Formação

Por que o Domingo de Ramos antecipa a narração da Paixão de Cristo?

A Liturgia deste domingo nos prepara espiritualmente para viver toda a Semana Santa

Escrito por Luciana Gianesini

13 ABR 2025 - 12H00 (Atualizada em 13 ABR 2025 - 12H19)

Ao iniciar a Semana Santa com o Domingo de Ramos, a Igreja celebra com intensidade dois momentos marcantes da vida de Jesus: a sua entrada triunfal em Jerusalém e, em seguida, a narração da sua Paixão.

Mas por que antecipar o relato da morte de Cristo, se essa memória central é celebrada de modo solene na Sexta-feira Santa?

A resposta está na pedagogia litúrgica da Igreja, que deseja conduzir os fiéis ao mistério pascal de forma gradual, consciente e participativa. Ao proclamar a Paixão no Domingo de Ramos, a Liturgia nos introduz no clima da Semana Santa, preparando o coração dos fiéis para os acontecimentos que serão recordados ao longo dos dias seguintes.

O Missal Romano afirma:

“Nesta Missa comemora-se a entrada do Senhor em Jerusalém para consumar o seu mistério pascal. Por isso, em todas as Missas, faz-se a memória desta entrada do Senhor, mediante a procissão ou a entrada solene…” (Missal Romano, Domingo de Ramos, n. 2).

Logo após essa entrada triunfal, porém, a Liturgia proclama o Evangelho da Paixão. É como se a Igreja nos dissesse: o caminho da glória passa pela cruz. A aclamação de “Hosana” logo cede lugar ao grito de “Crucifica-o!”. Esta transição rápida nos lembra a fragilidade das nossas decisões e o chamado à fidelidade.

No Evangelho de Lucas, por exemplo, vemos que Jesus, ao se aproximar de Jerusalém, “chorou sobre ela” (Lc 19,41), antecipando o sofrimento que viria. Sua paixão não foi um acidente, mas parte do plano salvífico de Deus.

Renata Sedmakova / Shutterstock
Renata Sedmakova / Shutterstock

O Catecismo da Igreja Católica nos ensina que:

“A entrada messiânica de Jesus em Jerusalém manifesta a vinda do Reino que o Rei-Messias, acolhido na cidade por ‘crianças e humildes de coração’, vai consumar pela Páscoa da sua Morte e Ressurreição” (CIC 570).

Portanto, a proclamação da Paixão no Domingo de Ramos tem caráter pastoral e espiritual. Nem todos os fiéis participam das celebrações durante a semana, especialmente da Sexta-feira Santa. Ao ouvir a narração da Paixão no início da semana, toda a comunidade é convocada a mergulhar no Mistério da Cruz e a entrar na dinâmica da entrega total de Jesus.

Contudo, é importante lembrar: a Paixão de Cristo não é o fim da história. Toda a Semana Santa aponta para a Ressurreição, o centro da nossa fé. Como diz São Paulo, “se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa fé” (1Cor 15,17). Celebramos a cruz, sim, mas como caminho que leva à vida plena. A Liturgia da Semana Santa, culminando na Vigília Pascal, nos revela esse caminho de luz.

Viver bem a Semana Santa significa, portanto, acompanhar Jesus em sua entrega, mas com os olhos e o coração voltados para a manhã da Ressurreição.

Que cada momento desta semana seja vivido com intensidade: participando das celebrações, fazendo silêncio interior, ajudando o próximo e rezando com mais fervor. Mas, sobretudo, que mantenhamos firme a fé na vitória de Cristo sobre a morte. Que a cruz seja para nós sinal de esperança, e não de desânimo. E que, ao final desta semana, possamos proclamar com alegria e verdade: “O Senhor ressuscitou verdadeiramente! Aleluia!”

.:: Confira a programação completa da Semana Santa no Santuário Nacional e participe conosco!

Fonte: Catecismo da Igreja Católica/ Missal Romano

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