“Quando Herodes percebeu que os magos o haviam enganado, ficou muito furioso. Mandou matar todos os meninos de Belém e de todo o território vizinho, de dois anos para baixo, exatamente conforme o tempo indicado pelos magos”. (Mt 2, 16)
Quando as coisas saem do controle, temos medo. E as consequências desse medo podem ser, e são muitas vezes, devastadoras. No dia em que a Igreja celebra o martírio das crianças que Herodes matou tentando acabar com a vida de Jesus, vale a pena repensar a maneira com que nós mesmos lidamos com os contratempos que a vida nos traz.
Massacres de crianças, longe de serem coisa do passado, continuam acontecendo, como nos lembram os casos de Realengo e Janaúba. Por que elas sofrem nas mãos dos adultos, que na verdade deveriam ser custódios de suas vidas?
Leia MaisSagrada Família de Nazaré, modelo de família unida diante das dificuldades Não é o momento de tentar investigar as motivações de cada um desses casos de massacres mais recentes. Isso até hoje parece estar sem resposta.
No caso de Herodes, no entanto, vemos que as Escrituras nos narram alguns dados que iluminam a situação.
Basicamente, ele não queria perder o seu poder para esse novo rei que havia nascido e que tinha atraído em adoração até alguns magos do oriente distante. Por isso, com todo o poder que dispunha, matou todas as crianças contemporâneas de Jesus. Uma solução terrivelmente prática que Herodes pôde fazer acontecer.
Voltando a questão do perder o controle. Herodes percebeu que crescia em seu reino uma ameaça a tudo aquilo que lhe era familiar. Era preciso reagir a essa ameaça. Todos nós, em diferentes situações, podemos acabar fazendo a mesma coisa. É muito natural e nem sempre implica algo de errado.
Se percebemos que estamos ficando doentes, procuramos a medicina para recuperar a saúde. Nada de errado. Mas a um nível mais profundo, existencial, quando, por exemplo, perdemos o emprego e junto com ele a esperança de uma vida estável, as coisas se modificam. Parece haver um certo grau de “fora do controle” da nossa vida que se torna intolerável.
É aí que mora o perigo. Porque quando as coisas estão fora do controle nesse nível mais profundo, parece que as regras do certo e do errado ficam mais turvas e se busca solucionar a situação de qualquer forma, abrindo espaços para abusos inimagináveis como o de Herodes.
Penso, por outro lado, que atualmente esse nível de “fora do controle” está cada vez mais fácil de alcançar. Isso porque sentimos cada vez mais facilmente que controlamos tudo desde a palma das mãos (nos celulares, por exemplo). Também porque há um certo frenesi de ser autônomo, de não depender de ninguém.
Assim, qualquer pequena rasteira que a vida nos dá é sentida como perda total, como fracasso na aventura por controlar a própria vida. Em um ambiente assim, parece ainda mais fácil que os abusos aconteçam.
Qual é o remédio para tudo isso?
Não é uma situação simples e as fórmulas mágicas não inspiram muita confiança. Mas lá no fundo, parece que encontramos um certo distanciamento da realidade. Qual realidade? A de que somos criaturas e não Deus. Isso implica que no nível mais profundo e importante, devemos reconhecer nossa total dependência do Deus criador.
Nós não nos demos o ser, mas o recebemos. Fundamentalmente, a nossa vida não está sob o nosso controle, sob o nosso poder. Não podemos, nesse nível, dispô-la como bem entendemos. E essa realidade profunda é como a raiz, que cresce e aparece nas partes mais superficiais como um tronco, galhos, folhas e flores. Se lá no fundo cortamos com essa dependência, isso vai se manifestar nos atos mais exteriores.
Essa questão da falta de controle certamente não responde a todos os meandros dessa realidade do abuso e massacre de crianças, mas me parece que ilumina em certa medida. Vale a pena refletir em como lidamos com tudo aquilo que foge do nosso controle e também em qual é o meu grau de intolerância com o incontrolável.
Talvez aí encontraremos algumas respostas para nossas vidas. E que Jesus, esse menino que vem e que, incontrolavelmente, muda toda a nossa vida, nos abençoe e nos ajude a viver a confiança nos planos de Deus, necessária para que o incontrolável não nos atropele.
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