Encontrei um jovem que vive o Evangelho por meio da caridade

Na juventude, é comum nos perguntarmos de onde eu vim e para onde vou. A vida parece tão decisiva quando se é jovem, é preciso ter um propósito na vida. São tantas áreas para se organizar sobre isso, e a espiritual é uma delas. O Santuário Nacional é um local que o devoto busca o olhar e o colo da Mãe Aparecida para buscar um norte ou reforçar suas decisões.

Para Gregory Czarneski, era um momento de alegria estar em Aparecida, celebrando a 53ª Romaria dos Vicentinos. Encontrei o rapaz de 19 anos por acaso enquanto caminhava na Tribuna Bento XVI rumo ao A12, após o fim da cobertura da missa no Altar Central. Avistei sua camiseta roxa com o logo “Juventude Ozanam” e resolvi pará-lo.

Minha intenção era entrevistá-lo sobre Pier Giorgio Frassati, o patrono vicentino que será canonizado em agosto, no Jubileu da Juventude. Porém, fiquei curiosa pelo homem que estampava a camiseta, que descobri ser o fundador da Sociedade São Vicente de Paulo, Antônio Frederico Ozanam.

“Eu me inspiro muito no Ozanam, porque ele olhou para a caridade não só como assistencialismo, mas como o sonho que Deus tinha para ele e para o mundo inteiro: criar uma rede universal de caridade”.

Vicentinos Brasil

Gregory explicou que o beato Ozanam soube ser um jovem que viveu e sonhou a fé em ação por meio das obras de caridade. “Ele sabia ver Jesus nos pobres. Ele sabia ter a fé dele por essas duas vias e eu acho que isso é essencial na vida de todo cristão, você sair da tua bolha e ver Jesus no pobre e você ter esse momento de introspecção e meditação para encontrar Deus no secreto”.

Frederico Ozanam viveu na França em um período em que uma pessoa era muito rica ou muito pobre. Caso não tivesse se indignado com essa situação, ele não teria se mexido. “Ele precisou da graça de Deus, que Deus tocasse o seu coração. E essa conversão foi gradual, mas foi algo que ele levou para a vida inteira”, conta Gregory.

Uma de suas belas frases é “a caridade está em todos os lugares e em todos os momentos; e esta coisa eterna é ao mesmo tempo supremamente progressiva, pois tem a característica de não se contentar com nenhum progresso, de não encontrar descanso, enquanto houver um mal sem remédio”.

Reprodução/SSVP Brasil

Sobre Pier Giorgo Frassati, Gregory disse que o principal atrativo que ele encontrou na Sociedade São Vicente de Paulo foi tirá-lo da zona de conforto, e isso acontece em cada jovem que vive o carisma vicentino. Pier Giorgio dizia “Cristo vem a mim todos os dias. E eu retribuo-lhe a visita, indo visitar os pobres”.

“Se você pegar os santos jovens, a maioria deles tem uma juventude transformada pela caridade”, recorda Gregory. “Carlo Acutis ajudava os mendigos e os carentes que moravam na cidade dele e o Pier Giorgio Frassati também.”

Reprodução/Aleteia

Enquanto Gregory falava, eu pensava: como pode um menino de 19 anos ter uma propriedade tão boa para falar tão bem dos santos? Tem uma história aí!

E tinha. Assim como os beatos vicentinos, Gregory sentia que era perigoso para ele acabar se perdendo no mundo e por isso, aos 16 anos, passou a frequentar a Juventude Vicentina de sua cidade natal, Araucária (PR), onde viu que faria algo pelos outros, preenchendo sua juventude em Deus.

Tudo começou aos 7 anos, quando pediu aos seus pais, evangélicos, para ser batizado. Aos 11, se converteu e teve um encontro pessoal com Deus.

“Eu comecei a estudar e eu cheguei à conclusão de que a Igreja Católica é verdadeira, que vale a pena ser católico porque aqui estão as perguntas mais profundas e as respostas mais verdadeiras. Talvez eu não saiba exatamente como vai ser o céu se eu vou pra lá, mas uma vida vivida por Jesus é o único tipo de vida que vale a pena, é o único tipo de vida com felicidade que realmente preenche o coração e que não algo descartável”.

Com uma resposta dessas, quando já estávamos andando para o Centro de Eventos Pe. Vítor Coelho de Almeida, onde os eventos da Romaria dos Vicentinos aconteciam e onde fica o A12, aproveitei para perguntar se ele queria ser padre, ao que ele respondeu que ainda estava em discernimento.

Quando chegamos ao CE, tirei uma foto dele para ilustrar a matéria e já tinha dado como completa a entrevista, mas conversamos rapidamente sobre como Jesus é jovem e que todos deviam se espelhar em seus atos e no amor. Ao nos despedirmos, ele me disse “procure compreender quem é Jesus pra você”.

Beatriz Nery/A12

Estou em busca dessa compreensão, que acredito ser algo que durante toda a vida precisamos entender o lugar de Jesus em nossa história, que é nada linear e fluída. Assim como encontrar um jovem que surpreende pelo amor que tem por Deus e aos pobres.

Eu precisava encerrar matéria e não sabia como, até que encontrei essa frase de São Vicente de Paulo que, acredito, exemplifica tudo:

““A nossa vocação não é ir a uma paróquia, nem só a um bispado, mas, é ir por toda a terra. Para fazer o quê? Abrasar os corações dos homens, fazer o que fez o filho de Deus que veio trazer fogo ao mundo para inflamar no seu amor.””