e franceses, o que daria origem a diversos tipos de celebrações nas diferentes regiões do país.

Entre nós as festas juninas foram ligadas com os rituais do solstício de inverno que também eram comemorados pelos povos aqui existentes com muita festa, e em festa boa não podem faltar a comida e a bebida.

Aos poucos, com a miscigenação étnica e cultural entre indígenas, africanos e europeus, faz brotar uma série de expressões artísticas, como cantorias, modas de viola, os cordéis e outros ritmos, onde vai se destacar, sobretudo, no nosso conhecido forró.

Elementos próprios para a evangelização

Com a chegada dos jesuítas, na época da colonização (1549), com sua preocupação evangelizadora dos povos originais as comemorações passam a ser utilizadas como recursos para a catequese não só dos povos originários como também dos moradores brancos da colônia.

Os jesuítas impulsionaram diversas celebrações religiosas, já que transmitiam a mensagem cristã de modo muito mais sensível do que as pregações doutrinárias mais abstratas ou teológicas. Nas celebrações juninas se agradecia a Deus pela abundância das colheitas e, ao mesmo tempo, se reforçava os vínculos familiares e sociais.

Pelo fato das festas juninas envolverem elementos da cultura indígena, como o convívio festivo em torno ao aconchego das fogueiras, elas se tornam um dos elementos mais simbólicos destas comemorações, fazendo referência à fogueira que anunciou o nascimento de João Batista, o precursor. As festas foram então se estendendo por todas as regiões, ganhando colorido local, se tornado um dos mais característicos elementos da cultura nacional.

As danças juninas onde se destaca a tradicional quadrilha que tem origem nos bailes franceses, agregadas com elementos rurais e ritmos populares como o xote, o baião e o forró, as comidas típicas onde se destacam as iguarias feitas à base de milho e vários elementos, mesmo com a urbanização acelerada de nosso país a partir dos anos de 1970 nunca perdem o seu idealismo e a sua motivação.

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