Muitas vezes rezamos pela paz no mundo, pedindo ao Senhor o fim das guerras e da violência, que ceifam milhares de vidas humanas. Pedimos também a Deus que ilumine os governantes, para que guiem as nações pelos caminhos da paz, construindo pontes de solidariedade entre os povos.
Leia MaisSalmo 91: louvor que traz confiança e paz ao coração!Papa Francisco convoca fiéis para a Jornada de Oração pela Paz hoje (27)Está muito bem que peçamos por isso! A paz, de fato, é um dom que Deus concede aos homens. Mas, antes mesmo de ser um dom de Deus aos homens, a paz é um atributo divino.
De acordo com o Antigo Testamento, Deus é paz! (Cf. Jz 6,24). Quando cria todas as coisas, e coloca o homem e a mulher no centro da Criação, a paz caracteriza as relações de cada pessoa humana com Deus e também entre eles (Cf. Gên 1, 4-31). Mas com a entrada do pecado no mundo, esta paz inicial é ferida, a partir da ruptura com Deus em que o pecado implica.
A raiz de todas as guerras e da violência que existem no mundo se encontra no pecado. Neste sentido, para ser construtor da paz, é necessário que nós mesmos percorramos um caminho de reconciliação, com Deus, conosco mesmos, com os nossos semelhantes e com todas as demais criaturas.
Essa paz da qual fala o Antigo Testamento, que é um atributo divino e da criação, tal como saiu das mãos de Deus, é oferecida a todos os homens em Jesus Cristo, cuja missão reconciliadora é resumida por João Batista: Ele é o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!
O Senhor Jesus oferece, antes e depois da sua Paixão, Morte e Ressurreição, o dom da paz aos seus discípulos (Cf. Lc 24, 36; Jo 20, 19-26). É uma paz dada não como o mundo a dá, diz Jesus, mas conquistada com a sua Páscoa, pela qual derruba o muro de separação que divide os homens.
A paz se encontra no coração do Evangelho e, por isso, ser construtor da paz implica o anúncio cotidiano desta mensagem de paz, o apostolado com os nossos atos e palavras.
“Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus” (Lc 5,9). Lembro-me que, em um retiro espiritual que fiz alguns anos atrás, me detive um pouco a meditar sobre esta bem-aventurança. E o fiz, seguindo uma dica de Bento XVI, lendo a vida de um santo, pois os santos são, segundo o Papa Emérito, os melhores intérpretes das Sagradas Escrituras.
Li a vida de São Damião, o apóstolo dos leprosos. A sua presença na Ilha de Molokai, construindo casas, capelas e até os caixões para os seus leprosos, é um excelente exemplo de construção da paz. A sua promoção da devoção eucarística, com procissões e cantos, criou em meio ao contexto difícil e penoso da vida dos seus paroquianos, ilhas de paz, espaços de encontro com Deus e de adoração.
Anos depois, o Padre Damião seria proposto pelo Estado do Havaí como um dos seus representantes no Capitólio, e pela Bélgica, seu país de origem, como o belga mais ilustre da história.
Nós podemos também ser construtores da paz em nossa família, em nossas comunidades de fé, promovendo também espaços de oração e, por que não, de adoração eucarística. Esses espaços são ilhas de paz no mundo de hoje. São momentos fortes nos quais o Espírito Santo trabalha em nossos corações, fortalecendo a nossa união com Cristo e entre nós.
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