“E se eu fizesse o mesmo que fez São Francisco e o que fez São Domingos?”
Essa era a pergunta que rondava na cabeça de Inácio, quando começou a ler sobre a vida de Cristo e de alguns santos. Ele sempre gostou muito de ler sobre feitos heroicos de homens ilustres, mas a leitura dos santos produziu em seu espírito algo que não havia experimentado ainda.
Enquanto meditava sobre as coisas desse mundo, sentia um grande prazer, mas quando deixava essas considerações, por cansaço, ficava triste. Por outro lado, ao pensar em ser como os santos, se enchia de satisfação e quando deixava de pensar, permanecia alegre.
Ele demorou um tempo para perceber essa diferença, mas ao final das contas, essa foi a primeira conclusão que tirou das coisas divinas: “Pensar nas coisas de Deus produz uma alegria que permanece, que é duradoura”. E essa foi a base sobre a qual construiu tudo o que ensinou sobre o discernimento dos espíritos.
Em certa ocasião, alguns discípulos perguntaram a Jesus onde ele morava, porque queriam conhece-lo melhor. Jesus então respondeu: “Vinde e vede” (Jo 1, 39). Esse convite de Jesus está aberto até hoje, para qualquer pessoa que queira saber melhor quem Ele é. E se Lhe concedemos essa chance de se revelar em nossa vida, vamos ter a mesma experiência que teve Santo Inácio. Vamos perceber a diferença que existe entre viver para as “coisas do mundo” e viver para as “coisas de Deus”.
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"Para Inácio, a amizade que tem no centro o Senhor Jesus é fundamental na vida daquele que pretende seguir o Seu caminho".
Essa é uma experiência pessoal, o que significa que cada um precisa vive-la existencialmente, em primeira pessoa. Somente assim vamos entender como Deus realmente responde aos nossos desejos mais profundos.
A espiritualidade inaciana: contemplação na ação
Hoje, dia em que celebramos esse Santo tão importante para a Igreja e para o mundo, podemos dar mais uma vez a chance de que Deus nos mostre a verdade sobre quem Ele é.
Que possamos descobrir, como Santo Inácio, o prazer pelas coisas de Deus e pelo ideal mais nobre de viver a vida como verdadeiros cristãos. Por que não podemos também fazer o que fizeram Santo Inácio, São Francisco ou São Domingos?
Uma das coisas mais importantes na espiritualidade de Santo Inácio era a comunidade. Ele foi fundador dos Jesuítas, uma comunidade muito importante na história da Igreja.
Para Inácio, a amizade que tem no centro o Senhor Jesus é fundamental na vida daquele que pretende seguir o Seu caminho. A amizade em Cristo possibilita o crescimento no ideal de vida cristão. Sem amigos, é impossível ser verdadeiramente um seguidor de Jesus.
Naquela época, existia uma corrente teológica muito especulativa, que acabou separando a vida prática de cada dia das reflexões teológicas, que somente alguns conseguiam realizar. Santo Inácio tentou conjugar as duas coisas, em uma espiritualidade que era “Contemplativa na ação”. Isso significa buscar a Deus em todas as coisas diárias, saber que Ele está presente em todos os momentos da nossa vida, e não só nos pensamentos especulativos.
Também hoje, numa sociedade que está sempre correndo de um lado para o outro, na qual falta tempo para tudo, inclusive para Deus, é importante uma espiritualidade de ação, que possibilita fazer de todos os nossos gestos concretos uma oração, até chegar a fazer de toda a nossa vida uma liturgia contínua, respondendo ao chamado de Jesus de “orar sem jamais desanimar” (Lc 18,1).
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