“Depois de assim falar, Jesus levantou os olhos ao céu e disse: “Pai, chegou a hora: glorificai vosso Filho, para que vosso Filho vos glorifique, pois lhe destes poder sobre toda a humanidade, para que ele dê a vida eterna a todos os que lhe destes. Esta é a vida eterna: que vos conheçam a vós, único Deus verdadeiro, e aquele que enviastes, Jesus Cristo. Eu vos glorifiquei na terra, levando a bom termo a obra que me destes para fazer. Agora, ó Pai, glorificai-me junto de vós com a glória que eu tinha junto de vós antes de existir o mundo” (Jo 17, 1-4)
Leia MaisJosé: o pai de Jesus e esposo de MariaTítulos de Jesus: O Filho do HomemPouco tempo antes de ser preso, crucificado e morto, Jesus fez a oração mais longa contida nas páginas da Bíblia: todo o capítulo 17 do Evangelho de São João, é composta basicamente por uma série de súplicas.
Jesus não se revela como um simples pedinte, que, numa atitude de indigência, se dirige a quem possui mais bens e mais poder. Jesus revela uma autossuficiência imprópria de um pedinte. A oração tem mais o caráter de um desabafo amoroso do que de uma prece.
A oração sacerdotal não tem a forma normal de um simples homem se dirigir a Deus; com efeito, que criatura jamais poderia suplicar a Deus com palavras como estas: “Todas as minhas coisas são tuas e todas as tuas coisas são minhas”? (Jo 17, 10). Assim, nesta oração se nota o reconhecimento de Sua majestade: “Tu, Pai, estás em Mim e Eu em Ti” (Jo 17,21). É uma oração própria de quem possui a plenitude da alegria e de quem é Um com o Pai, a ponto de Jesus aparecer como sendo a última referência de toda a unidade.
O teólogo belga Padre Ignace de la Potterie (1914-2003) orienta a respeito do amor filial ao Deus Pai e também dessa condição divina de ser uma das Pessoas da Santíssima Trindade que estão destacadas na Oração de Cristo.
“Todo o tom da longa oração sacerdotal é tão simples e confiado como grandioso e majestoso. Mostra a consciência bem clara de que Jesus é o Filho sem par como nenhum homem ou qualquer criatura o é. Por isso se dirige ao Pai como jamais algum homem se dirigiu, não só falando-Lhe de igual para igual, como acabámos de ver, mas chamando-O carinhosamente com um apelativo tão ousado como contrário à cultura em que se movia: Pai. Este tratamento, seis vezes repetido ao longo da oração sacerdotal, corresponde ao original aramaico abbá”.
Relação com o Pai-Nosso
“A oração da ‘Hora’ de Jesus, justamente chamada ‘oração sacerdotal’ recapitula toda a economia da criação e da salvação. É ela que inspira as grandes petições do Pai-Nosso”, é o que diz o Parágrafo 2758 do Catecismo da Igreja Católica.
E logo a seguir concretiza quatro pontos, indicando em nota os versículos da oração sacerdotal que correspondem às várias súplicas do Pai-nosso:
• a preocupação com o nome do Pai (vv. 6.11.12.26);
• a paixão pelo seu Reino (a glória) (vv. 1.5.10.22.23-26);
• o cumprimento da vontade do Pai, do seu desígnio de salvação (vv. 2.4.6.9.11.12.24);
• e a libertação do mal (vv. 15. 4).
Por quem Jesus orou?
Em uma das audiências gerais de quarta-feira em 2012, o Papa emérito Bento XVI abordou que esta oração é dividida em três partes.
Cristo orou por Si mesmo, uma plena disponibilidade a vontade do Pai. "Esta disponibilidade e este pedido constituem o primeiro ato do sacerdócio novo de Jesus que é um doar-se totalmente na cruz", enfatizou.
Antes de Sua Paixão, Jesus também rezou pelos discípulos que estiveram com Ele.
"Jesus diz ao Pai: 'Eles não são do mundo, também eu mandei-lhes ao mundo; por eles eu consagro a mim mesmo, para que sejam também eles consagrados na verdade'” (Jo 17, 16-19). O Santo Padre explica que consagrar é transferir uma pessoa ou coisa para a propriedade de Deus.
E na última parte da Oração Sacerdotal, Nosso Senhor aos seus discípulos de todos os tempos. "A unidade dos futuros discípulos, sendo em unidade com Jesus – que o Pai enviou pelo mundo – é também a fonte originária da eficácia das missões cristãs no mundo. Podemos dizer que na oração sacerdotal de Jesus se cumpre a instituição da Igreja. ”
Bento XVI disse que em força desta unidade, a Igreja pode caminhar no mundo sem ser do mundo e viver a missão que lhe foi confiada, para que o mundo creia no Filho e no Pai que a enviou.
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