Espiritualidade

Santa Clara de Assis: profundamente apaixonada por Deus

João Antonio Johas Leão (Arquivo pessoal)

Escrito por João Antônio Johas Leão

09 AGO 2021 - 00H00 (Atualizada em 07 AGO 2024 - 15H22)

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Dvande/ Shutterstock
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Santa Clara de Assis foi filha espiritual de São Francisco de Assis e fundadora das chamadas freiras clarissas, que vivem em um grande espírito de oração, espalhadas em mosteiros pelo mundo afora.

Toda sua vida nos mostra uma pessoa profundamente apaixonada por Deus e que deixou tudo, apesar das resistências sofridas, para estar apenas com Ele.

Com ela podemos aprender muitas coisas, mas gostaria de refletir três aspectos em que ela nos ilumina com sua vida de santidade.

O primeiro deles é o risco corrido em nome do Senhor. Santa Clara era de família nobre, mas não encontrava a paz que tanto desejava seu coração.

Escutava com muita atenção os sermões de São Francisco, que faziam esse amor a Deus crescer cada vez mais, até que chegou o dia em que ela decide entregar-se de vez ao Senhor e foge da casa paterna.

Ela, que supostamente tinha tudo o que era necessário para viver, larga tudo isso para se dedicar à vida religiosa. Que coragem a dessa mulher!

Materialmente falando, ela tinha tudo a perder, mas lembremos daquela frase do Evangelho que diz: “De que adianta ganhar o mundo todo e perder a sua alma”? (Mc 8,36). Certamente, era a alma de Santa Clara que se sentia perturbada enquanto ainda não tinha se entregado ao Senhor.

O segundo aspecto aparece depois de aceitar esse risco, a luta que teve de travar com sua própria família. Não apenas quis ser pobre, mas teve que lutar para sê-lo. Parece até uma contradição em uma sociedade que luta com unhas e dentes para ter cada dia mais.

O pai teve muita dificuldade em aceitar a vocação de Clara e tratou de trazê-la de volta, usando inclusive a força. Foi somente ao ver a cabeça já raspada de sua filha que percebeu que ela já pertencia totalmente ao Senhor.

Leia MaisPor que Santa Clara é a padroeira da Televisão?"Arriscar-se pelo Senhor como Santa Clara é visto como um investimento que não vale a pena, pior ainda se para isso teremos que ir contra as pessoas que nos rodeiam”. 

A Irmã de Clara, Inês, também saiu da casa dos pais alguns dias depois da irmã e foi ao seu encontro, querendo viver também uma vida dedicada ao Senhor.

Ela também sofreu sua parcela de perseguição da família e teve que lutar pela sua vocação. Esse fato já ilustra o terceiro aspecto que gostaria de ressaltar, que a santidade arrasta, gera santidade. A começar pela mesma Clara, que foi fortemente influenciada pelo grande São Francisco.

Vemos como o ambiente de santidade é propício para o florescimento dessas almas especialmente enamoradas por Deus.

Isso tudo fica ainda mais claro se pensamos na quantidade de filhos espirituais que possuem São Francisco e Santa Clara. Quantas pessoas, quantos santos, não foram e continuam sendo inspirados e tocados pela maneira particular de amar a Deus desses grandes santos!

Atualmente, vivemos em uma época que parece se esquecer cada vez mais de Deus. Várias são as preocupações do mundo e as suas “urgências”, que nos dificultam viver uma vida autêntica, profunda, espiritual. Arriscar-se pelo Senhor como Santa Clara é visto como um investimento que não vale a pena, pior ainda se, para isso, tivermos que ir contra as pessoas que nos rodeiam. Deus está perdendo o espaço nos corações dos homens.

Mas é exatamente por isso que os santos, como Santa Clara, continuam sendo exemplo para o homem que hoje quer ser realmente feliz. Todos que vivem no mundo, embriagados por ele, experimentam também que, embora possuam muito, não possuem a paz que desejam. E não tenhamos dúvidas: muitas dessas pessoas largariam tudo se lhes fosse mostrado onde encontrar o que de mais profundo desejam os seus corações.

Santa Clara, São Francisco e todos os santos intercedem para que as pessoas encontrem em Jesus essa paz. Mas também nós somos chamados a santificar-nos cada vez mais, para que todos possamos encontrar também em nós esse testemunho de uma vida feliz e reconciliada.

Escrito por:
João Antonio Johas Leão (Arquivo pessoal)
João Antônio Johas Leão

Licenciado em filosofia, mestre em direito e pedagogo em formação. Pós-graduado em antropologia cristã e entusiasta de pensar em que significa ser cristão hoje.

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