Espiritualidade

O que devemos aprender com Santa Marta e sua irmã Maria?

Camila Vilas

Escrito por Camila Vilas

29 JUL 2021 - 11H58 (Atualizada em 23 JAN 2023 - 10H59)

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As irmãs Marta e Maria, personagens da nossa reflexão, nos trazem uma pergunta essencial para a nossa vida de fé. O que é mais importante: A ação ou a contemplação/oração? Elas são ações opostas ou caminham juntas? Vamos descobrir o que estas duas irmãs têm para nos ensinar.

O encontro com Jesus

O relato desta passagem se encontra no evangelho de Lucas (Lc 10, 39-40). Vamos a ele:

“Estando Jesus em viagem, entrou numa aldeia, onde uma mulher, chamada Marta, o recebeu em sua casa. Tinha ela uma irmã por nome Maria, que se assentou aos pés do Senhor para ouvi-lo falar. Marta, toda preocupada na lida da casa, veio a Jesus e disse: “Senhor, não te importas que minha irmã me deixe só a servir? Dize-lhe que me ajude”. Respondeu-lhe o Senhor: “Marta, Marta, andas muito inquieta e te preocupas com muitas coisas; no entanto, uma só coisa é necessária; Maria escolheu a boa parte, que lhe não será tirada”.

Marta e Maria, irmãs de Lázaro, são parentes e discípulas fiéis do Senhor, que habitavam em Betânia. Ao ler as palavras do evangelho, vemos que Marta se ocupava dos afazeres e Maria, sentada aos pés de Jesus, se dedicava a escutá-lo.

As duas estavam preocupadas em acolher Jesus, que estava de passagem, da melhor maneira possível. Marta, vendo que o trabalho se acumulava e precisando de ajuda, pede a Jesus que repreenda a sua irmã, mas Jesus termina repreendendo a própria Marta por sua agitação, dizendo que Maria escolheu a melhor parte. O que quer dizer Jesus com este “puxão de orelha” a Marta?

O Papa Francisco, no oração do Ângelus em 21 de julho de 2013, nos ajuda a encontrar a resposta:

“Antes de tudo, é importante compreender que aqui não se trata da oposição entre duas atitudes: a escuta da palavra do Senhor, a contemplação, e o serviço concreto ao próximo. Não são duas atitudes opostas entre si mas, ao contrário, trata-se de dois aspectos, ambos essenciais para a nossa vida cristã; aspectos que nunca devem ser separados, mas vividos em profunda unidade e harmonia.

Mas então por que motivo Marta é repreendida, embora o seja com docilidade, por parte de Jesus? Porque considerava ela essencial só aquilo que estava a fazer, ou seja, encontrava-se demasiado absorvida e preocupada com as coisas a «fazer». Para o cristão, as obras de serviço e de caridade nunca estão separadas da fonte principal de cada uma das nossas ações: ou seja, a escuta da Palavra do Senhor, o fato de estar — como Maria — aos pés de Jesus, na atitude do discípulo. É por isso que Marta é repreendida.”

Quem sou eu? Marta ou Maria?

Considerando o que Papa Francisco nos diz, podemos fazer um exame de consciência e perguntar-nos se a nossa oração fundamenta e alimenta a nossa ação ou se a nossa ação é apenas uma repetição de atividades. É importante ressaltar que, em um mundo tão agitado, quase nunca temos tempo para refletir sobre nossas ações.

Então, podemos concluir que se faz muito necessário perguntar o quanto de Marta ou Maria encontramos em nós e o que devemos fazer para que a oração ilumine e sustente a ação, fazendo com que elas caminhem juntas.

Peçamos a Deus que, na nossa vida cristã, a oração nos leve a uma ação que esteja sempre cheia do amor de Cristo. Que seguindo o exemplo de São Bento, possamos rezar e trabalhar (ora et labora) motivados pelo encontro com Jesus intimidade da oração.

Escrito por:
Camila Vilas
Camila Vilas

Jornalista, musicista e leiga consagrada da Fraternidade Mariana da Reconciliação, cuja sede no Brasil fica em Niterói – RJ. Realizou diversos trabalhos missionários no Peru, Colômbia e Equador.

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Por Redação A12, em Espiritualidade

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