Esta é uma pergunta muito complexa, cuja resposta depende do que exatamente se está perguntando, não é mesmo? Vamos tentar destrinchar este nosso título da melhor forma possível.
É bom que sejam condenados assassinos cruéis?
Se estamos falando da condenação em um juízo segundo a lei (justa diante de Deus, não apenas qualquer lei mundana) e de acordo com os devidos processos, não cabe dúvida de que é algo bom, ou que, pelo menos, é algo cuja razão de ser é boa.
Sim, é bom que quem cometeu atos cruéis receba a devida sanção após uma condenação, e assim se restabeleça o bem comum e se contribua à reparação da perda causada pelo ato.
A respeito da pergunta, se é bom que morra quem cometeu um assassinato cruel, precisamos considerar primeiro de que morte estamos falando: trata-se da morte como pena capital? Ou seja, a pena de morte após um devido processo, que hoje, como tal, existe em alguns países? A pergunta seria, portanto: é bom que um assassino cruel receba a pena capital?
Tradicionalmente, e inclusive pelo exemplo de santos, a Igreja considerou “...o recurso à pena de morte por parte da autoridade legítima, depois de um processo regular, como uma resposta adequada à gravidade de alguns delitos e um meio aceitável, ainda que extremo, para a tutela do bem comum.” (Catecismo da Igreja Católica, nº 2267). Isto porque não apenas o corpo, mas essencialmente a alma dos filhos de Deus é que deve ser mantida viva para a Vida Eterna, e a condenação à morte – com a possibilidade real de ir para o inferno – foi, muitas vezes, o último recurso para a conversão de assassinos, portanto, para a sua salvação eterna.
Neste mesmo item, porém, o Papa Francisco recentemente fez acrescentar que “... foram desenvolvidos sistemas de detenção mais eficazes, que garantem a indispensável defesa dos cidadãos..”; ora, levando-se em conta a gravíssima desordem moral do mundo atual, que afeta diretamente sociedades, governos e sistemas de leis, O Papa indica (ainda que não dogmaticamente), que não é cabível a pena de morte, certamente para evitar inevitáveis abusos na sua execução.
Leia MaisCatecismo: 4 pontos importantes sobre pena de mortePor que a Igreja Católica não aceita a pena de morte?Papa apela à abolição da pena de morte Consequentemente, podemos admitir que, comemorar o primeiro caso, a condenação de assassinos cruéis, segundo o devido processo, sob o princípio da legalidade, é justo e cabível. Já o segundo caso, a pena de morte, não é desejável, e a prudência indica evitá-la.
Ao católico deve alegrar, sim, a conversão dos irmãos pecadores, para que possam alcançar o Paraíso, mas não deve alegrar a mera vingança, nem o uso de leis injustas, ou o abuso das boas leis.
E se considerarmos a morte de um assassino sem o devido processo legal? Ou seja, podemos comemorar a morte de um suposto assassino (como determinar com certeza, sem um processo de investigação, provas e juízo?) mediante a conhecida justiça “com as próprias mãos”? Certamente que não.
E isso seja pela falta de processo legal, que visa garantir os direitos de todos, seja pelos motivos acima apresentados pelo Catecismo da Igreja Católica.
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