Todos nós provavelmente já tivemos a experiência de ler uma parte da Bíblia e de fazer-nos as seguintes perguntas: “como posso interpretar corretamente essa passagem? O que quer dizer esse versículo ou essa passagem?”. Com várias interpretações possíveis, nos encontramos diante da possibilidade real de fazer uma interpretação correta da Bíblia, mas também de fazer uma interpretação errada dela. Quais são os perigos dessa interpretação errônea? E como posso evitar uma interpretação errada da Sagrada Escritura?
Leia MaisComo a Bíblia pode me ajudar com a ansiedade e depressão?Mês da Bíblia: faça a oração de encerramento do mês bíblico!Um primeiro perigo que há em uma interpretação errada da Bíblia é cair numa ideologia a partir da qual você não enxerga a totalidade da Bíblia e da realidade.
Um exemplo um pouco radical, mas que servirá para ilustrar este ponto, seria interpretar as palavras de Jesus: “Como é difícil a quem tem riquezas entrar no Reino de Deus" (Mc 10, 23), como prova de que quem for bem sucedido economicamente não pode ir para o céu.
Uma ideologia que pode surgir a partir dessa interpretação seria a de que todos os que são economicamente mais favorecidos são pessoas más e não há lugar para eles na Igreja.
Um segundo perigo de uma interpretação errônea da Bíblia, parecido com o primeiro, é cair numa espécie de fundamentalismo. Outro exemplo pode ser útil: quando Jesus diz: “Se teu olho te escandaliza, arranca-o e atira-o para longe de ti” (Mt. 18, 9), seria errado pensar que Jesus pede que, literalmente, arranquemos nossos próprios olhos.
O documento conciliar sobre a Revelação Divina (Dei Verbum, do Concílio Vaticano II), dá alguns critérios essenciais para a interpretação bíblica no número 12. Recomendo a leitura desse número do documento, que fala sobre a atenção que se deve dar à intenção dos autores sagrados, aos gêneros literários e aos diversos sentidos da Bíblia, e sobre a importância de ler a Bíblia em todo o seu conjunto, prestando atenção à unidade de toda a Escritura. Porém, aqui, gostaria de dar duas dicas simples que possam ajudar a “cumprir” com essas coisas mencionadas:
Em primeiro lugar, é muito importante usar uma Bíblia católica aprovada pela autoridade competente da Igreja e que tenha uma tradução de acordo com a Vulgata. Uma segunda dica, para complementar a primeira, é usar algum livro de comentários católicos da Sagrada Escritura. Recomenda-se muito usar comentários dos Padres da Igreja, dos santos, ou inclusive dos Papas. Esses livros de comentários ajudam muito para ler a Sagrada Escritura dentro de toda a tradição viva e rica da Igreja, que é um critério fundamental para se evitar uma interpretação errônea.
A leitura orante da Sagrada Escritura apresenta-se como um meio privilegiado e necessário para o crescimento espiritual de todo cristão e, para ter esse crescimento, é de suma importância a leitura correta dela, de acordo com a tradição da Igreja.
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