O filme “Conclave” estreou no fim de janeiro nos cinemas brasileiros e muitos — católicos e não católicos — já foram conferir a obra do diretor Edward Berger, que é um dos favoritos ao Oscar de Melhor Filme de 2025, além de contar com outras sete indicações.
Desde sua estreia, antes mesmo de chegar ao Brasil, católicos estão criticando a abordagem do filme que conta como é realizado um Conclave, que é o processo de eleição de um novo Papa. Os críticos reclamam da maneira como é tratada a escolha do sucessor de Pedro e como a Igreja Católica é representada no filme.
O enredo é cheio de suspense, segredos e jogos de poder, o que pode despertar curiosidade e levantar algumas dúvidas, especialmente entre os católicos. Afinal, o que disso tudo tem a ver com a realidade da Igreja? Podemos acreditar que é desta maneira que um novo papa é escolhido?
Primeiro, é importante lembrar que o filme Conclave é uma obra de ficção. Nenhum leigo participa do processo, e o que acontece lá dentro da assembleia não é divulgado, a não ser o resultado da escolha do novo pontífice. Então, como a obra seria um relato ou uma apresentação real daquilo que acontece, se nada é divulgado?
Para contextualizar quem ainda não entende muito bem o que é um “conclave”, podemos explicar da seguinte maneira:
A palavra Conclave vem do latim “cum clavis”, que significa “fechado com chave”. Portanto, é realmente uma cerimônia restrita. Os cardeais do mundo todo participam do processo de maneira isolada, dentro das dependências do Vaticano. Leia MaisConclave: como é feita a escolha de um novo Papa
Outro ponto que é importante ressaltar é que nenhum cardeal pode indicar seu próprio nome, e o escolhido deve ter mais de dois terços dos votos totais da assembleia. Por este motivo, a escolha pode levar vários dias.
Ainda existe um ponto a se destacar para a realização de um Conclave, e este é, na verdade, o mais importante de todos:
A eleição de um novo Papa não se inicia como uma corrida eleitoral como vemos em eleições para prefeitos, governadores e presidentes, mas sim como um ritual, onde todos, em oração, pedem para que o Espírito Santo guie e ilumine a escolha.
O que o filme mostra são conflitos, ambições e disputas de poder entre cardeais. Claro, a Igreja é feita de pessoas com suas falhas, mas o Conclave vai muito além disso: é um evento profundamente espiritual, onde o mais importante é buscar a vontade de Deus.
Por isso, ao assistir, é bom ter em mente que o filme não é um documentário.
Os cristãos católicos sabem que, dentro da organização da Igreja, existem sim, cargos, hierarquias, necessidades de discussões internas para direcionar ou resolver questões externas, entre outros pontos, mas tudo isso está dentro daquilo que julgamos necessário, já que nosso principal direcionamento é o Evangelho e o Espírito Santo que nos conduz.
Do ponto de vista artístico, “Conclave” tem seus méritos: ótimas atuações, uma fotografia bonita e um clima de suspense que prende a atenção. No entanto, ele também reforça certos estereótipos sobre a Igreja, mostrando-a como um lugar dominado por intrigas e interesses ocultos.
É verdade que, como dissemos, a Igreja é composta por seres humanos, com seus limites e desafios. Mas reduzi-la a um cenário de jogos de poder é ignorar sua missão mais profunda: anunciar o Evangelho e ser sinal do amor de Deus no mundo. O risco é que quem assiste sem um olhar crítico acabe acreditando que a Igreja funciona assim, o que não é verdade.
O filme tem sido muito bem avaliado em diversos aspectos, e não é à toa que ele está sendo indicado ao Oscar em oito categorias. Mas também existem aqueles que não gostaram da obra.
Além de católicos que manifestaram na internet suas opiniões, tivemos jornalistas internacionais que também discordaram do ponto de vista do filme.
Após o filme ser avaliado como “anticatólico” por jornalistas e por muitos católicos que já assistiram à obra, o roteirista Peter Straughan em coletiva de imprensa, defendeu o roteiro alegando que o filme é “regido pela fé”.
“Não acho que o filme seja anticatólico. Fui criado como católico. Eu era coroinha. Acho que a mensagem central do Conclave é sobre a Igreja sempre ter que reencontrar seu núcleo espiritual, porque ela lida muito com poder. Esse sempre foi um equilíbrio cuidadoso e difícil. Para mim, esse era um ideal católico muito central com o qual fui criado. Eu defendo isso”.
Apesar de todas as conversas, discussões e acusações, o filme segue na disputa pelo Oscar 2025 e ainda atinge um nível alto de aprovação da crítica no Rotten Tomatoes, um dos principais portais de crítica de cinema mundial.
Se você gosta de filmes que fazem pensar, Conclave pode ser interessante. Mas assista com o coração aberto e a mente crítica. Lembre-se de que, apesar de mostrar cardeais e o processo de escolha de um novo Papa, o filme é uma ficção. O verdadeiro processo de eleição do Papa é cheio de oração, silêncio e busca sincera pela vontade de Deus.
No fim das contas, o filme pode nos lembrar de algo importante:
A Igreja é santa porque é de Cristo, mas também é humana e pecadora porque é feita por nós. E, apesar das nossas fraquezas, é o Espírito Santo que a conduz, ontem, hoje e sempre.
Um dos personagens do filme, em determinado momento no meio da eleição, afirma:
“A dúvida nos faz humildes. A certeza nos faz perigosos.
Se tudo fosse certeza, não precisaríamos de fé”.
E se basearmos nosso olhar crítico nesta fala, quando formos assistir ao filme, não vamos ficar com dúvidas, questionamentos, ou até mesmo com raiva de algo, mas sim teremos a confiança de que a fé dos católicos de todo o mundo, incluindo a dos cardeais que participam da escolha do sucessor de Pedro, nos fortalece como Igreja e permite que o Espírito Santo guie a escolha de um nome que será o ideal para estar a frente da Igreja Católica no mundo naquele contexto da história.
Fonte: Colaboração: Luciana Gianesini
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