“Porque a quem tem, será dado mais, e ele terá em abundância. Mas, a quem não tem, será tirado até mesmo o que tem” (Mt 25,29)
No Evangelho de São Mateus, proclamado no último domingo (19), Jesus utiliza uma parábola muito conhecida, na qual um homem partindo para uma viagem confiou seus bens para três servos.
Leia MaisAs parábolas de Jesus: os convidados para o banqueteAs parábolas de Jesus: O filho que diz sim ao Pai Para um deu cinco talentos, para outro deu dois, e para o terceiro deu apenas um talento. E Cristo deixa claro que os bens foram distribuídos “segundo a capacidade de cada um”. (Mt 25,15)
Aqui vale a pena uma explicação sobre o 'talento', que no Antigo Testamento era uma medida de peso usada pelos hebreus para medir ouro, prata, chumbo, ferro, cobre, entre outros metais. Já na época de Jesus, o 'talento' era uma moeda, assim como explica o missionário redentorista Padre Inácio Medeiros.
“Mais do que uma moeda, o 'talento' correspondia a uma riqueza. Para se ter uma ideia, um talento valia mais ou menos 30 quilos de prata, ou seja, você estava recebendo um valor significativo e muito alto”.
Ao voltar de viagem, o patrão veio prestar contas com seus funcionários: o primeiro que tinha cinco, rendeu mais cinco talentos, o segundo que recebeu dois talentos, rendeu mais dois. O administrador, feliz, celebrou aos funcionários dessa forma: "Muito bem, empregado bom e fiel. Foste fiel no pouco, eu te confiarei muito. Vem alegrar-te com teu patrão!" (Mt 25,23)
O último, que recebeu apenas um talento, tinha o escondido no chão, por medo do seu senhor e quis devolvê-lo. O patrão irado, tirou o talento e deu ao que tinha rendido dez e jogou o servo infiel na escuridão. “Aí haverá de chorar, rangendo os dentes” (Mt 25, 30).
Como rendemos as riquezas que Deus nos entregou?
Nesta parábola Jesus não fala do dinheiro em si, mas dos bens que Ele nos entrega, e principalmente a nossa vida. Em meios às dificuldades e tribulações, sempre achamos que Deus nos deve algo a mais, mas na verdade nós é que somos devedores.
Deus nos dá vida, saúde, inteligência, discernimento, livre arbítrio, entre outros bens para multiplicá-los segundo nossas capacidades. Como servos fiéis, estamos trabalhando para multiplicar esses valores, ou estamos como o último servo, escondendo esses dons por medo?
Na homilia para o 7° Dia Mundial dos Pobres no último domingo (19), o Papa Francisco nos faz recordar como está a viagem de nossa vida e de como podemos multiplicar os dons que Deus nos dá.
“Podemos multiplicar o que recebemos, fazendo da vida uma oferta de amor pelos outros, ou então podemos viver bloqueados por uma falsa imagem de Deus e, com medo, esconder debaixo da terra o tesouro que recebemos, pensando só em nós mesmos, sem nos apaixonarmos por nada além das nossas comodidades e interesses, sem nos comprometermos”.
Francisco ainda nos ensina que é necessário multiplicar o amor com nossos irmãos e irmãs a partir da evangelização que Jesus ensinou com sua passagem terrena e a vida eterna.
“Mas, antes de partir, confiou-nos os seus bens, os seus talentos, um verdadeiro capital: deixou a Si mesmo na Eucaristia, a sua Palavra de vida, a sua santa Mãe como nossa Mãe, e distribuiu os dons do Espírito Santo para podermos continuar a sua obra no mundo.
Tais talentos são concedidos a cada qual, segundo a sua capacidade e, naturalmente, para uma missão pessoal que o Senhor nos confia na vida quotidiana, na sociedade e na Igreja. O mesmo afirma o apóstolo Paulo: 'a cada um de nós foi dada a graça, segundo a medida do dom de Cristo. Por isso se diz: Ao subir às alturas, levou cativos em cativeiro, deu dádivas aos homens'" (Ef 4, 7-8).
Precisamos sempre ter em nossos corações que o Senhor voltará de viagem e nos vai pedir as contas sobre nossos bens. Ninguém vai escapar deste encontro.
E que a partir da leitura deste texto possamos revisar a vida e impulsionar nossas forças para sermos melhores a cada dia. Pela graça e o amor infinito de Deus, que sejam multiplicados os talentos que Ele nos confiou, para que ao fim da nossa vida o Senhor nos chame para nos alegrar junto Dele!
Padre Inácio nos fala mais sobre esta parábola
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