Se temos liberdade e somos chamados a ser livres, filhos e filhas do Pai celeste que a todos ama e nos quer fraternos, faz-se indispensável uma consciência lúcida que vai se remodelando à medida da amplidão de estarmos neste mundo.
É das entranhas de nossa espiritualidade um incessante despertar para. Sobram consciências adormecidas. A consciência é qual ciência interior de nós mesmos e da realidade na qual imersos, somos relações. A realidade e os outros nos habitam e respondemos a estas presenças. Como? Criamos laços, por vezes damos nós cegos. Embaralhamos a convivência no que temos de pior. Assim, consciência é percepção que adere a valores para fazer suas melhores escolhas. Esta adesão a valores depende de nosso projeto de vida. Não há, pois, como escapar da exigência de uma consciência desperta e atenta, atingindo nossas emoções. E educá-las segundo o que vale a pena.
Consciência desperta nos enobrece, uma vez que, em estado de alerta, fazemos nossas escolhas. Toda consciência é moral. A ética dos valores que cultivamos! Nos sustentamos e vivemos por valores. Se assim não for, vegetamos. Somos seres éticos. Longe de nós a superficialidade. Ser ético é como uma respiração: estrutura de nosso sentir, escolher e atuar. A consciência compõe, é parte de, as relações que sustentamos com os outros, a casa comum, a realidade social. Pois bem, consciência ética se coloca face a Deus, a criação e a nossa casa comum, face à cidade em que moramos. A consciência nos prende ao Mistério do ser, conviver, amar e criar sociedade.
Olhando os sinais, podemos nos dar conta de que vivemos uma revolução das consciências ou de sua falta. CONSCIÊNCIA CRÍTICA, a que interpreta os acontecimentos e avalia-os à luz do amor com que somos amados por Jesus. Ele veio para nossa plenificação. Ele nos pede mudar nossos esquemas de percepção da realidade e nossos modos de lidar com Deus-amor. Mudando-nos. Aderindo aos valores do Reinado de Deus conosco. Somos gente de conversão.
A consciência desperta nos remete à opção fundamental da vida: sou quem a serviço de quê, indo para onde? O que me legitima viver e me dignifica? Qual valor possuem as atividades a que me dedico? Dominar é o que menos vale. Partilhar vale muito. Uma tensão: competir ou cooperar? O Amor a estilo de Jesus redime-nos de acomodações, desloca nossos projetos de só querer gozar a vida. A vida é trabalhar criativamente, amar e servir, desfrutar e adorar. Vale ser saudável e santificar-se. A luz da Fé é um olhar sobre a realidade, percebendo por onde passam os caminhos de Deus, Seu plano de Amor, Seu bem-querer...
Leia MaisCaim e Abel: a fraternidade fracassadaSomos pessoas que se renovamInsistindo: Consciência desperta é o modo como a cada fase da vida nos conhecemos, reconhecemos uns aos outros e decidimos atuar. Juntos também em tantas situações. A consciência crítica conhece seus critérios para discernir o falso do verdadeiro, o que faz viver e o que mata chances de vida e mais vida. Que tudo faça sentido humanizador, resgatando as diferenças, riquezas do viver.
A consciência crítica possui critérios para avaliar o real e impede que alguém só enxergue e atue a partir dos filtros de sua classe social, sua cor, seu oficio, seu sexo, seus medos e desejos, sua religião. O cristão de consciência lúcida e crítica é a antítese da inconsciência e das estereotipias, preconceitos.
A vida sem a lucidez do ver-julgar-atuar passa a ser vivida no automatismo de seus filtros, sem perceber que filtra a realidade, o que a distorce certamente. Isso desfibra nossa humanidade. Faz-nos indiferentes às desigualdades. Machuca o ser cristão se centrar em padrões dos modismos de época, nada evangelizados.
Que sua consciência, leitora e leitor, encaminhe seus passos, sob a luz do amanhecer para novos tempos!
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