O roteiro da Independência do Brasil está na cabeça de boa parte dos estudantes e do povo brasileiro, de maneira geral. Sobretudo, o famoso “Grito do Ipiranga” que, como já vimos no primeiro artigo, não aconteceu exatamente como é descrito.
Os livros didáticos e também os sites e blogs de história reproduzem uma sequência de fatos acontecidos há mais ou menos dois séculos: a fuga da família real de Portugal para o Novo Mundo, em 1808; a elevação do Brasil à condição de Reino Unido a Portugal e Algarves, em 1815, e a tentativa de “recolonização” da América portuguesa pelos deputados reunidos nas chamadas Cortes de Lisboa.
No Brasil, já vinha acontecendo um desencantamento com Portugal por causa do tratamento recebido, o que no futuro fatalmente levaria ao rompimento definitivo. Esse foi sendo concretizado aos poucos, até chegar ao Grito de Independência, proclamado pelo príncipe Dom Pedro.
Na sequência da proclamação da independência, aconteceram lutas em várias províncias do Império, como na Bahia, por exemplo, pois as notícias levadas do Rio de Janeiro, sede da monarquia, custavam a chegar aos rincões desse nosso Brasil. E as províncias eram autônomas em relação ao poder do imperador.
A independência do Brasil foi reconhecida primeiramente pelos Estados Unidos e pelo México. Portugal só fez isso depois do pagamento de 2 milhões de libras esterlinas, dinheiro que Dom Pedro tomou emprestado da Inglaterra.
Se o rompimento político do Brasil com Portugal já era visível ao longo de 1821, sendo oficializado em 7 de setembro de 1822, a independência também se transformou num lento processo, que até hoje não está de todo realizado.
Vinda da Família Real para o Brasil apressa processo de independência
Em 2008, se celebrou os 200 anos da chegada da Família Real ao Rio de Janeiro. Os estudos realizados na ocasião contribuíram para redimensionar a imagem de fugitivos, ainda muito associada ao príncipe Dom João e seus familiares.
As pesquisas realizadas e os livros que foram editados demonstram que a decisão de transferir a corte para o Novo Mundo, tomada pelo Conselho de Estado na noite de 24 de novembro de 1807, não foi um ato impensado ou de puro desespero.
A decisão decorreu da percepção do esgotamento da tradicional política externa de neutralidade que a Coroa portuguesa tinha assumido ao longo dos séculos. A Revolução Francesa, a expansão napoleônica e a iminência de uma invasão eram fatos novos que colocaram em xeque essa neutralidade.
Isso não impediu, porém, que a partida fosse muito tumultuada, confusa e marcada pela desorganização, pois eram muitos navios e imensa a quantidade de bagagem a ser transportada. Com certeza, muitos fardos e caixas foram deixados para trás ou se extraviaram.
Aqui chegando, a Família Real de imediato começou a tomar medidas para adequar a cidade do Rio de Janeiro e o Brasil à nova realidade de ter agora um governo aqui estabelecido. Primeiro veio a abertura dos portos (1808) às “nações amigas”, depois a assinatura de acordos com a Grã-Bretanha (1810), obtendo novos mercados para os produtos brasileiros, aumentando a prosperidade econômica. Mais tarde, viria o decreto de elevação do Brasil à condição de Reino Unido a Portugal e Algarves (1815).
A presença da família real agitou a vida cultural carioca com novas formas de divertimento (música, teatro) e diversas novidades, como o estabelecimento da imprensa régia, a criação de instituições científicas como o Jardim Botânico e a Biblioteca Real. Também foram reproduzidos na capital fluminense os órgãos superiores de administração até então baseados em Lisboa, o que levou ao surgimento de uma burocracia estabelecida e com interesses próprios.
Leia MaisIndependência: O que nos faz realmente livres?Agitações aceleram o processo de independência
Ao voltar para Portugal, Dom João VI deixou aqui o seu filho Pedro como regente, mas logo começaram as agitações políticas. As cortes portuguesas, espécie de senado português, prosseguiam no intuito de rebaixar novamente o Brasil à situação de colônia.
Para diminuir a autoridade de Dom Pedro, tomaram diversas medidas: Primeiro veio a declaração da independência das províncias do Brasil, devendo elas se entenderem diretamente com Lisboa e não mais com o governo brasileiro. Depois, ordenaram que o príncipe voltasse a Portugal, a fim de aprimorar sua educação, porque ele deveria ser, no futuro, o substituto do pai, Dom João VI, quando esse morresse.
Como reação a esses desmandos das cortes portuguesas, aqui se formaram clubes de resistência que pretendiam buscar a libertação do Brasil.
Com a chegada de um decreto de Portugal exigindo a volta imediata de Dom Pedro, a situação ficou mais complicada, porque o povo brasileiro pedia a sua permanência no Brasil. Nesse contexto é que aconteceria o celebre “dia do Fico”, que também não foi igual ao que muitos livros narram. Era então o dia 09 de janeiro de 1822.
Meses depois, Dom Pedro saiu para visitar as províncias, deixando em seu lugar, no Rio de Janeiro, Dona Leopoldina, sua esposa. Ele passou pelo Vale do Paraíba e por São Paulo, seguindo para Santos, onde a família dos Andradas estava criando problemas com a junta governativa local. Enquanto isso, no Rio, os liberais se preparavam para tornar o Brasil independente de Portugal.
Estando Dom Pedro voltando de Santos, subindo a Serra do Mar e passando novamente por São Paulo, recebeu de um mensageiro o correio contendo o decreto da corte que exigia sua volta imediata. Recebeu também carta de Dona Leopoldina e de José Bonifácio, que acompanhavam o correio da corte. José Bonifácio mostrava ao príncipe que chegara a hora de decidir: Ou se submetia à corte, voltando para Portugal, ou rompia com a metrópole. Dona Leopoldina aconselhava-o a ouvir a experiência de José Bonifácio.
Dom Pedro (que estava bem mal por causa de uma diarreia intermitente) depois da leitura das cartas decidiu seguir José Bonifácio, rompendo os laços com Portugal, proclamando o Brasil para sempre separado de Portugal. Isto se deu no dia 07 de setembro de 1822.
Ouça o podcast com o Pe. Inácio Medeiros, C.Ss.R.
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