Na Igreja aqui do Brasil celebramos, no domingo (3), a Solenidade de Todos os Santos, ou seja, a comunhão de homens e mulheres que foram fiéis ao Evangelho, seguiram Cristo até a morte terrena e após a comprovação da Igreja da intercessão junto ao Senhor, receberam o título de santos e santas.
“O mais insignificante dos nossos atos, realizado na caridade, reverte em proveito de todos, numa solidariedade com todos os homens, viva ou defunta, que se funda na comunhão dos santos”. (Catecismo da Igreja Católica, n.º 946–959).
Por isso, a Igreja Católica possui uma divisão visível e outra invisível (humana e divina). O próprio Cristo fala de uma íntima comunhão entre Ele e os que O seguem. Jesus comunicou Seu Espírito sobre esses irmãos e os formou como Seu Corpo Místico.
Na realidade, a comunhão dos santos se expressa de duas formas: nas coisas santas e entre as pessoas santas. Em primeiro lugar, temos a comunhão na mesma fé, nos sacramentos, nos carismas e na caridade. São bens espirituais dos quais todos os que estão em comunhão com Jesus recebem. A comunhão dos santos na Igreja é entendida pela união de Cristo com a Igreja, pois ela é comunhão dos santos, sendo corpo do Senhor, sua cabeça.
Em relação à comunhão entre as pessoas é preciso entender que a Igreja tem três estados: Igreja triunfante ou celeste, a Igreja padecente e Igreja militante ou peregrina, que vamos abordar neste conteúdo.
Igreja Militante
Aqui na terra, estamos neste estado, pois a Igreja Militante se refere àquela que está no mundo, lugar de sua atuação. Deve-se lembrar que o próprio Cristo, na oração sacerdotal, intercedendo pelos discípulos disse: “Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal” (Jo 17, 15).
Chamamos de militante, pois lembramos da ideia de combate porque, ao exercer sua missão no presente mundo, a igreja não pode renunciar à luta, sendo portadora do Evangelho de Cristo e que não se deixa modelar pelos critérios estabelecidos por qualquer cultura.
“Não tomeis por modelo este mundo, mas transformai-vos, renovando vossa mente, para que possais discernir qual é a vontade de Deus: o que é bom, o que lhe agrada e é perfeito” (Rm 12,2)
O dever da Igreja é combater a injustiça e todas as estruturas que venham a oprimir o gênero humano. Esta Igreja está sempre a caminho, por isso também é chamada de peregrina e, nessa caminhada, enfrenta o deserto, lugar de tentação e provação da fé.
Santo Inácio de Loyola, mestre dos mais eloquentes da verdade da Igreja militante combativa dizia: “Considera a guerra que Cristo veio trazer do Céu à Terra”. As pessoas são formadas com a ideia de que Jesus Cristo veio trazer a paz.
Igreja Padecente
Composta por aqueles que já morreram e se encontram em uma situação que necessitam de purificação, o que chamamos de purgatório. Aqui no A12 você confere a respeito deste dogma de fé, uma oportunidade para nos purificarmos depois da morte e estar com Deus. A tradição da Igreja fala de um fogo purificador para aqueles que morreram com faltas, pecados leves.
“Aqueles que morrem na graça e na amizade de Deus, mas imperfeitamente purificados, estão certos da sua salvação eterna, todavia sofrem uma purificação após a morte, afim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do céu” (Catecismo da Igreja Católica, 1030)
O purgatório é esse processo doloroso, como todos os processos de ascensão e educação, no qual o homem, na morte, atualiza todas as suas possibilidades, se purifica (daí o termo “purgatório”) de todos os limites, fruto da própria história de pecado, de maus hábitos adquiridos ao longo da vida.
A Igreja Triunfante
Esta dimensão é habitada por aqueles nossos irmãos falecidos, que pela graça divina, e pelo modo que viveram e testemunharam a fé, já gozam das delícias celestiais, pois estão na presença de Deus, vendo-O como Ele é, contemplam e glorificam Sua majestade e intercedem por nós, incessantemente, tornando-se exemplos de vida para nós que ainda peregrinamos. Esta é a Igreja eterna, que irá “absorver” a Igreja militante e a padecente, no dia do Juízo Final.
No céu já habitam aqueles felizes e bem-aventurados que combateram o bom combate e não se desviaram da fé em Jesus Cristo. A Igreja triunfante é composta por esses nossos irmãos e irmãs que já fixaram morada seja no Céu, junto de Deus, na companhia da Virgem Maria, de São José e de todos os Anjos de Deus. Além de contribuir para a fé e a vida sobrenatural da Igreja militante na terra, faz com que os nossos rogos sejam apresentados a Jesus, o nosso supremo intercessor diante de Deus.
A Constituição Dogmática Lumen gentium, do Concílio Vaticano II, destaca que: “Todos, porém, comungamos, embora de modo e grau diversos, no mesmo amor de Deus e do próximo, e todos entoamos ao nosso Deus o mesmo hino de glória. Com efeito, todos os que são de Cristo e têm o seu Espírito, formam uma só Igreja e Nele estão unidos uns aos outros”.
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