Diretrizes são orientações, guias, rumos. São linhas que definem e regulam um traçado ou um caminho a seguir. Ou seja, é um conjunto de instruções ou orientações estabelecidas para guiar a tomada de decisões em diferentes áreas.
Dom Jaime Spengler, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), lembrou aos presentes da 61ª Assembleia Geral, o tema central deste encontro, que é a elaboração das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, em sintonia com as novidades que o Sínodo sobre a Sinodalidade trará após a segunda sessão da assembleia no próximo mês de outubro, em Roma, e este processo será finalizado em 2025, com a apresentação do novo texto.
A Igreja não comunica a si mesma, mas o Evangelho, a Palavra e a presença transformadora de Jesus Cristo, na realidade em que se encontra. O Arcebispo de Porto Alegre (RS) disse que essas orientações deverão estar em sintonia com aquilo que a Igreja no mundo está refletindo, mas sem perder de vista e prestar atenção à realidade social, econômica, política do Brasil, e também eclesial.
Uma essencial ferramenta para este processo é a comunicação, fundamental na missão evangelizadora da Igreja Católica, pois assim, anunciamos o Reino de Deus e, pela força desse anúncio, vidas são transformadas, ajudando na construção de sociedades justas e solidárias.
O Diretório de Comunicação parte do princípio de que, na criação, “Deus revelou-se como autor e comunicador da vida”. Por isso, “a comunicação, em sua natureza e manifestação, é a expressão do amor de Deus” tornado visível em Jesus Cristo. Em sua vida terrena, Jesus se mostrou um incrível comunicador, falando sempre em linguagem simples, por meio de parábolas e se aproximando com atitude acolhedora “da mulher, da criança, do órfão, do pobre, do sofredor e do centurião”. Ele anunciava o Reino de Deus através de palavras e exemplos.
Dom Valdir José de Castro, presidente da Comissão Episcopal para a Comunicação da CNBB, falou ao A12 sobre a responsabilidade para nós, como Igreja, em sermos porta-vozes do Evangelho para mais pessoas nos tempos atuais.
“Nós sabemos que as diretrizes que estão nascendo, não são um documento sobre comunicação, mas a comunicação tem que estar presente. Inclusive, eu sei que no esboço já se fala da inteligência artificial. Talvez nós precisamos trabalhar um pouco mais a questão da comunicação.
A comunicação é uma pastoral transversal. Ela perpassa todas as pastorais. A comunicação não pode ser um setor separado, ela está aí para ajudar a criar comunhão, criar unidade na diversidade. A comunicação vai além do uso dos instrumentos tecnológicos, mas ajuda a criar essa unidade, essa comunhão. Então, penso que as diretrizes vão ter que tratar algo mais profundo sobre comunicação, no sentido de ajudar também internamente na Conferência, e depois nas Dioceses, a valorizar esse aspecto que é fundamental”.
Também presente na Assembleia Geral, Marcus Tullius, coordenador-geral da Pascom Brasil, nos disse a respeito do protagonismo da comunicação em evangelizar as atuais e as novas gerações.
“A comunicação é um processo importante na vida da Igreja e na constituição das pequenas comunidades. Este é um tema que está emergindo, a necessidade da gente recuperar e reforçar as pequenas comunidades na Igreja no Brasil. E a comunicação desempenha é um papel muito importante. Temas como a inteligência artificial, que inclusive foi tema de uma sessão aqui, são temas emergentes, mas eu destacaria também a necessidade da gente pensar também nos processos de midiatização como um todo.
As pessoas que nasceram depois de 2010, a conhecida Geração Alfa, já temos aí as crianças e os adolescentes que a vida deles já foi depois do surgimento do Facebook, já foi depois do surgimento de outras plataformas, e eles têm novas formas de relacionamento, novas formas de aprendizagem, novas formas de lidar com as pessoas, e claro, que isso impacta também nas suas formas de viver a religião. Pensar novas diretrizes nesse contexto de uma nova sociedade é dar essa atenção para o papel da comunicação nesses processos”.
Marcus ressalta de que foram podemos fortalecer a comunicação nesse processo de transição de gerações ao evangelizar e transmitir a fé católica.
“Não se trata de uma substituição de processos presenciais, reuniões, encontros, celebrações, mas de que forma que nós podemos nos servir desses avanços também para potencializar os nossos processos pastorais. Em 2024, o Papa Francisco já dedicou duas mensagens sobre o tema da inteligência artificial. É importante a gente frisar qual é o pensamento do Papa, o que nos garante continuar sendo verdadeiramente humanos. E pensar a inteligência artificial não só na sua utilização, num aplicativo que você utiliza, numa ferramenta para escrever um texto, para gerar uma imagem, uma potencialidade do seu smartphone, do seu relógio, mas o Papa preocupa-se com todo o processo, desde o desenvolvimento até a sua utilização, para que eles sejam éticos”.
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.:: Bispos tratam sobre evangelização dos jovens, inteligência artificial e missão
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