Comunicação

Muticom 2023: primeiro dia traz a sinodalidade como caminho para o encontro

Biógrafo do Papa Francisco realizou a palestra magna falando sobre o tema principal do evento

Escrito por Luciana Gianesini

13 JUL 2023 - 20H13 (Atualizada em 13 JUL 2023 - 20H49)

Um grande encontro acontece desde esta quinta-feira (13), em João Pessoa (PB). O Muticom 2023, o Mutirão de Comunicação Católica do Brasil teve início na tarde de hoje, trazendo momentos e reflexões importantes para quem faz a Comunicação na Igreja e para a Igreja.

Com o tema "Comunicar para a cultura do encontro", o evento conta com diversos veículos de inspiração católica do País, bem como agentes da Pastoral da Comunicação vindos de todas as regiões para esse intercâmbio tão necessário de conhecimentos acerca da evangelização.

Representada pela TV Aparecida, Rádios Aparecida e POP e também pelo Portal A12, a Rede Aparecida de Comunicação traz agora um resumo deste primeiro dia de Muticom:

Como você acompanhou aqui no A12, mais cedo aconteceu a reunião da Coordenação Nacional da Pastoral da Comunicação (PASCOM), cujos detalhes você pode conferir aqui.

Reprodução/ Muticom
Reprodução/ Muticom

Já no final da tarde, houve a aguardada palestra magna com Austen Ivereigh, jornalista católico do Reino Unido, autor, comentarista e biógrafo do Papa Francisco.

Tratando do tema geral do Muticom – Comunicar para a cultura do Encontro – Austen falou sobre a importância do caminho sinodal que a Igreja vem percorrendo, de forma que possa tornar crível a promessa de que ‘o amor e a verdade se encontrarão’ (cf. Sl 84).

“O documento do sínodo é resultado de uma escuta em nível global, resultante do desejo de que a Igreja seja melhor em seguir o exemplo de Cristo, de proclamar com coragem um testemunho autêntico, mas sempre inclusivo e acolhedor, destacou.

Os objetivos do ‘comunicador da cultura do encontro’

Austen elencou duas coisas que todo comunicador católico deve buscar sempre, em toda a sua atuação pastoral:

- Promover um processo que permita a escuta profunda, o diálogo e o discernimento, sustentando a missão de forma que possamos abrir-nos à ação do Espírito. É isso o que Francisco descreve como a via do pacificador (cf. Evangelli gaudium);

- Envolver-nos numa experiencia de kenosis, um esvaziamento de si mesmo, à maneira de Jesus. É uma grande tentação de uma pessoa que tem vocação para a comunicação, de ser a pessoa que pode resolver tudo. "E é especialmente difícil para aqueles que se consideram ‘evangelistas’ quando fazem isso. Humildade. Não se convence com argumentos, mas aprendendo a hospedar, acolher. A Igreja é a casa da hospitalidade", disse, citando uma frase do Papa Francisco:

“Evangelizar não significa ter argumentos maravilhosos,
mas saber acolher” 
(Papa Francisco na Casa de Santa Marta, 9 de setembro de 2016)

Alberto Andrade/ A12
Alberto Andrade/ A12

O que quer dizer este processo sinodal?

Austen explicou que, ao promover essas oportunidades de discernimento e escuta, estamos comunicando a verdade sobre quem é Deus e sobre o que é a Igreja. “Quando organizarmos esses processos, estamos mostrando o que Francisco diz: nossos irmãos são o prolongamento da encarnação para cada um de nós. Estamos combatendo a cultura do descarte com a cultura do encontro, pontuou.

“O Espírito exige que deixemos de lado nossos preconceitos, porque quando julgamos, aplicamos filtros, fechando-nos para o que os outros estão dizendo. Devemos falar com ousadia e ouvir com humildade, permitindo que aquilo que é de Deus ressoe em nós. Este é o ponto central da sinodalidade e da fraternidade”, completou.

A polarização na Igreja: um dos dramas do nosso tempo

Perguntado pela jornalista e editora de Conteúdo do Portal A12, Luciana Gianesini, sobre a polarização observada hoje dentro da própria Igreja, especialmente no Brasil e que, aparentemente, vem “construindo muros em vez de pontes” entre as pessoas, colocando em xeque até mesmo a própria figura do Pontífice, o biógrafo do Papa Francisco respondeu:

“A polarização na Igreja é um dos dramas do nosso tempo e pra mim, é surpreendente, como católico, encontrar a austeridade contra o Papa, que existe hoje, como se fosse normal. Porque estamos em uma cultura que reflete a polarização da própria sociedade. E normalmente é resultado da mesma polarização que se tem, por exemplo, entre liberais e conservadores na política e na cultura, que se reflete também na Igreja. É um sinal da mundanidade, porque uma Igreja polarizada é uma Igreja mundana, que reflete a sociedade e não o Espírito.

Por isso, é muito, muito importante que a Igreja aprenda a superar esta polarização. E também por isso, a recuperação da antiga sinodalidade, que está fazendo o Papa e que é tão importante para a Igreja, para que ela possa ensinar a humanidade como fazê-lo, na verdade. (...) Mas eu acho que, à medida em que vai avançando o Sínodo, as pessoas de boa vontade na Igreja estão vendo que se estão escutando as vozes, que ninguém está excluído, e é a forma de proceder do Espírito. Tenho muita esperança no processo sinodal, embora seja muito difícil, porque é a cultura na qual estamos vivendo”, refletiu.

Alberto Andrade/ A12
Alberto Andrade/ A12

Desafios futuros, à luz do Documento de Aparecida

Respondendo a mais perguntas dos participantes do Muticom, Austen comentou sobre os desafios que o Papa Francisco tem, a médio prazo, tendo em vista que ele tem pautado grandes temas globais, como reformas internas na Igreja, a evangelização na China, a paz, entre outros:

“A sinodalidade é fundamental, porque sem ela não haverá a conversão pastoral e missionária de que fala o Documento de Aparecida. É necessária a participação de todos. Esta mudança de época é vital, e permitir que a Igreja possa translocar-se de uma época pra outra é função do Sínodo”.

:: Confira abaixo a íntegra deste primeiro dia:

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Por Luciana Gianesini, em Comunicação

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