Pe. Pedro Cunha: Vocação é "SER", não "fazer"

O tema do Redação A12 ao vivo desta semana são as vocações. A jornalista Polyana Gonzaga recebeu o Padre Pedro Cunha, da Diocese de Lorena, para falar sobre o tema.

Quem nunca se perguntou o que quer da vida? Quero ser jornalista, médico, dentista... ou padre. O Papa Francisco já disse, em muitos de seus discursos, que a vocação é um chamado. Mas como atender a este chamado? Pe. Pedro explica que "a vocação está no nível do 'ser'. Já a profissão está no nível do 'fazer'. Então, uma maneira de ajudar alguém a descobrir sua vocação é, em primeiro lugar, ajudá-la a se enxergar e entender o que Deus lhe pede para fazer com as ferramentas que Ele mesmo lhe deu", diz.

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Falando sobre essas "ferramentas" dadas a cada um por Deus, para que façamos aquilo para o qual fomos criados, o padre explica que algumas servem para finalidades muito específicas, como o celibato, por exemplo.

"Se você não tem a ferramenta, você não consegue ser quem deseja ser e nem fazer o que deseja fazer. Na 'caixa de ferramentas' do padre, por exemplo, está a dedicação total ao outro, que é dada pelo celibato. Se não tenho esta ferramenta, possivelmente então, este não é o meu chamado", explica.

Sobre o autoconhecimento, essencial para o discernimento vocacional, Padre Pedro assinala que é indispensável e fundamental, durante toda a vida. "A vocação, quando a gente a descobre e passa a vivê-la, não está pronta. A gente sempre está a caminho", pontua.

A respeito da importância do papel dos pais no processo de discernimento vocacional, o sacerdote diz que é preciso respeitar a individualidade de cada um e entender o que seu filho ama fazer em primeiro lugar. "É como apaixonar-se por alguém. Você sente e passa a viver de forma diferente, visando aquele objetivo", compara.

O padre também destaca que, principalmente no exercício da vocação, o egoísmo pode ser o maior obstáculo, porque o cerne de uma vocação é exercer uma atividade para a qual fomos chamados a servir ao outro.

O sacerdote também deu orientações sobre como ajudar os jovens a encontrarem seu lugar na Igreja, observando aquilo que gostam de fazer e indicando atividades relacionadas às suas preferências.

Ano do Laicato

Dentro da temática das vocações leigas, Padre Pedro explica cada uma: matrimônio, maternidade, paternidade e outras. "O chamado, a vocação ao matrimônio engloba, essencialmente, o desejo de construir uma sociedade nesta célula chamada família", pontua.

Já em relação à vocação sacerdotal, Padre Pedro diz que "é quando não sobra espaço dentro de mim para outra coisa, a não ser servir a Deus na pessoa do outro". Ele também dá seu testemunho sobre como descobriu a própria vocação ao sacerdócio: "Eu estava sentado na varanda da casa da minha tia e o bispo tinha ido celebrar uma missa na cidade. Eu fiquei escutando ele falar e, depois, ele passou com o carro em frente à casa da minha tia, parou e me perguntou: 'Você não quer ser padre? Procure o Padre Rezende!", relata. "Desde o dia em que decidi ser padre, nunca coloquei isto em xeque. Desistir de ser padre é desistir da minha existência, de quem eu sou. Posso deixar de fazer tudo o que eu faço, mas não posso deixar de ser padre", completa.

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