Advento: o que ainda virá, está por vir. Não por meras expectativas. Serão realidades outras e, talvez, novas. Sementes com promessas de mais vida a germinar. Advento é esperança. A espera de quem aguarda, grávido, os amanhãs da vida qual aurora.
Advento na celebração litúrgica de nossa Fé comum, o que é? Fé eclesial.
"Ad-vento": suave brisa soprando alegria desde a Fonte: Deus veio, vem, virá. Em nós e no meio de nós. Em quem O acolhe, a presença de Seu Espírito se torna a estrela-guia, apontando em meio a atrocidades, onde Ele está. Felizes somos: o Povo da Nova Aliança. Ele está numa manjedoura: divina criança. Deus nasce neste nosso mundo.
É vivificante rememorar de quantos “Vs” se compõe o Advento de nossa fé celebrada. A Divina Criança, nascida de mulher, Mãe Maria de Nazaré, é esperada com 4 “V's”:
- As coisas que com ela Virão.
- A necessária Vigilância.
- A certeza da Vitória.
- A chama de 4 Velas.
O Advento em nossa Liturgia é simbolizado em uma Coroa, verde de esperança, matizada com laços vermelhos, chamas de amor. “Coroa” na forma circular, circuito de luzes nas quatro semanas de duração: Velas. Chamas de Vigilância, Vitória, Vida.
O Advento de 2022 acontece em meio a corações fragmentados. Vidas atormentadas pelo peso de incertezas sociopolíticas. Em meio a sensações de medos e ameaças. Este Advento precisa recordar-nos um dizer de Santo Afonso Maria de Ligório: "O coração humano é o paraíso de Deus". Este Advento pede que seja assim. Clamemos: AMÉM. E preparemo-nos.
O Advento nos repõe nos caminhos da espiritualidade dos que creem com alegria. E isto significa: crer e confiar, ousar amar e agradecer. E agradecendo ao Deus que nos ama, reunindo-nos na Verdade de seu bem-querer.
Estas posturas de vida, virtuosas, pertencem a quem experimenta o renascer do Alto. Renascidos, cantamos a canção dos redimidos. Canção que, a sua vez, nos joga no campo da oração. E isso, hoje, em meio a crises: crise ética, crise de desapreços, crise de pertença. Antes de tudo, acima de tudo ao Amor e sua Verdade, revelados na criança da manjedoura. Renasce a Esperança. Renasce em nós o SIM de Maria: Seja. Aconteça. Fiat. SIM!
Advento: ocasião de graça, tempo favorável para o reencontro com o Desejo de Deus: dando-nos em Jesus, sua Palavra redentora. A Divina Criança vem nos trazer Paz. Pacífica, pois a vitória nos chega: vencer as pulsões de morte que circulam em nossa finitude.
Advento é para recriar “a alma”, celebrando o Natal de Jesus e revisando nossos descaminhos. Que entendamos melhor nossa identidade de cristãos! Reconfigurar nossa pertença como Igreja Católica, que nos mostra a real pertença de toda a humanidade, profetizando alternativas face às desumanizações.
Cristãos, nos passos de Jesus, seguidores Dele, precisamos concretizar: EU SOU, PORQUE SOMOS. Somos em conjunto. Pertencemos uns aos outros. Que desafio hoje nos está posto: redescobrir a dimensão de catolicidade. Igreja Católica.
O Advento quer reavivar em nós “a alma” do Natal de Jesus. Este alegrar-se com seu nascimento implica em certa contracultura, dizendo não ao racismo, não às discriminações, não ao ódio, não às guerras, não à pobreza, não à depredação do planeta. Vida em comunhão. Vida reconciliada.
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Deus nos abraça para que saibamos abraçar a todos. De braços dados, todos a caminho de construir fraternidade. Com Ele chegam o tempo e a temperatura das palavras redentoras, perfumadas de bem-querer.
Foi em 1929, próximo à chamada Revolução de 1930, neste nosso país de tantas antevésperas, que o poeta Jorge de Lima declarava:
Louvado seja este Jesus daqui,
Jesus camarada, Cristo bonzão,
a quem todo brasileiro ofende tanto,
contando sempre com seu perdão.
Vivamos este Advento de 2022 longe dos destemperos. Que o Sol da vida a nos chegar neste fim de ano civil, faça-nos Sal desta terra.
Advento: o tempo da esperança passa e nos leva a Ele, que vem a nós para nos redimir e resgatar. Veio na singeleza. Voltará em plena realeza do Senhor dos tempos.
Neste Advento persiste a indagação: A quem pertencemos?
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