O sofrimento é uma experiência profundamente enraizada na realidade humana. Todos nós, em algum momento, somos confrontados com a dor — seja ela física, emocional ou espiritual. Como cristãos, somos chamados não apenas a enfrentar nossas próprias adversidades, mas também a acolher e acompanhar aqueles que sofrem ao nosso redor.
É nesse contexto que Maria, Nossa Senhora das Dores, surge como um testemunho vivo de esperança e perseverança. Nossa Santíssima Mãe, que acompanhou Seu Filho até o Calvário, soube suportar suas próprias dores com uma confiança inabalável nas promessas divinas.
Maria é a mulher da fé, Aquela que, apesar de sofrer profundamente, nunca perdeu a esperança. Sua vida foi marcada por dores imensas, desde a perseguição e fuga para o Egito até o momento mais doloroso de todos: a crucificação de Seu Filho.
O Evangelho nos revela que Maria estava aos pés da cruz (Jo 19,25), uma posição de imensa dor, mas também de imensa fé. Ela não fugiu do sofrimento; pelo contrário, o abraçou, confiando sempre em Deus. Seu silêncio e sua presença ao lado de Jesus demonstram que o simples ato de estar ao lado de quem sofre já é um grande ato de amor. Este é o exemplo que devemos seguir: aprender a estar presentes, oferecendo nossa companhia, nosso apoio silencioso e nossa oração para aqueles que enfrentam momentos de dor.
A devoção a Nossa Senhora das Dores remonta aos primeiros séculos da Igreja, quando os fiéis começaram a refletir sobre as sete dores de Maria: a profecia de Simeão, a fuga para o Egito, a perda de Jesus no Templo, o encontro com Ele a caminho do Calvário, a Crucificação, o recebimento do corpo de Jesus morto e o sepultamento de Cristo. Cada uma dessas dores reflete um aspecto da experiência humana com o sofrimento.
São João Paulo II, em sua carta apostólica Salvifici Doloris, escreve:
“Na mais sublime unidade com Cristo e pelo amor de Cristo, ela [Maria] aceitou e experimentou em si mesma o sofrimento” (n. 25).
O Papa Francisco, por sua vez, nos lembra que:
“Maria é a Mãe que, apesar da dor, permanece ao lado de seus filhos”. (Homilia em Nossa Senhora das Dores, 2013).
Quando somos chamados a acompanhar alguém em seu sofrimento, não precisamos ter todas as respostas. Às vezes, a maior necessidade de quem sofre é simplesmente saber que não está sozinho. Assim como Maria permaneceu ao lado de Jesus em Seu sofrimento, somos convidados a estar presentes na vida daqueles que sofrem.
Acolher o outro em sua dor exige paciência, compaixão e fé. É um desafio, pois a dor nos lembra de nossa fragilidade. No entanto, ao olhar para Nossa Senhora das Dores, vemos que o amor é mais forte que o sofrimento.
A experiência do sofrimento faz parte da nossa vida, mas não precisa ser enfrentada de forma solitária. Aprendamos com Maria, Nossa Senhora das Dores a estar ao lado daqueles que sofrem, oferecendo nossa presença, amor e fé. E, que inspirados por seu exemplo, tenhamos a confiança de que a vitória de Cristo sobre o mal e a morte é certa, e que a dor não terá a última palavra.
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