Espiritualidade

Uma "vida boa" se baseia no amor a Deus e ao semelhante

Escrito por Redação A12

26 SET 2013 - 10H28 (Atualizada em 22 JUN 2022 - 10H15)

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Dentro do relativismo, muitos querem vida “boa” mas sem a bondade ética e moral, ou o compromisso com a vida digna e com valores mais elevados. Confundem o bem com o bem estar momentâneo, nem sempre baseado em atributos que tornam a pessoa realmente humana e de ideal buscado na altivez de caráter e no bem comum, assim como em valores inerentes à dignidade da vida e da comunidade. O profeta Amós recrimina: “Os que bebem vinho em taças e se perfumam com os mais finos unguentos e não se preocupam com a ruína de José... o bando dos gozadores será desfeito” (Amós 6,6.7).

"O ser humano é chamado a fazer a vida boa, na convivência do amor, conforme a vida e o ensinamento do Filho de Deus". 

O apóstolo Paulo orienta Timóteo para uma vida íntegra e sem mancha, como testemunho da verdade de Cristo (Cf. 1 Timóteo 6,11-16). De fato, Jesus mostra um caminho diferente ao da correnteza dos instintos. A vida boa se baseia no amor a Deus e ao semelhante. Exige doação de si pelo bem do semelhante, compromisso com valores eternos e que elevam a dignidade humana. Leva a pessoa até à renúncia ao comodismo, ao sacrifício de si pelo bem do outro, à superação dos desejos que impedem a realização do compromisso com a verdade, a honestidade, a dignidade da vida e da pessoa humana, da família, do sexo, dos empobrecidos e de todos os que vivem uma vida sem sentido...

Sem saber carregar a cruz das dificuldades e dos desafios, para viver realizando o bem conforme as coordenadas da justiça fundamentada na verdade de Deus e dos valores inerentes à vida, a pessoa não é capaz de ter a vida boa em qualidade plena. Santo Agostinho lembra que o ser humano não é feliz de verdade enquanto não se encontrar com Deus.

O exemplo de despojamento do Filho de Deus nos chama atenção para a fragilidade de quem fixa o objetivo da vida no que é transitório e circunstancial. Confundir a vida boa só com o prazer momentâneo diminui amplamente a realização humana. O que é material e prazer instintivo é bom, mas dentro de coordenadas que os faça ser usados com parâmetros de responsabilidade ética, apresentados dentro do quadro inerente à natureza criada por Deus e também por Ele explicitado na lei divina.

Muitos valores da vida humana não podem ser relegados só porque também o são considerados pelas verdades religiosas, como, por exemplo, o aborto. Outros valores também são explicitados pela religião, mas são, antes dessa, já inoculados na própria natureza humana e devem ser respeitados.

Na parábola do homem rico e de Lázaro, temos o grande ensinamento da vida “boa” do primeiro, que já teve na terra sua recompensa (Cf. Lucas 16,19-31).  Quem sabe usar da vida terrena, vivendo como imagem e semelhança de Deus, cuida da convivência humana e da natureza, como o Criador cuida de todo o universo. A comunidade das pessoas divinas forma uma só unidade de amor. O ser humano é chamado a fazer a vida boa, na convivência do amor, conforme a vida e o ensinamento do Filho de Deus.

Ele nos deu sua vida. Quando também damos a nossa para tornar o planeta mais justo e humano vemos a bondade da vida de sentido. Só quem dá de si pelo bem comum, conforme os valores apresentados por Deus vai colher frutos de plena realização humana. Como é bom vermos pessoas de grande altivez moral por saberem lutar na vida em vista de valores perenes!

 

Dom José Alberto Moura, CSS
Arcebispo Metropolitano de Montes Claros
Presidente do Regional Leste 2

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