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Coisa incrível é a forma com que Deus se utiliza para conversar conosco. Nossa fé em um Deus Criador, e Pai de todas as criaturas, é também a fé em um Deus que jamais esteve distante, nas alturas, pois, desde sempre, caminhou entre seus filhos, revelando-lhes os caminhos do amor. No Jardim do Éden, Deus passeava com Adão e Eva, conversava pessoalmente com eles (Gn 3,8) e, mesmo depois de expulsá-los, em um ato de ira momentâneo, o Senhor os encaminhou para seus novos destinos, devidamente vestidos com roupa de pele de animal, que Ele mesmo parece ter confeccionado (Gn 3,21).

Ainda nos princípios, encontraremos Deus dialogando com Caim, a quem vai repreender pelo crime cometido contra seu irmão Abel (Gn 4,9); com Noé, a quem pediu que construísse a arca (Gn 6,11ss); e, finalmente, com o patriarca Abraão, a quem promete descendência numerosa como as estrelas do céu (Gn 12,1-3). Depois o Senhor começou a ficar um pouco mais tímido e, sabe-se lá o porquê, passou a “falar” com seu povo por meio de estratagemas bem interessantes, como naquela sarça ardente, onde conversa com Moisés (Êx 3,1-6), e por meio de profetas e profetisas, que tornaram canais da graça de Deus.

E há um modo pelo qual Deus gosta de falar com as pessoas para as quais ele tem algo importante a dizer: o Senhor gosta de dialogar com seu povo por meio de sonhos. São muitas as situações nas quais os sonhos revelaram os caminhos do Senhor para seu povo. Mas é preciso saber interpretá-los sempre iluminados pela Palavra do Senhor, dita enquanto estamos de olhos abertos. Serão criticados duramente os que, pretendendo ter sonhos com o Senhor, enganarem seu povo, distorcendo a Lei de Deus (Dt 13,1-4;Jr, 23,32). Nunca Deus irá usar sonhos para manipular seu povo, muito menos para pedir dele coisas contrárias à fé, reveladas nas Sagradas Escrituras. Por isso, Deus presenteia alguns de seus profetas com o dom da interpretação de sonhos, como José, no Egito (Gn 39-41), ou Daniel, que, na corte do rei Nabucodonosor na Babilônia, foi um intérprete dos sonhos pelas mãos de Deus (Dn 1,17).

Leia MaisNão tenho mais sonhosNa plenitude dos tempos, quando Deus resolveu falar pessoalmente com seu povo, por meio de seu filho Jesus Cristo, foi por meio de um sonho santo, em que orientou o coração duvidoso de José, noivo de Maria (Mt 1,20-21). De novo o Senhor falou em um sonho, sem usar símbolos ou imagens, verdadeiramente dialogando com o carpinteiro e convencendo-o, sem pressioná-lo, a assumir Maria como esposa e a cuidar dela e do menino, que havia sido gerado pela força do Espírito Santo.

O sonho de José foi redentor para si mesmo e para nós, que, nesse momento, entendemos que os planos de Deus sempre encontram caminhos para se realizarem. Mais tarde, no dia de Pentecostes, Pedro e os outros apóstolos, falando às multidões, retomaram a profecia de Joel e profetizaram o que por vezes esquecemos: Deus usa de muitos modos para falar conosco, inclusive os nossos sonhos (At 2,14-17; cf. Jl 2,28). Assim, antes de falar pelos sonhos, Deus fala antes pela Palavra e pelos acontecimentos da vida, mas, sendo Ele, também pode usar artifícios, como os sonhos, para dialogar conosco. É importante lembrar que todo sonho deve ser lido dentro dos critérios da Revelação Bíblica, senão podem ser apenas devaneios sem nenhuma inspiração espiritual. O que Deus fala pelos sonhos nunca pode estar em contradição com aquilo que falou pela boca de seu filho Jesus Cristo, Palavra encarnada no meio de nós!