“E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16, 15).
Com essa passagem, vemos como Jesus deixou nas mãos de seus discípulos a missão evangelizadora. Quando lemos o livro dos Atos dos Apóstolos, percebemos que esses primeiros seguidores de Jesus, a partir do acontecimento de Pentecostes, saem efetivamente pelo mundo conhecido a pregar essa Boa Nova que tinham encontrado.
Os anos foram passando e o Evangelho foi chegando a lugares cada vez mais distantes. Hoje sabemos que Ele está presente em grande parte do mundo e existem, certamente, pessoas que se veem chamadas a entregar suas vidas para ir aonde ele ainda não chegou. Mas somente essas pessoas são de verdade missioneiros? Eu e você podemos missionar?
Evidentemente que não. Para começar, para muitos de nós seria impossível chegar aos lugares nos quais Cristo ainda não foi anunciado. Ainda assim, o nosso chamado é o de ser missionários. Não é preciso muito esforço para ver que a vida cristã dos povos supostamente já evangelizados muitas vezes se esfria. Um exemplo muito claro é o que acontece em muitos lugares da Europa atualmente. Eles, que trouxeram a fé para o nosso continente por meio de valentes evangelizadores, se encontram agora necessitados de uma nova evangelização em muitos pontos.
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O Fato de que o Papa Francisco seja argentino nos mostra esse dinamismo de forma bem clara. Os nossos irmãos mais velhos na fé precisam do testemunho de uma Igreja mais jovem, que enfrente com um novo vigor os desafios dos tempos atuais.
"Quer dizer que, para ser missionário é preciso, então, ir para a Europa evangelizar?" Pode ser, mas a mesma realidade de um certo esfriamento vemos também nas nossas mesmas paróquias e comunidades. Ou seja, a missão também está do nosso lado e - porque não - em nós mesmos. Para ser um missionário é preciso, primeiramente, sermos nós mesmos evangelizados.
Podemos dizer que um apóstolo (evangelizador) está sempre em permanente conversão. Sem isso, a missão corre o risco de se tornar um anúncio vazio de ideias que se aprenderam, mas que não foram confrontadas com a vida, renovando-as sem perder o essencial.
Ainda somos um povo missionário? Podemos fazer a pergunta de modo ainda mais pessoal: "Eu ainda sou um missionário?" Se a resposta é não, quer dizer que, de alguma forma, a presença de Jesus no meu interior se esfriou. Deixou-se que o encontro pessoal com Deus já não fosse o centro da vida. Isso porque ser missionário não é outra coisa se não o fruto desse encontro verdadeiro, que nos faz ver toda a realidade desde o seu centro que é Cristo. Se essa não é a nossa experiência atual, perguntemo-nos o porquê. Talvez a resposta esteja em nossa vida de oração.
Em um livro sobre a Lectio Divina, o autor Guido Inocenso Gargano diz que o ponto de chegada da oração é a evangelização. E que isso é importante. A autêntica contemplação de Deus rompe a couraça de nosso duro coração e faz com que essa experiência que tivemos chegue aos demais, que também estão sedentos dela.
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