Espiritualidade

São João Crisóstomo, o “da boca de ouro”

João Antonio Johas Leão (Arquivo pessoal)

Escrito por João Antônio Johas Leão

10 SET 2021 - 00H09 (Atualizada em 13 SET 2023 - 08H34)

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No dia 14 de Setembro de 407, morria João, chamado de Crisóstomo, junto ao túmulo de São Basílio.

Depois de uma vida totalmente entregue a Deus no serviço pastoral ao seu povo, como em um testamento espiritual, exclamava: “Glória a Deus por tudo.” Assim, ele deixava claro que, para ele, o fim último da sua existência, o sentido da sua vida estava em glorificar a Deus.

O seu apelido, Crisóstomo, que significa 'boca de ouro', é uma maneira de reconhecer a importância de toda a eloquente obra que esse santo homem deixou para a Igreja. O Papa Bento XVI, em uma audiência geral, disse:

“Os seus escritos permitem também a nós, como aos fiéis do seu tempo, que foram repetidamente privados dele por causa dos seus exílios, de viver com os seus livros, apesar da sua ausência.”

Pelas obras de São João Crisóstomo, podemos conhecer um pouco mais Deus. Aliás, essa era missão que ele tinha na Terra. Num certo momento de sua vida, ele resolveu fazer um retiro do mundo, para se dedicar exclusivamente à meditação e a oração.

Foram seis anos nos quais ele cresceu enormemente na sua fé e no seu conhecimento de Deus. No sexto ano do seu retiro, ficou gravemente doente e, para recuperar-se, teve que voltar à cidade. Alguns dizem que Deus enviou essa doença para que ele pudesse voltar e viver a sua verdadeira vocação de pastor.

Na verdade, ele se sentia chamado a ser pastor e, depois dessa experiência intensa de encontro com Deus, seu interior ardia por anunciar a todo o mundo o que ele tinha encontrado. Na sua época, uma das principais heresias que atacavam a verdadeira doutrina era o Arianismo, que negava a divindade de Cristo.

São João transmitiu a doutrina segura da Igreja de maneira esplendorosa.

São João Crisóstomo, próximo da morte, escreveu que o valor do homem consiste no “conhecimento exato da verdadeira doutrina e na retidão da vida" (Carta do exílio, de Bento XVI)

Essa mesma experiência que viveu João Crisóstomo, de encontro com Deus e anúncio disso que se encontra, somos chamados, cada um dos cristãos, a também viver. Talvez não possamos nos retirar por seis anos para ter esse encontro tão profundo com o Senhor, mas todos temos a necessidade de momentos de retiros espirituais para alimentar o nosso espírito com a Palavra de Deus e com a Eucaristia. E fruto desse relacionamento pessoal com Deus é o apostolado que somos chamados a fazer.

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O conhecimento da fé tem que nos levar a viver em coerência com essa mesma fé. O Papa Bento XVI lembrou que “São João Crisóstomo, próximo da morte, escreveu que o valor do homem consiste no “conhecimento exato da verdadeira doutrina e na retidão da vida" (Carta do exílio).

Essas duas coisas, o conhecimento da verdade e a retidão na vida, precisam caminhar juntas: "O conhecimento deve traduzir-se em vida.

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E essa fé, de acordo com São João, precisa ser passada desde a infância. De fato, ele dizia que a infância é a etapa mais importante na educação da fé, porque é justamente nesta primeira fase da vida que podem entrar realmente no homem as grandes orientações que dão a perspectiva justa à existência.

De maneira muito simples e bonita escreveu Crisóstomo: "Precavei as crianças desde a mais tenra idade com armas espirituais, e ensinai-lhes a persignar a fronte com a mão."

É claro que a educação na fé não se reduz a que as crianças saibam fazer o sinal da cruz, mas algumas vezes já me deparei com algumas que estavam um pouco perdidas e sem graça, porque não sabiam ainda fazer esse sinal. A fé se passa de geração em geração e nós somos responsáveis por fazer com que a nossa fé chegue à fé da próxima geração. Como estamos ajudando nesse sentido?

Que neste dia em que celebramos esse Santo homem, o “da boca de ouro”, possamos também nós renovar o nosso espírito para que deseje cada vez mais se encontrar com o Senhor e que, desse encontro, saiamos a anunciar para todos esse Deus que encontramos, de maneira especial às crianças e aos mais necessitados, para que também a eles chegue a mensagem do Senhor. Dessa maneira, também nós, daremos glória a Deus com uma vida santa!

Esse é o fim último da nossa própria vida.

Escrito por
João Antonio Johas Leão (Arquivo pessoal)
João Antônio Johas Leão

Licenciado em filosofia, mestre em direito e pedagogo em formação. Pós-graduado em antropologia cristã e entusiasta de pensar em que significa ser cristão hoje.

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