São Francisco de Assis é uma figura muito conhecida pelos católicos. Padroeiro dos animais e das pessoas carentes, é o responsável pelo nome do atual Papa. O Santo Padre, comentando o porquê da escolha desse nome, disse:
“Foi por causa dos pobres que pensei em Francisco. Depois, enquanto o escrutínio prosseguia, pensei nas guerras, e assim surgiu o homem da paz, o homem que ama e protege a criação, com o qual hoje temos uma relação que não é tão boa.”
Sua vida, apesar de ser do século XII, pode ser recolhida em diversos livros a seu respeito. Nesse texto, gostaria de comentar sobre 3 aspectos da vida de Francisco que podem iluminar as nossas próprias vidas. Certamente, sua santidade foi um marco na história da Igreja e pode ser também, na história de cada um de nós.
1. Ninguém é perfeito. Será?
No primeiro aspecto, gostaria de aproximar esse santo a experiência humana de todos nós, especialmente dos jovens. São Francisco não nasceu santo; na verdade, ele se parecia muito com muitos jovens de hoje que, apesar de se dizerem católicos, levam uma vida que não concorda com o que professam. Era de família rica, comerciante, e gostava de gastar esse dinheiro com roupas caras, bebidas, extravagâncias em geral. Se comenta, no entanto, que tinha uma índole bondosa.
Será que Francisco pensava, como muitos hoje podem pensar, que era uma boa pessoa? “Eu não faço nada de muito errado, inclusive ajudo os mais pobres quando tenho tempo! Com certeza sou bom, digo, tenho uns erros aqui e acolá, mas quem é perfeito?” Eu não sei se o santo pensava algo por esse estilo, mas vendo suas atitudes desde fora, poderia ser. Eu conheci algumas pessoas nos dias de hoje, que pensam exatamente assim.
E a vida vai passando, para o jovem Francisco e para cada um de nós. Em suas buscas por honra, glória, poder e riqueza, participou de várias guerras, até que, em uma delas, foi feito prisioneiro durante alguns meses. Depois de preso, retornou a Assis e voltou para a antiga vida que levava. No entanto, devido ao inverno rigoroso que enfrentara nos meses em que esteve preso, ficou muito doente.
Fisicamente ele se recuperou, mas algo dentro dele nunca mais foi o mesmo. E aqui entro no segundo aspecto. Deus quer algo a mais de mim. E Ele sempre encontra a maneira de falar isso para cada um de nós. Com Francisco, foi preciso a prisão e a doença para ele perceber que a sua vida não era tão feliz assim. Começou a perceber a superficialidade do que vivera até então, começou a perceber esse vazio espiritual essa falta de sentido na vida.
Esse momento de crise é muito importante na vida de todos nós. Uma crise não é algo necessariamente ruim; o que determina se a crise foi boa ou ruim é o seu resultado. No caso de Francisco, foi muito boa. A partir dali, ele começou a buscar algo que realmente o realizasse, algo que não fosse vazio, algo pelo qual realmente valha a pena viver.
Não preciso dizer que na vida de cada um existem muitas crises. Mas como as entendemos? Como momentos em que posso aprender para ser melhor, para descobrir o que realmente eu quero na vida? Ou como momentos em que eu preciso, de qualquer maneira, fazer com que esse sentimento ruim acabe, talvez com mais bebidas, mais extravagâncias, mais de tudo aquilo que estou começando a perceber que não me realiza?
O comprometimento com essa busca interior pela verdade, pelo que me faz realmente feliz é um ótimo primeiro passo, mas não é o suficiente. Francisco começou a se perguntar: “Que é que Deus quer de mim então?” E é essa a resposta que Deus queria dar. O terceiro aspecto é deixar que Deus fale.
No meio dessa busca pela felicidade, Francisco sai para fazer um passeio nos arredores da cidade e lá encontra um leproso. Ele sempre teve uma certa repugnância com essas pessoas, mas dessa vez foi diferente. Ele apeou do cavalo e cobriu o enfermo com suas próprias roupas. Talvez tenha sido a primeira vez que realmente praticou a caridade, e isso o emocionou como nada antes tinha conseguido fazer. O que estava diferente dessa vez? Francisco estava diferente! Ele já estava nesse processo de busca, e Deus ajuda quem está perdido assim. Deus quer que sejamos felizes. Ele sempre mostra o caminho que nos conduz a felicidade.
Depois disso, Deus falou em um segundo momento com Francisco, por meio de um crucifixo, em um episódio muito conhecido. Aí, Ele disse: “Francisco, quero que reconstruas minha Igreja.” E foi o que ele fez. Nas aforas da cidade, existia uma igrejinha que estava toda acabada e Francisco, pedra por pedra, se colocou a reconstruí-la.
Pode ser que Deus não nos fale por meio de um crucifixo. Mas não nos deixemos desanimar ou enganar. Ele fala! Nós é que precisamos dispor o coração melhor para ouvir. Se pergunte em que etapa da vida você está. Você está no meio da crise, sem saber muito bem o que fazer? Ou será que já entendeu que precisa de algo melhor na sua vida? Talvez já tenha, inclusive, começado a ver algumas respostas de Deus. Não nos deixemos desanimar se não escutamos Deus falando do jeito que gostaríamos.
A jornada de Francisco não terminou com a reconstrução da Igreja. Esse era só o começo. Deus queria que ele ajudasse na reconstrução da Igreja inteira. Nós também não sabemos com certeza tudo o que Deus quer de nós. O único que podemos fazer é ir respondendo com generosidade aquilo que Ele vai mostrando dia a dia. E, pouco a pouco, esse horizonte vai ficando maior e vamos entendendo a verdadeira missão que Deus tem para cada um de nós.
De uma coisa, no entanto, podemos ter certeza. Nem nos melhores sonhos de realeza, de nobreza, de fama e de riqueza de Francisco, ele seria tão feliz e faria tanta gente encontrar o caminho de sua própria felicidade, quanto no caminho da pobreza que Deus tinha elegido para ele.
Que São Francisco de Assis interceda por cada um de nós, na nossa própria busca interior por conhecer a vontade de Deus, por conhecer o Seu plano de amor para cada um de nós!
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