Que tal santificar nossa vida neste novo ano?

No início de ano, é comum a proposta pessoal de começá-lo a partir de novas decisões em diferentes aspectos da vida: reorganizar horários, (re)iniciar atividades, abster-se de outras…

Também na área espiritual, é saudável a disposição de recomeçar em bases melhores e, neste sentido, São Josemaría Escrivá, por exemplo, propõe o seguinte: lutar contra os pecados veniais, acordar e levantar na hora certa, meditar diariamente por algum tempo, lembrar de fazer todo dia o exame de consciência, e perseverar no trabalho.

Note-se que nem todos estes pontos estão diretamente relacionados a uma atividade religiosa. Será?

Leia MaisSaiba porque cadastrar seu grupo na Romaria do Terço dos HomensRomaria do Terço dos Homens promove a esperança em peregrinarO que significa a santificação da vida?

Exceto em vocações particulares para a mística, oração, etc. Todos os santos, a começar por Jesus, Maria e José, experimentaram de forma muito prática a essência da vida religiosa, isto é, a Caridade — o amor verdadeiro vivenciado nas realidades banais da vida.

Assim com São Josemaria Escrivá, também Santa Teresinha do Menino Jesus, com a sua proposta da “pequena via”, e São Bento, na sua Regra Monástica (dentre todas estas considerada a mais equilibrada), indicam a disposição adequada para isto.

São Bento indica, assim, que a louça comum seja lavada — um serviço normal e necessário, por amor a Deus e ao próximo — com uma reverência semelhante à da limpeza dos cálices sagrados. Ou seja, mesmo na mais intranscedente atividade podemos e devemos nos santificar, fazendo por amor, ainda que a menos valorizada das obras.

A “pequena via” não é outra coisa senão indicar que não são necessários (e muitas vezes nem desejáveis, se o motivo for vaidade ou orgulho) grandes feitos e empreendimentos para ser santo diante de Deus; nem todos têm vocação para fundadores de ordens e instituições religiosas, para vidas missionárias em lugares distantes e perigosos, para uma vida de duríssimas mortificações físicas ou espirituais. 

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Ao contrário, a imensa maioria das pessoas, e dos fiéis, tem como vocação principal o casamento, a família, o trabalho (honesto), o seguimento das orientações da Igreja. De Nossa Senhora, nosso maior exemplo, diz São Luís Maria Grignion de Montfort* que “… Ela deu mais glória a Deus, pela menor de suas ações, por exemplo, fiando na Sua roca, dando um ponto de agulha, do que um São Lourenço estendido na grelha, por seu cruel martírio, e mesmo que todos os santos, por suas mais heroicas ações…”*.

Dito de outra forma, a santidade só é verdadeira quando alcançada nas lidas do dia a dia, sejam elas de grande vulto diante dos homens, seja em qualquer trabalho esquecido. Santa Luzia era empregada doméstica. São Roque era mendigo. E já São Luis de França era rei. Santo Ivo era advogado, Santa Maria Goretti, uma criança.

Qualquer vida Deus quer santificar, todas as almas quer salvar. A santidade divina de Cristo está encarnada na Sua vida humana, e assim também deve ser a nossa humanidade. Que a Trindade e todos os santos nos abençoem neste ano, para descobrirmos e fazermos, em cada mínima atividade diária, a vontade salvadora e (única) portadora de felicidade que o Pai nos quer dar.

* MONTFORT, São Luís M. G. 1897. Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem. 15a ed., Petrópolis, Vozes, 320 p. 215.

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