Educar para a virtude sempre será uma tradição inovadora, e não um tradicionalismo caduco. Aristóteles, em seu 'Ética a Nicômaco', afirma que “a virtude é uma disposição de caráter relacionada com a escolha” (Livro II, 6). A busca incessante de métodos, técnica e teorias para melhor educar nos coloca, muitas vezes, em um emaranhado que pode dificultar e fragilizar nossa capacidade deliberativa de fazer escolhas.
Se eu escolho ser reto, vou pronunciar e executar a retidão. “Diante de ti ponho a vida e ponho a morte. Mas tens que saber escolher” (Dt 30, 19). Fazendo escolhas erradas, educaremos para a fragilidade, para a superficialidade e para a fatalidade. Se escolhemos educar para a construção de bases sólidas, temos o compromisso de viver virtuosamente e educar para a virtude, com palavras e exemplos.
“Aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática é semelhante a um homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha." (Mt 7,24). Edificar a casa sobre a rocha é escolher, sem reservas, uma educação permanente para a virtude. Nisto consiste o mais eficiente método, a mais inovadora tendência educacional, a mais interessante técnica pedagógica, a mais profunda e transparente proposta educativa. "Ocupai-vos com tudo o que é verdadeiro, nobre, justo, puro, amável, tudo o que há de louvável, honroso, virtuoso ou de qualquer modo mereça louvor" (Fl 4,8).
Não é difícil encontrar nos dicionários sinônimos para a palavra vício: mania, perversão, pecado, depravação, defeito, incorreção, hábito. Qualquer comportamento contrário ao bem e ao bom é escolha do vício e rejeição à virtude. Ensina o Catecismo da Igreja Católica:
A virtude é uma disposição habitual e firme para fazer o bem. Permite à pessoa não só praticar atos bons, mas dar o melhor de si. Com todas as suas forças sensíveis e espirituais, a pessoa virtuosa tende ao bem, procura-o e escolhe-o na prática. "O objetivo da vida virtuosa é tornar-se semelhante a Deus." (§1803)
Leia MaisEducar para a 'mimesis' da VerdadeO mal promovido pela ausência da virtude é performático, ou seja, se disfarça para não ser reconhecido. Ele se dissemina, se alicerça e se consolida por muitas vias.
Pode ser identificado através do relativismo, que coloca cada um como dono da própria verdade, destruindo as verdades perenes; do niilismo, que impõe a ausência de sentido na existência, promovendo o ceticismo e a dissolução dos valores; do ateísmo, que prega e promove a nossa existência sem a necessidade de Deus; do laicismo, que rejeita e combate a influência religiosa.
Em se tratando de buscar promover um projeto educativo para as virtudes, essas vias são algumas das grandes correntes do conhecimento que, ao longo dos tempos, minam o cotidiano, semeiam o mal e tudo fazem para combater o bem. Elas questionam, atacam e dissolvem com os princípios da Verdade. Aquela Verdade que ensina a “construir a casa sobre a rocha”, que é a ressonância daqueles que escolheram a virtude e que “ouviram as Palavras e as puseram em prática”.
O Catecismo também ensina que a educação prudente ensina a virtude:
A educação da consciência é uma tarefa de toda a vida. Desde os primeiros anos, alerta a criança para o conhecimento e a prática da lei interior reconhecida pela consciência moral. Uma educação prudente ensina a virtude, preserva ou cura do medo, do egoísmo e do orgulho, dos sentimentos de culpabilidade e dos movimentos de complacência, nascidos da fraqueza e das faltas humanas. A educação da consciência garante a liberdade e gera a paz do coração. (§1784)
Uma sociedade cada vez mais balizada nas teorias que se intitulam de “teorias de desconstruções” necessita de uma tradição inovadora, que faça frente com as “teorias das construções sólidas”. Eis que educar para a virtude é uma proposta concreta. E, para isso, é necessário buscar cada vez mais nos formar nesse tema. O Catecismo da Igreja Católica (especialmente a Terceira Parte, Primeira Secção, Capítulo 1, Artigo 7) dedica-se ao ensinamento sobre a Virtude.
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