Deus criou todas as coisas. Este é um dos primeiros artigos do Credo da nossa Fé: “Creio em Deus Pai, criador do Céu e da Terra”. E tudo que foi criado, nos ensina o Catecismo, foi criado para a Glória de Deus.
Leia MaisFesta de Nossa Senhora Rainha dos Anjos se torna patrimônio cultural imaterialNão que Deus precise daquilo que criou e que sua Glória precise, para crescer, da criação.
Não se trata disso. O que isto quer dizer é que todas as coisas criadas por Deus manifestam a sua infinita grandeza, sabedoria e santidade.
Agora bem, na oração do Pai-Nosso, nós nos dirigimos ao nosso Pai que está “nos Céus”. Por que usamos o plural neste caso? Acontece que tudo o que foi criado, no céu e na terra, não é UNO. A Criação, por não ser Deus, em Quem há uma unidade perfeita, tem partes.
Mas Deus não criou partes soltas ou desconexas. A multiplicidade da Criação recebeu de Deus uma ordem, uma organização, cuja beleza e harmonia são reflexo da perfeição UNA de Deus, que, em mistério incomensurável ao homem, é Uno e Trino.
Portanto, a teologia católica foi, com o passar dos anos, abrindo-se cada vez mais à Revelação Divina e refletindo acerca da Hierarquia celestial.
Trata-se das múltiplas partes do Céu, ordenadas segundo a vontade criadora de Deus, e cuja relação harmônica está chamada a dar testemunho de Deus mesmo, ou seja, dar glória a Deus.
E é um famoso autor cristão da antiguidade, chamado Pseudo-Dionísio Aeropagita, quem mais fama fez ao escrever sobre o tema da hierarquia celestial, a partir da revelação bíblica, tanto do Antigo como do Novo Testamento, para tentar entender e meditar sobre a bela ordem e relação entre os diferentes seres celestiais.
A partir de seus estudos bíblicos, e de sua reflexão filosófica, ele chegou a considerar a totalidade dos seres celestiais a partir de 9 nomes divididos em três ordens, cada ordem com três categorias de seres. Este grupo de seres também foi chamado de coro celestial, ou coro angélico, o coro dos anjos.
É importante notar que nenhum desses seres é material. São criados por Deus, não são Deus, e vivem a sua vida exercitando a finalidade para a qual eles foram criados: dar glória a Deus, em contemplação eterna.
O Catecismo, com efeito, ensina a existência de seres espirituais não-corpóreos, que a Sagrada Escritura chama com o nome habitual e genérico de anjos e que a Tradição atesta como reais e criados por Deus.
Pseudo-Dionísio considerou que a primeira tríade é daqueles que estão sempre ao lado de Deus e que vivem em uma união supremamente íntima com Deus, superior à dos outros seres desta hierarquia, e sem intermediários nessa relação com Deus.
Nesta primeira tríade se encontram os Serafins, cujo nome significa “aquele que está queimando”, queimando de íntima contemplação a Deus; os Querubins, que significam a plenitude do conhecimento divino; e os Tronos, que significam altura imensa, aquilo que está acima de toda deficiência terrena. Os seres desta ordem comunicam o que recebem de Deus às ordens seguintes.
Na segunda tríade, a da ordem intermediária, encontramos as Dominações, as Potências (ou Virtudes) e as Potestades. Pseudo-Dionísio os encontra citados por São Paulo em suas cartas, e os considera como seres que comunicam o que recebem da hierarquia superior aos seres inferiores. São os seres guardiões da ordem divina da Criação e transmitem o que recebem com força e potência reveladora.
Finalmente, na terceira ordem encontramos mais três tipos de anjos: Os Principados, os Arcanjos e os Anjos. Orientados aos seres superiores, e principalmente a Deus, estes seres sondam a verdade Divina, e sua responsabilidade é, entre outras, a de comunicar toda a grandeza de Deus, sua beleza e vontade, aos seres humanos.
Nesta hierarquia de beleza, ordem e bondade, encontramos a Glória Divina, sua Sabedoria eterna, que preparou tudo para aqueles que o amam e fez de sua obra um presente de amor aos seres humanos, para nossa felicidade eterna, algum dia, junto a Ele.
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