De ‘Hosanas’ a ‘Crucifica-o’: esta é liturgia que o Domingo de Ramos nos apresenta. Sofrimento e alegria se cruzam e nos mostram que, sentimentos de contradição vividos naquela época são bem atuais em nossa sociedade. Pois, constantemente somos homens e mulheres capazes de aplaudir e condenar, capazes de ajudar, mas também de lavar as mãos em momentos decisivos, capazes de sermos fiéis, mas também de traições e abandono.
Quantas pessoas crucificamos hoje com nossas palavras
Vemos que nos dias de hoje ninguém é crucificado literalmente, mas, quantas vezes crucificamos as pessoas com nossas palavras? Quantas vezes acusamos, levantamos falso testemunho, ofendemos, murmuramos e criticamos? Quantas crucificações fazemos com nossas palavras! Se naquela época eram os pregos que serviram para crucificar Jesus, hoje, é a nossa língua que serve para crucificar as pessoas. Pensemos em nossas atitudes, ao invés de crucificar as pessoas com as palavras, vamos mostrá-las o caminho da solução com palavras de esperança.
No calvário, as palavras de Jesus trouxeram esperança ao bom ladrão, que na última hora levou ele a dizer: “lembra-te de mim”, e Jesus mesmo sabendo que ele era um malfeitor, não o crucificou com as palavras, mas teve compaixão e responde a ele dizendo: “ainda hoje estarás comigo no paraíso”. Eis o prodígio daquele que não crucifica ninguém com as palavras, mas que mostra o caminho da salvação a um homem condenado a morte na primeira canonização da história.
Confiar plenamente em Deus
“Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?”, quantas vezes temos esse pensamento em momentos de dificuldade em nossa vida. Seja em um relacionamento que sonhávamos e não aconteceu, seja num emprego que queríamos, mas não conseguimos, seja em outras situações da vida em que desejamos algo, mas não alcançamos.
Percebamos uma coisa, a Semana Santa se inicia com Cristo se sentido abandonado por Deus e termina com ele vitorioso. Ele sofreu calúnias, foi flagelado, bofeteado, zombado, rejeitado, negado, traído, passou por tormentos e torturas que nós não suportaríamos, mas no fim saiu vencedor! Mas Jesus terminou vitorioso porque mesmo no momento mais difícil e agonizante da sua vida, ele confiou plenamente em Deus. Eis o segredo para terminarmos vitoriosos dos nossos sofrimentos: confiar plenamente em Deus!
Vendo a humanidade ferida, Cristo volta a dizer: “eles são sabem o que fazem”
Jesus passou horas dizendo estas palavras na Cruz. E além de pedir perdão por aqueles que o crucificaram e condenaram, ele justifica o motivo: “eles não sabem o que fazem”. Ou seja, Jesus não se opõe a nós, mas sim ao nosso pecado.
E hoje, na nossa atualidade, Jesus vendo: pessoas divididas pelas ideologias de direita e esquerda, homens e mulheres ignorantes de coração, jovens sendo privados de seus sonhos, crianças passando fome e desesperadas com a guerra, idosos abandonados, deixados para morrer sozinho, um mundo faminto por guerra, nações aprovando leis a favor da morte, cristãos hipócritas, que só o amam com os lábios, Ele volta a dizer “Pai, perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem”.
Vós sois o meu Deus
O verdadeiro rei veio nos mostrar que para chegar à glória é preciso passar pelo caminho da humilhação, Ele triunfa acolhendo as torturas e a morte. O verdadeiro rei não veio com insígnias luxuosas, mas despido de suas vestes. A realeza de sua coroa estava na dor que sentia enquanto os espinhos perfuravam sua cabeça. Vemos o rei dos reis reduzido a nada, Ele que nos ensinou tanto com suas palavras, agora nos ensina com o silêncio no trono da Cruz.
“Na verdade, este homem era o Filho de Deus!”, São Marcos concluiu o Evangelho de hoje com esta frase. A frase que um homem pagão disse ao se converter aos pés da Cruz. Que nesta semana santa possamos também nos deixar tocar pela graça de reconhecer que Jesus é verdadeiramente o Filho de Deus, que se estivermos com ele junto a cruz, participaremos também de sua ressurreição. Contemplemos o crucificado e digamos também nós: vós sois o meu Deus! Abençoada Semana Santa para todos!
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