Antes de responder a nossa pergunta, é necessário entender o que é a tristeza. A tristeza é um estado emocional caracterizado pela sensação de desânimo, melancolia e descontentamento. É uma emoção que pode ser desencadeada por diversos motivos, como perdas, decepções, frustrações ou situações difíceis.
Todos nós, em momentos diferentes de nossas vidas, já nos sentimos tristes. Este sentimento pode fazer parte também de nossa jornada de fé e desde a experiência espiritual, ela pode ser um vício ou um caminho para crescer nas virtudes.
O Papa Francisco, através de suas catequeses sobre vícios e virtudes humanas, nos ajuda a aprofundar sobre a tristeza. Durante a Audiência Geral do dia 7 de fevereiro deste ano, o Santo Padre recordou que em relação à tristeza, os Padres do deserto desenvolveram uma distinção importante:
“Existe uma tristeza que é própria da vida cristã e que com a graça de Deus se transforma em alegria: esta, obviamente, não deve ser rejeitada e faz parte do caminho de conversão. Mas há também um segundo tipo de tristeza que se infiltra na alma e a prostra em um estado de desânimo; este segundo deve ser combatido”.
Segundo o que o Papa nos mostra, podemos dizer que na jornada da vida espiritual vamos nos deparar com a tristeza que nos leva a Deus e a tristeza que nos afasta dele.
Então, como saber se a tristeza é “boa” ou “má”?
São Paulo, na sua carta aos Coríntios (II Cor 7,10), nos mostra como podemos dizer discernir entre a tristeza “boa” e a “má”: “De fato, a tristeza segundo Deus produz um arrependimento para a salvação da qual ninguém se arrepende, enquanto a tristeza do mundo produz a morte.”
Portanto, devemos ter claro que a tristeza, que é parte do caminho da vida cristã, produz a contrição do coração e o desejo de voltar a Deus. Já a tristeza do mundo, como nos diz São Paulo, conduz ao desânimo e a falta de esperança, nos afastando da vida verdadeira que vem de Deus. É necessário estar atentos as disposições interiores que este sentimento provoca em nós, como Francisco continua nos ensinando:
“Essa tristeza é boa? Essa tristeza não é boa? Reaja de acordo com a natureza da tristeza. Não se esqueça de que a tristeza pode ser uma coisa muito ruim que nos leva ao pessimismo, que nos leva a um egoísmo que dificilmente pode ser curado”.
No livro “A arte de aproveitar as nossas faltas”, de José Tissot, podemos encontrar nos ensinamentos de São Francisco de Sales, uma grande ajuda para identificar o tipo de tristeza que estamos sentindo. Ele nos diz que o que sentimos é indício do tipo de tristeza que estamos vivenciando:
“Ora, o verdadeiro arrependimento é calmo, como todo sentimento inspirado pelo bom Espírito (…) o Senhor não está na perturbação. Onde começa a haver inquietação e perturbação, a boa tristeza é substituída pela má. A má tristeza” — continua — “deprime e perturba a alma, incute-lhe inquietação e exagerados temores, tira-lhe o gosto pela oração, esfria e aflige a mente, impede-a de tirar proveito dos bons conselhos, (…) Em uma palavra, é para a alma como um rigoroso inverno”.
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Lendo as palavras de São Francisco de Sales, podemos concluir que aquilo que vem de Deus, embora possa ser uma situação difícil, não nos tira a paz interior e nos leva a colocar nossas esperanças na misericórdia e no amor divinos. O que nos tira a paz deve ser combatido, pois nos leva a desconfiar da bondade de Deus e nos desanima.
Que ao aprender a reconhecer que tipo de tristeza estamos vivendo e a ressonância interior que ela tem em nós, possamos descobrir o verdadeiro caminho de encontro com Deus que nos ama e quer nos levar à verdadeira felicidade.
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