Vivemos em um mundo saturado de ruídos. O barulho constante das cidades, o fluxo interminável de informações e as distrações tecnológicas nos cercam a todo momento. Essa agitação incessante não apenas ocupa nossos sentidos, mas também afeta profundamente nossa vida interior.
Em meio a essa tempestade de estímulos, o silêncio, ao invés de ser um refúgio, muitas vezes se torna algo desconfortável, algo que evitamos. No entanto, é precisamente nesse silêncio que encontramos o caminho para uma vida espiritual autêntica, pois é nele que nos encontramos verdadeiramente com Deus.
O silêncio é essencial para o diálogo com Deus. Somente quando calamos as vozes que nos distraem podemos ouvir a voz suave e firme do Senhor que fala ao nosso coração. O Papa Bento XVI nos recorda a importância do silêncio na oração, afirmando: Leia MaisSão Bernardo e o caminho da paz interiorA Realeza de Maria e a nossa vocação à santidade
“É no silêncio que encontramos Deus, que ouvimos a sua voz e que a nossa oração ganha profundidade. O silêncio é, por assim dizer, a 'atmosfera' da oração.”
Este silêncio não é apenas a ausência de ruído externo, mas um silêncio interior, um acalmar das preocupações e ansiedades que muitas vezes preenchem nossa mente e coração, confiando-as a Deus. Nesta 'atmosfera', como nos diz o Papa Bento, vamos construindo uma relação cada vez mais forte com Deus Pai.
Esta relação profunda e silenciosa com Deus é crucial para que possamos escutar o que Ele deseja de nós e, assim, realizar a Sua vontade. Como um Pai Amoroso, Deus deseja a nossa felicidade, e é por isso que devemos sempre nos perguntar se estamos verdadeiramente seguindo Seus caminhos. Esse questionamento e atenção às inspirações divinas devem estar presentes em nosso cotidiano, mas ganham uma importância ainda maior quando estamos diante de uma decisão vocacional.
Não há resposta vocacional sem uma profunda relação com Deus, pois a vocação não é meramente uma escolha pessoal, mas uma resposta a um chamado divino. Seja para o sacerdócio, a vida religiosa ou o matrimônio, a resposta deve ser dada àquele que é a origem e a fonte de toda vocação.
Um grande exemplo de escuta e resposta ao chamado de Deus é Maria, nossa Mãe Santíssima. No Evangelho, vemos que Maria guardava todas as coisas em seu coração e meditava sobre elas (cf. Lc 2,19). O Papa Francisco nos lembra: “Maria soube permanecer em silêncio, mas, ao mesmo tempo, aberta à Palavra de Deus. Ela soube escutar e discernir, e por isso foi capaz de dar uma resposta generosa ao Senhor.” Maria nos ensina que o verdadeiro discernimento vocacional nasce da escuta atenta e silenciosa da voz de Deus, seguida de uma resposta pronta e generosa.
A prática do silêncio e da oração é, então, indispensável para responder com generosidade ao que Deus nos pede. Que possamos, a exemplo de Maria, cultivar essa atitude de escuta atenta, para que nossas escolhas sejam sempre guiadas pelo desejo de cumprir a vontade divina, como nossa Querida Mãe nos ensina: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1, 38)
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