“Riquezas depressa acumuladas diminuem; quem as reúne pouco a pouco, as aumenta”. (Pr 13,11)

Leia MaisPode o católico namorar alguém de outra religião?Padre pode ter um tempo livre para se divertir?Sabemos que nos dias de hoje, até mesmo para sustentar nossa família, temos que cuidar do próprio orçamento, especialmente quando a tarefa envolve investimentos pessoais.

Seja para quitar dívidas, fazer aquela importante reserva emergencial ou mesmo guardar dinheiro ao final do mês, procuramos conhecer como podemos investir nosso dinheiro, para assim, como está na Palavra de Deus, que estes valores sejam capitalizados.

Um exemplo disso é a Bolsa de Valores, empresa onde se negociam ações de empresas de mercado aberto, títulos públicos e privados e outras dezenas de produtos financeiros, algo que ainda é tímido. De acordo com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitail (Anbima), 37% da população faz algum tipo de investimento.

E nós, católicos, no meio disso? Podemos investir?

A Igreja Católica é bem clara e objetiva em seus documentos que as atividades financeiras e empresariais devem ser reguladas, até certo ponto, pela autoridade política, para evitar o excesso de concentração de poder econômico e seus abusos.

De acordo com a Doutrina Social da Igreja, é urgente que as nações adotem “princípios éticos e para uma nova regulamentação da atividade financeira, neutralizando os aspectos predatórios e especulativos, e valorizando o serviço à economia real”, ou seja, distribuir melhor a grande quantidade de riqueza gerada.

Sobre a possibilidade de lucro no investimento de ações, o documento ressalta que é uma boa atividade, mas que o foco não seja apenas a especulação (colocação de dinheiro a curto prazo, em ações ou moedas, a fim de obter um ganho rápido com uma venda rápida no momento em que o mercado estiver forte).

“Este fenômeno, todavia, corre o risco hoje de acentuar também uma ideia ruim de financiamento da economia, fazendo sim que a riqueza virtual, concentrando-se sobretudo em transações caracterizadas pelo mero intento especulativo e em negociações de alta frequência, atraia a si excessivas quantidades de capitais, subtraindo-os em tal modo dos circuitos virtuosos da economia real”.

Em 2022, a Academia Pontifícia das Ciências Sociais do Vaticano publicou um documento chamado Mensuram Bonam (Boas Medidas) que oferece “concretas e específicas orientações éticas” para os profissionais que atuam dos mercados financeiros e na gestão empresarial.

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Um conjunto de princípios e critérios, bem como diretrizes práticas para aqueles que trabalham no mundo das finanças, instituições ou indivíduos que se esforçam por viver a sua fé de forma consistente, contribuindo para a promoção de um desenvolvimento inclusivo e integral das pessoas. 

Na prática, o documento destaca critérios da própria Doutrina Social da Igreja e nos orienta a seguir princípios como a dignidade da pessoa, os Direitos Humanos, o Bem Comum, a solidariedade, a justiça social, o cuidado da nossa casa comum, a inclusão dos mais vulneráveis e a ecologia integral.

O “Mensuram Bonam” lista 24 categorias que são consideradas preocupantes e até mesmo proibidas para os investidores católicos, como a violência, as armas (nucleares ou não), pena de morte, pornografia, entre outros como a violação aos povos indígenas e engenharia genética.

Para simplificar, é preciso ter uma coerência cristã ao iniciar algum tipo de investimento. A Igreja destaca que o valor aplicado não deve comprometer os gastos essenciais da sua família e nem muito menos aquilo que como batizados somos chamados a dar a Deus. Diante da ausência desse recurso, é preferível esperar o momento certo para dar o primeiro passo rumo à Bolsa de Valores.

Adotar outra cultura dos investimentos não é fácil. É preciso aprender e desaprender, mudar expectativas, e repensar cada uma das etapas do processo de investimento com atenção. Os investidores são convidados a um discernimento orante, enquanto analisam as opções e tomam decisões. É importante também descansar do trabalho e exercitar a serenidade, pois os mercados são sempre frenéticos e podem consumir nosso tempo.

“É importante que todos nós, especialmente os investidores, vivamos nesse nexo de relações: atuar, falar e reunir-nos periodicamente para supervisionar, revisar e propor ajustes ao projeto compartilhado de desenvolvimento integral em todas as suas formas”, diz um trecho do documento do Vaticano.

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