Comunicação

Congresso aborda Igreja, religião e a era digital

Especialistas discutem como a Igreja pode se adaptar à era digital e proteger a identidade religiosa

Escrito por Redação A12

19 AGO 2024 - 15H20 (Atualizada em 20 AGO 2024 - 12H58)

Vatican Media

Líderes religiosos e especialistas se reuniram na Faculdade Paulus de Comunicação (FAPCOM), em São Paulo, nos dias 15 e 16 de agosto, para discutir o impacto da Inteligência Artificial, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e a importância de fazer boas escolhas no ambiente digital. O evento, que contou com mais de 200 participantes, focou em como a Igreja pode melhorar sua comunicação e proteger os fiéis em um mundo cada vez mais conectado.

O congresso tem em vista incentivar reflexões sobre o tema a partir de diferentes pontos de vista, começando pela realidade da Igreja.

Nesse contexto, o bispo de Campo Limpo (SP) e presidente da Comissão para a Comunicação da CNBB, dom Valdir de Castro, refletiu sobre “Igreja e discernimento no ambiente digital, preservar identidade e transmitir valores”.

Partindo de uma referência histórica, ele começou lembrando a história da ligação entre a Igreja e a comunicação, ressaltando a importância das mensagens para o Dia Mundial das Comunicações desde o tempo de Paulo VI. Isso mostrou como a Igreja tem se preocupado com a comunicação e acompanhado as transformações ao longo do tempo.

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O bispo destacou que, quando a comunicação muda, nossas relações também mudam, enfatizando que a comunicação faz parte da cultura e que as interações pessoais precisam ter Jesus como referência. Falando sobre a importância de manter a identidade da Igreja, dom Valdir de Castro lembrou que a principal missão da Igreja é evangelizar e que fazemos isso como uma comunidade, não individualmente.

Ele também falou sobre a sinodalidade, explicando que ela nos ajuda a entender que o comportamento de um cristão é tão importante quanto sua fé. Por fim, ressaltou que, como cristãos, não estamos sozinhos na rede, mas agimos como parte de uma comunidade.

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Nos últimos anos, a proteção de dados ganhou muita importância no Brasil, sendo regulamentada pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). De acordo com João Fábio Azeredo, o objetivo é garantir a liberdade, a privacidade e o desenvolvimento pessoal das pessoas, protegendo-as para que seus dados não sejam usados prejudicialmente.

O advogado explicou a diferença entre dados pessoais e dados sensíveis, detalhando as situações em que a lei permite o uso desses dados e destacando pontos importantes sobre o assunto.

Abordando a Teologia da Comunicação, a diretora do Departamento Teológico-Pastoral do Dicastério para a Comunicação do Vaticano, Nataša Govekar, destacou a importância de se perguntar de onde vimos e para onde queremos chegar como comunicação.

Ela começou com a base trinitária do cristianismo, perguntando como Deus se comunica e como essa comunicação é eficaz. Ela afirmou que Deus cria por meio da Palavra, que se fez carne, e que a comunicação divina traz vida e cria união entre as pessoas, pois “não tem comunhão sem comunicação”.

Jesus comunicava com a palavra, com a vida, não de fora, mas de dentro, enfatizou Govekar, que ressaltou que ele é fermento de comunicação. A teóloga eslovena disse que “A comunicação cristã não pode estar dissociada da doação por amor”, refletindo sobre as atitudes dos católicos nas redes sociais, que muitas vezes tem atitudes contrárias a esse amor. Finalmente, ela explicou brevemente o que é o Projeto Pentecostes, que faz referência à participação nas redes sociais.

No congresso, também foi discutido o papel da comunicação institucional e o gerenciamento de crises. Lúcia Martins começou explicando o que é uma crise e quais são os sinais de alerta, destacando que muitas vezes as pessoas não reagem a tempo. Ela enfatizou a importância de levar as crises a sério, lembrando que a reputação pode afetar os negócios. Lúcia também falou sobre como enfrentar uma crise, o que dizer à mídia, e como planejar a mensagem certa, destacando os pontos fortes da empresa e reconhecendo os riscos e vulnerabilidades.

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O professor Luís Mauro Sá Martino discutiu a relação entre Mídia, Religião e Sociedade, olhando para a história e os desafios atuais. Ele destacou o desenvolvimento da mídia no Brasil nos últimos cem anos, começando com as primeiras experiências no rádio entre 1920 e 1950, quando o catolicismo era dominante.

Depois, mencionou a “era de ouro” do televangelismo na TV, de 1950 a 1990, período em que o pentecostalismo cresceu. A partir de 1990, começou a midiatização da religião, com o Brasil se tornando cada vez mais evangélico. Nesse contexto, ele falou sobre pastores que atuam somente online, sem ligação com uma igreja específica, e o uso de aplicativos para práticas religiosas.

Na midiatização atual, surgem questões como a busca por visibilidade pública e as estratégias políticas para alcançá-la, o aumento da presença na política e as disputas no campo da mídia. Também se discutiu o papel do entretenimento como um modelo religioso hoje em dia, com fenômenos como padres, cantores, pastores, celebridades e a atuação de líderes religiosos na internet. Esses líderes conseguem grande engajamento dos fiéis, chegando a milhões de seguidores, e muitas vezes oferecem discursos que agradam ao público, alinhados a um modelo econômico.

Atualmente, enfrentamos o desafio de atualizar nossa imagem, adaptar a mensagem, usar as linguagens digitais e lidar com as novas dinâmicas. Não devemos esquecer que a religião é uma experiência compartilhada. Precisamos resgatar nossa humanidade e nos conectar genuinamente, buscando uma comunicação que nos permita entender e sentir o que o outro vive, evitando a desumanização.

O congresso destacou como a Igreja deve se adaptar à era digital, atualizando sua comunicação e respeitando a proteção de dados, abordando a importância de manter a identidade religiosa e a necessidade de conexão genuína na comunidade, enfrentando os desafios e mudanças na mídia e na política. A discussão também enfatizou como resgatar a humanidade e a eficácia da comunicação cristã em um mundo cada vez mais digital.

Fonte: Vatican News

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